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Médicos suspendem trabalhos de partos no Hospital São Luiz por falta de insumos e registram Boletim de Ocorrência Policial
Por Sinézio Acântara
18/06/2021 - 18:35

Foto: arquivo

   Dezenas de grávidas da região Oeste do Estado estão, há mais de 24 horas, na fila de espera para realização de serviço no parto no Hospital São Luiz, em Cáceres. O procedimento foi suspenso pelos médicos por falta de insumos.         Uma das funcionárias que não quis se identificar – temendo represália por parte da direção -, disse que existem aguardando na fila de espera 33 grávidas.

     Algumas gestantes são de risco e outras estão passando da hora de ganhar o bebê, sem que aja previsão para realização do procedimento. Mãe de uma das pacientes que estão na fila de espera disse que a situação é desesperadora. E, que na tarde de hoje (sexta-feira), a direção do hospital começou a dar alta para as gestantes, mesmo sem a realização do parto.

        “Minha filha está internada desde 4ª-feira. Primeiro eles disseram que não tinha anestesista. Agora alegam que não tem material e mandaram ela de volta para casa. O médico disse que já está passando da hora de ela ganhar o bebê” lamentou a dona de casa Elizabete da Silva Oliveira. A comerciantes Dalva Maria, disse que sua cunhada tem gravidez de risco e que mesmo assim não foi feito o parto.

        Para se isentar de responsabilidade, por quaisquer complicações, os médicos plantonistas registraram um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia.

         Eles informaram que “estamos impossibilitados de realizar nossas atividades profissionais devido à falta de insumos” e que “prezando pelo bem-estar e segurança dos pacientes comunicamos que continuamos de plantão. Porém, sem condições de realizar o bom exercício da medicina”. Os médicos disseram que não existem no hospital luvas, máscaras, seringas, anestésico, equipo para infusão venosa, roupa para o setor privado até campos cirúrgicos.

  

            A direção do hospital diz em nota que foi surpreendido pelo aumento expressivo de demandas nos últimos dias e que opera com sobrecarga de atendimento na sua maternidade. E que, somente nesta manhã, 33 pacientes estavam em atendimento. Veja a íntegra da Nota abaixo, no final da matéria.

Intervenção  

         Antes referência regional no atendimento pelo SUS, o Hospital São Luiz, desde que passou a ser administrado pela Pró-Saúde, em janeiro de 2019, tem sido alvo de uma série de denúncias de irregularidades. Inclusive, devido as deficiências estruturais, administrativas e financeiras, em novembro de 2020, o Ministério Público (MP) solicitou a intervenção do Estado, na unidade.

          O promotor Rinaldo Segundo enviou “despacho” ao Escritório Regional de Saúde, solicitando a realização de estudo para a intervenção. Contudo, com a transferência do promotor da comarca o pedido foi engavetado.

Sindicância 

       O Conselho Regional de Medicina (CRM/MT), no mês de maio, instaurou uma Sindicância de Ofício no hospital. O procedimento de nº 45/2021 visou apurar uma série de denúncias, entre elas: falta de médicos, medicamentos, equipamentos, má qualidade de alimentação à pacientes, falta de pagamento de funcionários demitidos, entre outros.

       A sindicância foi informada à Câmara Municipal, no dia 18/05 pela corregedora Ligia Higaki Murakami. O anúncio foi feito, diretamente, ao poder Legislativo porque, foi em razão de uma reunião realizada na sede do parlamento, no mês de fevereiro, onde surgiram as inúmeras denúncias contra a empresa Pró-Saúde, gestora da unidade. Porém, não se tem notícia do resultado do trabalho

  

Novo contrato

      A esperança seria que com a aditivação do contrato entre o hospital e a Secretaria de Estado de Saúde, no início do ano, com um acréscimo de 24,65% passando de R$ 24.564.527,72 para R$ 30.619.681,20 um reajuste de mais de R$ 6 milhões anuais, ou R$ 504.596,26 mensais, haveria uma melhora na prestação dos serviços. O que, conforme a Comissão de Saúde da Câmara, não aconteceu.

NOTA 

      O Hospital São Luiz (HSL) informa que foi surpreendido com aumento expressivo de demandas nos últimos dias e opera com sobrecarga de atendimento na sua maternidade. Somente nesta manhã, 33 pacientes estavam em atendimento.

      A maioria das pacientes reside na região de Cáceres, o que sugere redução na oferta de vagas e serviços em cidades vizinhas.

       Vale ressaltar que o município não dispõe de leitos próprios, portanto os atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS) são realizados por meio do Hospital Regional, unidade estadual, e do São Luiz, que possui convênio com o Estado, sendo a única maternidade de alto risco de Cáceres e região.

       No momento, os profissionais estão dando prioridade para os casos graves, que é a referência do HSL. A unidade busca redimensionar o seu estoque de insumos e materiais à nova realidade.

       Somente nesta semana, o São Luiz realizou ao todo 15 cirurgias e 26 partos (cirúrgicos e normais). Mesmo com as adversidades, a unidade vem trabalhando veementemente para prestar serviço de qualidade para população do oeste mato-grossense e cidades da fronteira da Bolívia.

 

 

 

 

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