De acordo com diretor da unidade, alguns servidores já fazem uso de remédios controlados e outros começam a desenvolver quadro clínico de depressão
A rotina de trabalho e as obrigações de um policial penal dentro das unidades prisionais de Mato Grosso vão muito além de abrir e fechar celas e entregar refeições aos reeducandos. Considerada uma das profissões mais perigosas do mundo, a segurança dentro das penitenciárias coloca em teste contínuo tanto a saúde física quanto a psicológica dos servidores, que passam a maior parte dos seus turnos na companhia de mentes criminosas e pessoas de alta periculosidade.
No Centro de Detenção Provisória de Pontes e Lacerda (distante 450 km de Cuiabá), unidade projetada para receber até 185 reeducandos, mas que atualmente conta com 246 pessoas (32% acima do recomendado), os profissionais que trabalham no local relatam que não é oferecido nenhum tipo de acompanhamento para preservar a saúde psicológica e mental. De acordo com o diretor regional do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen-MT), Lorivaldo Januário de Souza, existem vários profissionais abalados psicologicamente por causa das atividades, o que interfere também na rotina de trabalho.
“Nosso trabalho exige atenção total e a todo o momento. Vigiar o que acontece dentro e fora das unidades prisionais, evitar fugas, impedir a entrada ilegal de produtos ilícitos e muitas vezes lidar com pessoas perigosas. Há um ambiente de tensão e estresse contínuo dentro das unidades. Temos vários servidores que estão passando por problemas psicológicos e inclusive fazendo uso de medicamentos controlados. Alguns estão afastados e ainda assim não contam com nenhum apoio”, explicou.
Ele acredita que o acompanhamento de um profissional da área possa contribuir para que haja suporte para novos casos que venham a surgir. “Estamos desamparados pelo Estado em relação a este acompanhamento, que consideramos imprescindível para a profissão. Acredito que isso melhoraria até mesmo a qualidade de vida dos servidores, o que consequentemente melhoraria o rendimento no trabalho”.
Segundo o Sindspen MT, os plantões na unidade deveriam conter ao menos 12 policiais penais, mas isso dificilmente acontece, por conta dos afastamentos, férias e licenças.