Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, as regras para se obter uma Carteira Nacional de Habilitação, são: ser penalmente imputável, saber ler e escrever e possuir os documentos pessoais. Ou seja, os surdos e mudos após as avaliações devidas, também estão perfeitamente aptos a possuírem a sua CNH – Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir para carros e motos, que será emitida com a restrição X ( no campo observações). E isto realmente tem acontecido apesar de pouco divulgado. Aptos a dirigir e somam ao total no Brasil, a quantia de 10 mil. O que nos faz inferir que muitos desconhecem seu direito ou o consideram em demasiado burocrático.
Mas antes ainda quero fazer uma observação: existe diferença entre surdos e deficientes auditivos. A identidade surda vale-se da LIBRAS, intérpretes enquanto os Deficientes Auditivos necessitam de aparelhagem, oralização e integração a comunidade ouvinte. Por isso vejo a imperiosidade de se obter conhecimentos básicos sobre educação bilíngue e aspectos gramaticais da Língua Brasileira de Sinais, para garantir respeito e comunicação com a comunidade surda.
Não obstante, é imperioso buscar uma situação mais equânime para o cidadão cacerense com deficiência auditiva, para que todos tenham a almejada dignidade, educação e atenção merecidas. Por isto a importância de se divulgar mais a legislação como um todo e o que se faz em prol desta parcela da população.
Urge promover uma sociedade que requer equilíbrio entre o lado racional e o sensível do cidadão. Assim sendo os estigmatizados e excluídos, a priori, devem ser reconhecidos como membros cidadãos com as suas responsabilidades, direitos e deveres, para que ao final, o binômio deficiência/sociedade vislumbre um real conceito, aplicado a um povo com índole democrática e inclusiva. E isso pode ser fomentado em todas as áreas do conhecimento humano, e um dos maiores exemplos disso, que eu conheço, é o do cantor Flávio Otoni. O carismático artista, abraçou a missão de popularizar a Língua Brasileira de Sinais, com o intuito de tornar o tema “inclusão” uma realidade concreta. Como auxílio da zootecnista Cibele Otoni, sua irmã, conseguiu transformar a “segunda voz”, em leveza, graça, movimentos sutis e encantamento. Os dois, em suas apresentações, sintetizam na música “Assunto Preferido” uma homenagem a mãe Leila Fátima Otoni de Oliveira, que de repente não conseguiu ouvir o choro de seu rebento, quando de tenra idade, mas que, com certeza e desde sempre, entende muito bem o que cada lágrima quer efetivamente dizer. E sua música, vai delicadamente dizendo justamente assim: “ Ta vendo que eu te amo? – E ainda duvida de quê ? Se eu me perco na curva do seu sorriso!
Rosildo Barcellos,
Articulista