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Cocrijapan encerra atividades e vende filhotes de jacarés para o MS
Por João Arruda
23/11/2019 - 17:33

Foto: arquivo

Cerca de 8 mil filhotes de Jacarés criados na Cooperativa de Criadores de Jacarés do Pantanal- Cocrijapan- em Cáceres, já estão a caminho da cidade de Corumbá.

Esse numeroso lote de animais foi negociado com o frigorífico Caiamã, do Mato Grosso do Sul. As negociações foram feitas pelo pecuarista João Henrique. 

Não há detalhes das cifras dessa transação, mas sabe-se que os filhotes apresentavam medidas de 50cm a 1 metro.

Para o transporte desses jacarés se utilizaram três veículos, um Ford 3/4 e dois caminhões gaiolas, todos com suas carrocerias improvisadas com tapumes, se assemelhando aos extintos "paus de araras ".

No trajeto, desde a sede da Cooperativa de Jacarés até o Porto da Carne Seca, foi um verdadeiro festival de maus tratos aos animais. 

O Empurrador Boeiro (embarcação fluvial que transporta gado) teve a chata do curral adaptada com telas em aço reforçada com madeirite, uma cobertura de feltro, e ainda serragem de madeiras para reduzir o calor no piso do cercado. 

O carregamento teve início na última terça, 19, com os peões contratados pelo João Henrique atirando os jacarés como objetos de toda distância, sorte e altura.

As ações truculentas se sucederam na manhã da quarta-feira, 20, quando logo cedo perceberam que algumas dezenas animais haviam furado o bloqueio das telas e do madeirite.

Nas redondezas da Praia da Carne Seca havia filhotes de Jacarés para todos os lados. E, os peões, armados com pedaços de madeiras, deram início a mais uma sessão de maus tratos, pisoteando as cabeças dos filhotes e surrando com porretes, como se quisessem dizer aos indefesos jacarés " não fujam".

Com o calor beirando 40 graus centígrados, de vez em quando os tratadores da Cooperativa, despejavam água regrada com uma mangueira de meia polegada, visando abrandar a temperatura no solo de aço, onde foram alojados os animais. 

Na tarde da última quarta-feira, a carga milionária de filhotes de Jacarés seguiu para a viagem de quatro dias até o destino no município de Corumbá (MS), onde se situa o abatedouro Caiamã.

Quanto à garantia de sobrevivência dos jacarés é incerta, uma vez que na embarcação contratada não possui compartimento para ração desses bichos. Embora "especialistas " que aglomeravam no Porto da Carne Seca, davam palpites dos variados apontando que os jacarés resistem até cinco dias sem se alimentar. 

Os tripulantes evitaram qualquer informação à reportagem, alegando que foram contratados apenas para o transporte, e que o zelo e trato dos jacarés seriam atribuições dos vendedores. A previsão de chegada a Corumbá será entre sábado e domingo.

Registra-se que para efeitos de fiscalização ambiental e de navegação apenas uma Patrulha da Marinha do Brasil se fez presente.

AMONTOADOS E RISCOS DE MORTE POR ASFIXIA E GASES

Os jacarés tão logo foram despejados no local reservado para a viagem até o estado do Mato Grosso do Sul através do Rio Paraguai,  uma grossa parte de sobrepôs uns sobre os outros formando uma altura de até 40 centímetros.  Essa postura dos pequenos répteis como forma de defesa,  poderá causar mortes daqueles que ficam na base, pois a  água, misturada com o pó da madeira e fezes dos animais terão como efeito a produção de gases.

Este senhor é acusado de maltratar os jacarés

A imagem pode conter: 1 pessoa, sentado, chapéu, árvore e atividades ao ar livre

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