Para conter a pandemia do novo Coronavírus, várias cidades paralisaram as atividades econômicas consideradas não essenciais e promoveram o isolamento social.
Em Cuiabá não foi diferente. Grande parte do setor de alimentação fora do lar permaneceu completamente fechada por 90 dias, já que muitos não conseguiram trabalhar com delivery. Nos municípios em que foram autorizados a reabrir, bares e restaurantes caminhavam a passos lentos buscando uma recuperação.
No curto período em que o setor esteve aberto, com permissão para atender 50% da ocupação dos estabelecimentos, em muitas empresas o fluxo de pessoas ficou em torno de 15%.
Sabemos que a pandemia é algo absolutamente novo para a nossa geração e que todos estamos aprendendo o que fazer mais com tentativas empíricas do que por orientação teórica, o que já torna tudo bem difícil e desafiador. Sabemos que ninguém tem receita pronta para nos tirar da crise em lugar nenhum do mundo.
No Brasil, porém, parece que tudo tem que ser ainda mais difícil. E para piorar o que já é péssimo, assistimos impassíveis às improvisações do poder público, por falta de planejamento e/ou por conflito institucional e político, o que gera muitas idas e vindas, abre e fecha, e prejudica ainda mais o setor que se organizou e investiu em estoque perecível e adequações de criteriosos protocolos de biossegurança para atendimento presencial.
Mudando tudo com impressionante rapidez, a pandemia da COVID 19 liquidou as esperanças dos proprietários em relação à recuperação da economia, que vinha gradualmente abandonando a recessão e assumindo uma trajetória econômica lenta, mas muito positiva.
Antes da pandemia existiam 20mil CNPJs no setor de alimentação fora do lar no estado, porém, 10% deles não conseguiram reabrir nesse primeiro momento, e a previsão é de que 40% dessas empresas não retornem pós-pandemia, gerando desemprego de aproximadamente 10 mil pessoas, uma vez que não houve contratações para retomada e o fechamento amarga ainda mais prejuízos.
O governo federal lançou o Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PROMANPE), que permite o empréstimo a pequenas empresas durante a pandemia pela Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, cuja garantia é dada pelo próprio Governo Federal. Porém, falta a prorrogação da Medida Provisória 936, que trata da possibilidade de suspensão e redução de jornada de contratos de trabalho.
Para que haja uma esperança na recuperação, precisamos da garantia de um retorno contínuo, apoio financeiro com facilidade de crédito, juros baixos e apoio na área trabalhista. Somente essas medidas deverão possibilitar a preservação de renda para comerciantes e a manutenção do emprego para funcionários.
Reconheço que entre erros e acertos, gestores de estados e municípios estão se adaptando à realidade e buscando alternativas que possam amenizar os estragos. A Abrasel-MT segue nessa mesma linha, convivendo com incertezas, mas cheia de otimismo e força de vontade.
(*) Lorenna Bezerra é empresária e presidente da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel-MT). Instagram: @abraselmt