A população brasileira está envelhecendo, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022. Em dez anos, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características Gerais dos Moradores. Esse número só tende a crescer e, em alguns anos, a pirâmide etária brasileira estará invertida, com mais pessoas adultas e idosas do que jovens e crianças.
Para chegar bem à “melhor idade”, profissionais da saúde recomendam uma vida com boa nutrição, hidratação e atividades físicas regulares. “Entretanto, os idosos precisam estar ativos não só fisicamente. Eles precisam socializar, conviver com a família e amigos em atividades como, por exemplo, musicoterapia, jogos, coral, e se sentirem ativos na sociedade”, explica Graziela Milanello, médica geriatra do Hospital Santa Rosa.
E quem melhor para nos ensinar a envelhecer bem do que os próprios idosos? Zilda, 66 anos, Valério, 74 anos, Valtemir, 64 anos, e Osvaldo, 77 anos, se reuniram com a gente e conversaram sobre essa fase da vida. Os quatro participam do Cuidar+, serviço integrado de assistência ao idoso do Hospital Santa Rosa.
O padre Osvaldo Scotti acredita que conviver bem com as pessoas ajuda muito. “Administro uma paróquia com 16 comunidades e 70 mil pessoas. Até tentam me parar, mas não vou ficar só jogando dominó e baralho”, afirma, rindo. Ele acredita que ter um ambiente acolhedor em comunidade e em família é fundamental.
A oportunidade e o direito de uma pessoa descansar depois de anos de trabalho foram apontados como benéficos pela professora Zilda Maria de Queiroz. No entanto, ela alerta para a necessidade de políticas públicas para os idosos. “Depois que você se aposenta, sai do círculo de pessoas com quem convivia, muitas vezes com uma renda menor. Então, é preciso que sejamos vistos também pelo poder público, com programas e projetos”.
Dona Zilda tem quatro filhas adultas e netos – que vivem nos Estados Unidos, onde ela pretende morar dentro de algum tempo. Por enquanto, no Brasil, gosta de cuidar das plantas e se exercitar na academia. “Não são os cabelos brancos que definem se você é velho. Se você tem cabelos brancos, mas uma alma feliz, empática, solidária, você é jovem”, afirma.
A trajetória de vida determina como se chegará à velhice, é o que acredita o professor Valtermir Chocolate Aparecido da Silva. “Nós somos o que plantamos em nossa juventude. Uma boa alimentação, atividades físicas, boas amizades, a genética, tudo conta para estarmos bem e ativos nesta idade”. Ex-atleta, ele ainda tem muito “gás” para trabalhar em seu rancho, com cavalos e muares.
Benedito Valério da Conceição trabalhou por muitos anos no Hospital Universitário Júlio Müller. Há 11 anos está aposentado, mas não parou: vive em uma chácara onde tem produção de frutas (que transforma em polpas para suco), cuida das galinhas, dos peixes, das flores. “Eu tive a benção de conviver por 47 anos com minha esposa, que já partiu. Agora, busco fazer tudo com alegria, confiando em Deus. Na verdade, me sinto jovem, acho que ainda vou envelhecer”, brinca.
(Foto: assessoria)
Cuidar+
Os quatro colegas se encontraram com a reportagem a convite do Cuidar+, programa do Hospital Santa Rosa que dá assistência integral a pacientes idosos. O serviço ocupa um andar em um edifício do bairro Santa Rosa, com diversos tipos de atendimento dedicados aos idosos. O foco é a prevenção e para isso existe uma equipe multidisciplinar com geriatras, dentistas, psicólogos e profissionais de outras especialidades.
Ao chegar no Cuidar+, o paciente é acolhido por uma enfermeira “navegadora”, responsável pela integração de todas as informações sobre o paciente e encaminhamento a diferentes médicos. O idoso relata seu quadro clínico e a enfermeira organizará todo o atendimento.
Dicas de ouro!
Zilda, Valério, Valtemir e Osvaldo fizeram uma lista com dez dicas para quem planeja amadurecer de bem com a vida. Confira:
1. Cuidar da saúde
2. Conviver em um ambiente familiar agradável
3. Sentir-se útil
4. Ter contato com a natureza
5. Pensar em cada fase como uma experiência de vida
6. Ter atenção ao que “planta” durante a vida
7. Fazer atividades físicas
8. Manter amigos
9. Fazer atividades divertidas, como dança e aulas
10. Aprender coisas novas
(Da Assessoria)