Entre 2013 e 2016, o Grupo Especial de Fronteira (Gefron) aumentou em 360% a quantidade de drogas apreendidas na divisa entre o Brasil e a Bolívia. Os dados foram repassados pelo comandante do Gefron, tenente-coronel Jonildo José de Assis.
Só no ano de 2016 foram apreendidas cerca de 3,5 toneladas de entorpecentes. Se comparado a 2015, o aumento foi de 90%, quando o Grupo Especial apreendeu 1,7 toneladas.
Em entrevista ao MidiaNews, o comandante afirma que a quantidade de drogas apreendidas cresceu expressivamente pelo fato dos traficantes acreditarem que nunca serão pegos ao passar na fronteira.
Segundo ele, o carro forte dos traficantes continua sendo a cocaína.
“Podemos dizer que 3 toneladas das drogas apreendidas eram de pasta base de cocaína e cloridato, e o restante de maconha”, disse.
O comandante considera a apreensão realizada em 2016 um sucesso e afirma que o êxito se deu devido ao aumento do policiamento na fronteira.
“Hoje nós temos 140 homens no Gefron. Quando eu assumi nós tínhamos apenas 96. Apesar da crise, nós melhoramos muito e isso aconteceu graças a esse aumento que aconteceu nesse governo, onde houve uma gestão direta para colocar 36 novos homens ao nosso comando”.
“Também temos um núcleo de inteligência muito forte que transita dentre os órgãos de segurança, tanto a nível estadual quanto a federal. Isso faz muito diferença, faz com que o nosso serviço operacional renda”.
“Cão policial”
Outra “ferramenta” bastante usada na fronteira é os cães. O estado tem onze cachorros que trabalham diretamente na fronteira e em serviços de combate ao crime organizado.
Eles vivem em um canil na cidade de Cáceres (225 km de Cuiabá) e são cuidados por técnicos capacitados, que os treinam desde filhotes.
“Os cães atuam de forma que atendam todas as instituições de segurança. É como se ele [o cão] fosse um policial. Se existir um cumprimento de mandado ou busca em alguma localidade rural, requisitam o cão”, explica.
O comandante ainda relata que para trabalhar com esses animais existe todo um ritual de preparo.
“Se a operação for amanhã, ele tem que chegar no local, por exemplo, hoje. Porque ele precisa passar por um período de adaptação e descanso. Se ele andar 200 quilômetros e for trabalhar logo em seguida, ele já não rende no trabalho”, relatou.
E engana-se quem acha que para encontrar algum produto ilícito ou drogas, ele precisa cheirar o entorpecente.
“Eles são treinados desde filhotes e o treinamento é muito humanizado, não existe aquela fábula de que ele precisa cheirar a cocaína. Não é assim. Eles trabalham com um sistema de identificação visual e recompensa. Ele trabalha com foco, e através do odor - porque o odor dele é muito mais apurado -, por mais que a droga esteja em um invólucro, ele consegue identificar”.
Segundo o coronel Assis, este ano três cães se aposentarão. Desta forma, mais três serão adotados para fazer parte da equipe.
Eles são escolhidos a dedo, porque cada um tem uma função para qual tem o “dom”, diz o comandante.
“Eles são uma ferramenta fenomenal. É excelente para a segurança pública. Este ano adotaremos mais três, porque tem três que já estão na idade de se aposentar e para esse trabalho existe um técnico, para que quando nasça uma ninhada de cães, ele vá lá e identifique qual filhote tem ‘drive’ para faro de drogas, ou aptidão para busca e captura, ou para cão de guarda, busca e resgate. Enfim, cada um tem uma função. Não importa se for macho ou fêmea”, explicou.
O estado trabalha com duas raças de cães: o pastor alemão e o labrador.
Trabalho na fronteira
O comandante também ressaltou que o trabalho de patrulhamento na fronteira do Brasil com a Bolívia é realizado diariamente por policiais amplamente capacitados.
A atuação contínua é executada nas rodovias estaduais e federais e estradas não oficiais, além das fiscalizações em postos fixos localizados no Matão (Pontes e Lacerda), Vila Cardoso (Porto Esperidião) e Avião Caído (Porto Esperidião).
Questionado se são recorrentes as situações de combates na fronteira, o coronel Assis diz que apesar dos policiais estarem preparados para tais situações, elas não são corriqueiras.
“Os nossos policiais estão preparados para pretensas ameaças. Mas sabemos que, na maioria das vezes, o objetivo dos traficantes é apenas passar a droga na fronteira, visando um lucro e com isso, não registramos altos números de confrontos”, explicou.
“Aqui nós nos deparamos com todo quanto é tipo de crime, desde ambientais à tráfico de drogas”.
O Gefron trabalha com um sistema de denúncia. Caso alguém tiver qualquer informação que possa ajudar no trabalho do Grupo na fronteira, pode ligar no número 0800 6461402.