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Manipulação de imagens femininas
Por por Rosana Leite Antunes de Barros
01/03/2018 - 16:08

Foto: arquivo

Mulheres se aprisionam em imagens. A busca pelo corpo escultural, sem nada que as "macule", tem sido o ideal de beleza. Os Photoshops denunciam que o belo é estar em perfeição.

 

No livro da norte-americana Naomi Wolf, intitulado "O mito da beleza", a autora é catedrática: "A obsessão com a estética feminina não é uma obsessão com a beleza feminina, e sim com a obediência feminina". O tal padrão que se busca vai às raias do absurdo.

 

A cintura deve ser fina. O rosto não pode apresentar rugas ou marcas de expressão com a idade. A barriga deve estar trincada. A lei da gravidade não pode atingir aos seios, pois, caso contrário, há necessidade de entrar em ação os famosos silicones. Os dentes não podem amarelar, mesmo com anos de chá e café. As bochechas devem ser enxutas. As celulites e estrias devem ser extirpadas. A medicina avançou assustadoramente. Na atualidade, só envelhece quem não tem condições financeiras ou saúde para os tratamentos.

 

As celebridades postam nas redes sociais corpos quase irreais, mas, que são referências para serem copiados. E quando as fotografias não saem da forma desejada, um clique no computador ou celular poderá deixar perfeita para exposição. A ficção passa a ser realidade.

 

E pensando nessa escravidão criada, surgiu a campanha publicitária pedindo o fim de manipulação de imagens femininas na mídia. Maria Ribeiro, fotógrafa, convivendo constantemente com essa maneira de escravizar, relatou à revista Galileu: "Vi a construção dessas mulheres. As modelos fotografadas já eram muito próximas dos padrões estéticos, mas, além disso, eram maquiadas de forma invasiva, sob uma luz forte e tinham suas imagens manipuladas no Photoshop.

 

"A profissional passou dois anos fotografando mulheres ao natural e em preto e branco, desenhando em seus corpos a palavra que para elas equivalia ao feminismo, escritas de batom. Assim, surgiu a campanha "Não use Photoshop em mim", que possui o objetivo de mostrar o corpo real da mulher.

 

As celebridades postam nas redes sociais corpos quase irreais, mas, que são referências para serem copiados

As variadas formas de controle, além de tirarem a liberdade, expurgam a felicidade. É possível vislumbrar figuras divulgadas que inexistem. As modelos acabam desconfiguradas. As imagens "ao vivo" nem de longe correspondem com a realidade.

 

Sem contar o tempo que se gasta à cata da perfeição corporal, como se existisse. Não será possível alcançar o ilusório. A prática acaba por se tornar uma "bola de neve", ou, um projeto sem fim. As mulheres sofrem muito mais com a problemática. Porém, o gênero masculino começa a sentir na pele a vontade de ser perfeito, ainda que em pequena escala. Homens e mulheres se inspiram em bonecas para que as cirurgias plásticas possam satisfazer o desejo.

 

As doenças fazem coro. Depressão, ansiedade, distúrbio alimentar e mental, são algumas enfermidades a se tratar com a "novel" mania de se embelezar. A autoestima desaparece, pois, sempre se encontrarão corpos a perseguir.

 

A mídia deve ser feita de representatividade. O mundo real é sempre muito bem-vindo. A história de cada Ser Humano é composta por etapas bem definidas, incluindo no aspecto corporal. As mulheres carregam consigo longos anos de sabedoria, pois, com elas, responsabilidades a conquistar no seio familiar.

 

Sua Excelência, a Realidade, precisa estar no mais alto pedestal...

 

ROSANE LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual

 
 
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