Rosana Leite, defensora: a violência contra a mulher sempre existiu, as denúncias é que aumentaram
Quatro mulheres são vítimas de violência doméstica a cada hora em Mato Grosso. Por dia, em média 95 sofrem algum tipo de violência, tais como ameaça, estupro, agressão, entre outras.
Os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso apontam que em 2015 foram 33.986 registros de violência, 15.344 ameaças, 7.451 lesão corporal, 71 homicídios, 267 tentativas de homicídio e 165 estupros.
Em Cuiabá, os dados apontam que, por dia, em média 27 mulheres sofrem algum tipo de violência, mais de um caso por hora. Os números da Secretaria de Segurança em 2015 em Cuiabá registram 9.760 casos, sendo 4.089 de ameaça, 46 estupros, 1.946 lesões corporais e 1.603 injúrias.
Em 2014, foram 7.128 casos, ameaça 2.987, estupro 36, lesão corporal 1.719 e injúria 791. Já neste ano, dados até março revelam que em Cuiabá foram 3.096 casos sendo 1.175 ameaças, nove estupros, 509 lesões corporais e 445 injúrias.
Na cidade de Várzea Grande, em média de oito mulheres por dia sofreram algum tipo de violência, levando em consideração os dados de 2015. Foram 3.025 casos em 2015, sendo 1.588 ameaças, 14 estupros, 719 lesões corporais e 239 casos de injúrias.
Neste ano, já foram 1.061 casos: 491 ameaças, três estupros, 419 lesões corporais e 100 casos de injúria.
Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa da Mulher e defensora pública, Rosana Leite, o cenário de violência contra a mulher tem sido cada vez mais assustador. Mas ela afirma que a violência sempre existiu – o que tem acontecido é as mulheres denunciarem mais.
Contudo, Rosana diz que os números podem ser ainda maiores, já que muitas mulheres acabam não denunciando por vários motivos, dentre eles a vergonha. Por outro lado, a defensora pública afirma que as mulheres passaram a confiar mais no poder público.
A lei Maria da Penha foi um dos motivadores. Com ela, as mulheres puderam expor toda a situação de violência e contar com amparo público.
“O que ainda falta é implantarmos políticas públicas para dar amparo no lado de fora do sistema de justiça. Outra coisa que precisamos é oferecer também um tratamento ao agressor, que muitas vezes acaba seguindo com ciclo de violência”, diz Rosana.
CASO HELLEN – Na semana passada, a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão temporária contra Vinícius Paes de Barros Alcântara, 18 anos, assassino confesso da ex-namorada Hellen Lorrayne Miranda do Prado. O crime ocorreu no dia 26 de junho, no bairro Jardim Maringá II, em Várzea Grande.
O assassinato cometido por Vinícius Alcântara chocou a Grande Cuiabá devido à frieza com que premeditou e praticou o crime. A adolescente de 18 anos estava na casa de uma cabeleireira na companhia da filha dos dois, de apenas dez meses, um primo, de apenas onze e alguns outros amigos.
O homicida não se intimidou com a casa cheia de gente, mandou o menino maior sair dali com a criança de colo, sacou uma arma e deu um tiro diretamente no olho esquerdo da moça. Socorrida às pressas, Hellen ficou internada e morreu no dia seguinte.
O assassino confesso estava solto porque se apresentara duas semanas depois de matar a mãe de seu filho. Apareceu na companhia de um advogado, prestou depoimento ao delegado Araújo e, por força da legislação brasileira, foi liberado. (Colaborou Rodivaldo Ribeiro)