O secretário Nacional de Segurança Pública (Senasp), Guilherme Theophilo, anunciou repasse de R$ 5 milhões para o policiamento na fronteira de Mato Grosso. O anúncio foi feito na sexta-feira (17.05), durante visita à sede do Grupo Especial de Segurança na Fronteira (Gefron), no município de Porto Esperidião (a 322 km de Cuiabá).
O recurso estará disponível no próximo mês e servirá para aquisição de equipamentos que auxiliem na atividade operacional. O Senasp é vinculado ao Ministério de Justiça e Segurança Pública. O recurso atende, em parte, a solicitação do grupamento para a aquisição de ferramentas de trabalho na fronteira, como drones, aparelhos de inteligência e embarcação, já que regiões alagadas fazem parte do patrulhamento.
Atualmente, o Gefron conta com efetivo de 140 policiais, que são os responsáveis pela segurança nos 983 km de fronteira do Brasil com a Bolívia. Durante o encontro, os gestores das unidades policiais do Estado, Polícia Militar e Polícia Judiciária Civil, expuseram a realidade do trabalho e pontuaram os desafios.
Em resposta, o general Theofhilo, que comandou por dois anos o Exército Brasileiro em Cáceres, reconheceu que a política nacional não vinha priorizando a atividade policial na fronteira.
“A minha presença aqui é para tentar ajudar esta fronteira tão necessitada em termos de equipamento, material e efetivo. É uma região vulnerável porque faz fronteira com um país que é grande produtor de cocaína. Então, temos que reforçar. O país todo passa por uma grande crise econômica e os cortes estão sendo feitos em todos os setores, mas vamos usar nosso fundo nacional para priorizar a fronteira”, afirmou.
O general ressaltou ainda que no Ministério da Justiça e Segurança Pública há 11 projetos estratégicos para colocar em prática, sendo um deles, a Fronteira Mais Segura. “Iremos fazer remanejamentos para atender às necessidades da fronteira”.
O coordenador do Gefron, tenente-coronel PM José Nildo de Oliveira, citou a importância da visita do secretário nacional e lembrou o esforço das instituições na repressão aos crimes transfronteiriços, principalmente o tráfico de drogas.
“É uma honra receber o secretário na nossa base. Temos projetos que já levamos à União no intuito de melhorar nossa atuação no Estado. Mas mesmo com toda a limitação já obtivemos resultados relevantes em prol da segurança na fronteira. Em quatro anos, ultrapassamos a marca de apreensão de mais de 14 toneladas de drogas. Já no primeiro trimestre de 2019, apreendemos mais de uma tonelada de droga, o que é um número bastante expressivo e reforça a importância de investir na faixa de fronteira”, destacou.
Após passagem por Porto Esperidião, o general seguiu com o comandante geral da Polícia Militar, coronel PM Jonildo José de Assis, e o delegado diretor do interior, Walfrido Franklim do Nascimento, em sobrevoo pela região e conheceu alguns dos postos de fiscalização, situados nos 28 municípios de abrangência da fronteira. O pouso foi no município de Cáceres (a 212 km de Cuiabá), onde visitou a unidade da Delegacia Especial de Fronteira (Defron).
Criada em 2017, a Defron já prendeu 222 pessoas por envolvimento em crimes transfronteiriços. O delegado geral da Polícia Judiciária Civil, Mário Demerval Aravechia de Resende, disse que mesmo com os expressivos números de ações nessa região, os profissionais carecem de melhor estrutura para a atividade policial, porém parte deste déficit é superado com os trabalhos integrados das forças de segurança.
“O convite para a visita do general é para demonstrar que aqui no estado as polícias trabalham de maneira conjunta, somando esforços com outros órgãos, a exemplo do Ministério Público (MP) e isso tem permitido sobreviver e combater o crime. Porém, o investimento na região de fronteira é primordial neste momento, tendo em vista o tráfico de drogas alimentando o crime organizado”, destacou.
Já o comandante da Polícia Militar, coronel PM Jonildo José de Assis, enfatizou que há 17 anos Mato Grosso vem fazendo o seu trabalho dispondo de efetivo para atuação exclusiva na fronteira.
"Vejo que a destinação do recurso é muito importante, mas o melhor de tudo isso é a visão que o general vai levar de tudo que viu, que é no sentido que Mato Grosso tem feito o seu dever de casa na fronteira. Diferente de outros estados que não possuem tropa que trabalham e policiam a fronteira, o Estado está desde 2002 trabalhando com uma tropa exclusiva na repressão aos crimes transfronteiriços e isso tem que ser levado em conta a nível do Governo Federal, de maneira a dispor de recurso e equipamentos para o aprimoramento da atividade”, ressaltou o comandante da PM.