Num prazo curtíssimo, assistimos ao Brasil desmoronar todas as suas instituições. Principalmente, as públicas, arquitetadas sob a jurisdição de uma Constituição Federal destemperada.
Vê-se os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, apêndices como o Ministério Público, Tribunal de Contas, morrendo de inanição por falta de conteúdo social.
Vê-se as universidades federais com seus custos milionários afundando na mediocridade ideológica ou na arrogância acadêmica. Vê-se empresas estatais presas nas ferragens do desastre operacional.
Vítimas do uso político-partidário e da corrupção, correspondente traduzidos na ausência de justificativa para a sua existência.
Vê-se o corporativismo dos interesses setoriais que se ligam o Estado com a sociedade pela única vertente da extorsão nos impostos recolhidos.
Vê-se o assalto parlamentar aos cofres públicos, com um retorno de serviços de baixa qualidade e de pouco comprometimento com a sociedade. Nos níveis federal, estadual e municipal. Inutilidades consagradas.
Vê-se o Poder Judiciário sepultado atrás das pilhas de processos mal resolvidos, servindo como bela justificativa pra o discurso enferrujado “nós trabalhamos demais”.
Como se trabalhar ainda fosse a regra portuguesa do Brasil colônia, quando trabalho era o castigo dos deserdados pobres.
Vê-se o Poder Executivo com uma afiada caneta assinando gastos e carimbando papéis, no desespero de respirar, afogado na des-razão pra sua existência.
Veem-se todos os apêndices desse Leviatã de Hobes, chamado Estado, sugando tudo como um insaciável aspirador gigante de poder infinito sobre uma sociedade deseducada, incapaz de se mobilizar.
Vê-se, por outro lado, a exaustão das entidades públicas e privadas. Morrem afogadas sob o peso dos entulhos que elas mesmas construíram, ao longo de tanto tempo.
Ainda bem que morrem. No lugar nascerá algo melhor. Pior não poderá ser!
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.