"Diante da baixa significativa nos estoques dos bancos de sangue, criamos, em 2014, o Junho Vermelho, para alertar a sociedade sobre a importância e conscientizar o maior número de pessoas a doar frequentemente", declara Debi Aronis, fundadora do Movimento Eu Dou Sangue.
Com início em 1º de junho (sábado), a campanha irá iluminar, com a cor vermelha, instituições públicas e privadas, prédios históricos e monumentos em diferentes localidades do país. Está previsto, também, ações específicas para serem realizadas ao longo do mês, principalmente, durante a semana do Dia Mundial do Doador de Sangue comemorado no dia 14.
"Somente aqueles que enfrentam uma dificuldade e precisam da doação para que familiares ou amigos possam sobreviver sabem a importância desse ato. Nossa ideia de criar o Junho Vermelho veio justamente depois de ver meu pai precisando de sangue devido a uma doença muito delicada. É um pequeno gesto, individual e gratuito, mas com consequências expressivas", relata Debi.
Segundo pesquisa realizada, em 2017, pelo Movimento, em parceria com o Instituto Datafolha, cerca de 92% dos brasileiros disseram não ter doado sangue entre junho de 2016 e junho de 2017. Ainda de acordo com o levantamento, além do recesso e do clima mais frio, feriados e dias chuvosos também impactam negativamente os hemocentros, que costumam registrar queda de 30% em seus estoques no período.
Os dados também mostraram que 39% dos brasileiros admitem não saber qual é seu tipo de sangue. O estudo, que ouviu 2.771 entrevistados em todo o país, mostrou que o desconhecimento é maior entre os homens (44%) do que entre as mulheres (35%). Assim como a maioria dos jovens (52%), na faixa dos 16 aos 24 anos, também desconhecem esse aspecto de seu próprio corpo.
Lançada no estado de São Paulo, a campanha Junho Vermelho ganhou status de lei estadual em 15 de março de 2017 (nº 16.386) e, atualmente, é promovida em todo o Brasil.
Por que no mês de junho?
O mês, que tem baixas temperaturas, aumento na incidência de infecções respiratórias, temporada de provas em universidades e escolas e marca o início das férias escolares, costuma registrar quedas significativas nos estoques dos bancos de sangue, públicos e privados.
O fato de as pessoas estarem menos propensas a sair de casa não diminui, e por vezes até aumenta, a rotina dos hospitais que atendem desde vítimas de acidentes de trânsito e da violência urbana até os portadores de doenças que requerem transfusões sanguíneas com frequência, como câncer, anemia falciforme e outras patologias, incluindo os procedimentos cirúrgicos de alta complexidade, como transplantes e cirurgias cardíacas.
"É importante ressaltar que a demanda de sangue permanece inalterada, apesar da redução da oferta nos estoques dos hemocentros", afirma Debi.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que cada país tenha, entre 3% e 5% de sua população doadora de sangue frequente. No Brasil, o índice fica em 1,8%, enquanto em alguns países da Europa, cerca de 7%.
Sobre o Junho Vermelho
A campanha Junho Vermelho, que já foi alçada a categoria de lei em vários estados e cidades do Brasil, busca chamar a atenção para a importância da doação regular de sangue. O sucesso da iniciativa é comprovado pelos números registrados durante as outras edições. Em 2018, o Movimento Eu Dou Sangue calculou, extraoficialmente, que houve aumento de 30% das doações no mês de junho, em relação a 2017.