Ao todo, 320 aves silvestres foram mortas nesta quarta-feira (6) por uma decisão do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), em razão do risco da disseminação do vírus da gripe aviária. Na semana passada, o Governo de Mato Grosso decretou estado de emergência zoossanitária por 180 dias.
Os pássaros haviam sido resgatados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na segunda-feira (4), durante uma fiscalização na BR-163, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, portanto, dentro do período de risco de disseminação da doença.
O abate foi realizado em uma clinica veterinária de Sorriso, por médicas veterinárias do Indea.
As aves são da espécie “Canário Venezuelano” e estavam sendo transportadas em oito gaiolas com destino a São Paulo (SP), onde seriam comercializadas.
Após a apreensão pela PRF, os pássaros foram encaminhados para a clínica veterinária particular, que possui convênios com a SEMA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente), com a concessionária Via Brasil e com a Nova Rota do Oeste, onde são encaminhados animais apreendidos ou feridos.
Os animais foram abatidos dentro de um contêiner, por três médicas veterinárias, técnicas do Indea, no pátio da clínica, localizada no bairro Centro Norte de Sorriso.
Conforme a nota enviada pelo instituto, o abate dos pássaros foi necessário por ser a entrada de aves sem procedência sanitária, o que é um risco para a saúde humana e também a dos plantéis avícolas de Mato Grosso.
Sobretudo diante do atual estado de emergência sanitária em que se encontra o país, frente a influenza aviária – doença altamente infecciosa de rápida disseminação e que causa altos prejuízo a saúde humana e a economia. (Confira nota na íntegra ao final da reportagem)
Tentativa de manter as aves vivas
Segundo a zootecnista Karine de Camargo, proprietária da Clínica Veterinária, apesar de não ser favorável à decisão da eutanásia nos pássaros, ela não poderia descumprir a determinação.
“A gente respeita os órgãos, estamos aqui para cumprir nosso papel, que é de consulta, tratamento e reabilitação dos animais destinados a nós pra isso. Como existe uma ordem de alguns responsáveis por isso, a gente não pode impedir que isso se cumprisse. Houve uma ordem do Indea, que é o órgão fiscalizador na parte de sanidade e a gente não pode interferir nisso”, ressaltou.
A proprietária da clínica disse ainda que se colocou à disposição para que as aves permanecessem na unidade de saúde por 180 dias, gratuitamente, para que assim os pássaros passassem por um período de vazio sanitário e por uma avaliação, porém o Indea manteve a determinação.
“Infelizmente a decisão final não é nossa. Essa não é uma vontade minha como pessoa, não é uma vontade da empresa, não é uma vontade da nossa médica veterinária responsável pelo setor de silvestres, mas determinação foi feita para ser cumprida”.
Confira a nota na íntegra
Como medida protetiva, Indea realiza destruição sanitária de aves silvestres oriundas de tráfico de animais e vítimas de maus-tratos, aprendidos em interceptação pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), na BR-163, no município de Sorriso.
Tal medida foi necessária por ser a entrada de aves sem procedência sanitária um risco a saúde humana e também a dos plantéis avícolas de Mato Grosso, principalmente diante do atual estado de emergência sanitária em que se encontra o país, frente a influenza aviária – doença altamente infecciosa de rápida disseminação e que causa altos prejuízo a saúde humana e a economia.
A principal forma de transmissão da influenza aviária é através do contato de aves silvestres infectadas com aves domésticas, nesse caso específico, por não haver documentação de procedência não se sabe se as aves são de áreas de foco da doença, uma vez que, desde outubro de 2022 a influenza aviária de alta patogenicidade se disseminou para praticamente todos os países da América do Sul, inclusive o Brasil, além de serem aves exóticas a fauna brasileira, sendo inseguro realizar a soltura na natureza.
O município de Sorriso constitui um dos maiores produtores de aves comerciais do estado com expressiva quantidade de granjas comerciais de corte, postura, reprodução, incubatório e abatedouros. A introdução da doença no município traria prejuízos incalculáveis não só a economia do município, mas também do estado e do país.
Mato Grosso está entre os dez estados brasileiros que mais exportam carne de frango. A atividade avícola no Estado conta com 304 granjas em 31 municípios, e cerca de 55 milhões de aves.
O Indea está continuamente trabalhando para que Mato Grosso continue livre da influenza aviária.
Conforme o boletim de ocorrência, policiais da PRF interceptaram um veículo que vinha no sentido sul do estado. O motorista assumiu a propriedade dos animais e informou que estaria levando-os de Boa Vista (RR) para São Paulo (SP), sem revelar os dados do destinatário. Os animais não tinham qualquer comprovação de origem e estavam em condições de transporte insalubres, tendo sido encontrado, inclusive ave morta. Ao todo, foram apreendidas 320 aves silvestres.
Para mitigar o risco de disseminação de doenças infectocontagiosas, e a introdução da influenza aviária no estado as aves apreendidas foram submetidas a eutanásia dentro dos parâmetros de bem estar animal definidos pelo CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) e submetidas a destruição pelos fiscais do Indea.