Um único banheiro para atender tanto homens quanto mulheres e crianças; ninhos de pombos em várias partes da cobertura, fezes das aves no piso, nos pilares e até nas cadeiras na área de espera de passageiros; animais como vacas, cavalos e cabritos, passeiam livremente, nos entornos do prédio; total falta de segurança, tanto para os passageiros quanto para as pessoas que trabalham no local.

Esse é o retrato fiel do Terminal Rodoviário José Palmiro da Silva, a chamada Rodoviária de Cáceres. A denúncia é do líder comunitário, Marcelo Renato, presidente do bairro Jardim União, onde se localiza o prédio. “É vergonhoso para a cidade e um verdadeiro desrespeito com os usuários. Quem necessita tomar um ônibus no terminal fica bestificado com o que vê” afirma.

Diz que “tomado por pombos, o prédio virou um verdadeiro poleiro. As fezes das aves se alastram nos pilares da estrutura, no piso e até nas cadeiras dos passageiros na área de espera. Sem higienização contínua, se vê lixo esparramado por vários lugares”. Assinala que em razão do banheiro masculino estar interditado, o feminino se tornou unissex. Homens, mulheres e crianças usam o mesmo local”.
O líder comunitário explica que “atraídos pelo matagal e o capinzal no entorno do prédio, o local tem sido frequentado por vacas, cavalos e cabritos. Mas parece um sítio mal cuidado”.

Líder Comunitário Marcelo Renato
Enfatiza ainda Marcelo a falta de segurança no terminal. “O local é totalmente inseguro. Procuramos a Polícia Militar para a possibilidade de instalar uma guarita de apoio dentro da rodoviária, Mas não tivemos sucesso. O comando da PM informou à época que a polícia pode fazer apenas as rondas volantes externas ou adentrar no prédio em caso de uma eventual denúncia de crime e que a segurança interna da Rodoviária é de responsabilidade do proprietário”.
Marcelo Renato não poupou críticas à administração municipal pela situação. “Já virou piada a falta de comprometimento do poder público para esse problema. Toda a cidade reclamando da administração do terminal rodoviário e a administração não se move. Nada é feito. Não existe fiscalização. A coisa segue naturalmente como se tivesse tudo bem”.

Vereadores defendem rescisão imediata do contrato
Autor de indicações e vários requerimentos, junto a prefeitura, sobre a situação do terminal, o vereador Jerônimo Gonçalves, pede a rescisão imediata do contrato com a empresa Horizonte Engenharia Ltda. Ele afirma que do mês de fevereiro a maio realizou um trabalho investigativo que comprovou inúmeras irregularidades e descumprimento das cláusulas contratuais.

“Realizamos um trabalho investigativo que comprovou as irregularidades. Após essa comprovação encaminhamos um relatório ao Ministério Público e a prefeitura recomendando a rescisão imediata do contrato com a empresa concessionária” diz acrescentando que “a empresa alega que a prefeitura deixou de cumprir algumas cláusulas contratuais e que por isso tomou muito prejuízo. No entanto, pelo nossos cálculos não houveram esses prejuízos alegados”.
No entendimento do vereador Jerônimo, a empresa estaria alegando esses prejuízos como forma de sensibilizar a prefeitura para aditivar o contrato. “Na verdade o que parece é que eles querem a aditivação do contrato. Mas, somos de opinião de que isso não pode acontecer. A prefeitura deveria assumir a rodoviária e, posteriormente, abrir um novo processo licitatório”.

Na opinião do vereador Cesare Pastorello, que também defende a imediata rescisão contratual “não existe bonzinho nessa história”, e que “a empresa não cumpre a sua parte no contrato, mas a prefeitura também não cumpre a dela”.

E, que, “apesar de todas as denúncias que já foram feitas, todas as cobranças que eu e outros fizemos, a prefeitura nunca executou o que está no contrato, que é a intervenção por 180 dias. Empurra com a barriga e deixa o povo reclamar. O povo tem que entender que a responsabilidade da rodoviária é da prefeitura quem tá lá em uma concessão”. A reportagem entrou em contato com a prefeitura e com a direção da empresa Horizonte Engenharia, mas não houve retorno.