O lobo-guará, comum no cerrado mato-grossense e em algumas áreas do Pantanal, pode ser a primeira espécie de animal silvestre a ser clonada no Brasil. Em uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Cerrados em parceria com o Jardim Zoológico de Brasília, o mamífero aparece como o mais provável candidato a uso da experiência. O estudo tem como principal objetivo a preservação de espécies. Na lista dos candidatos ao processo de clonagem aparece ainda a onça pintada, também encontrada aqui. Os experimentos devem começar em janeiro de 2013. Para o biólogo cuiabano Itamar Assumpção, esse tipo de pesquisa é válido como forma de acelerar o ciclo de reprodução e a garantia da preservação de espécies. Assumpção, que é especialista em Conservação do Meio Natural e da Fauna, explica que a clonagem pode possibilitar a reprodução simultânea, ou seja, que diversos animais gerem filhotes ao mesmo tempo, aumentando assim a população de espécies clonadas. Biólogo do Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) há décadas, onde há três exemplares de logo-guará, Itamar Assumpção observa que evitar o cruzamento entre clones é um dos cuidados que deve ser adotado no experimento. Isso, diz, por causa de problemas que podem decorrer da semelhança do DNA de clones. Ele também se preocupa com a capacidade de suporte do Cerrado, o habitat natural dos lobos-guarás. A cultura da soja, que se expande em Mato Grosso, está tornando nocivo o que seria ambiente natural diz. De acordo com o biólogo, é comum encontrar animais mortos ou em estado de sofrimento por causa do consumo de veneno das lavouras. Além de consumir alimentos e água contaminados com agrotóxicos, detalha ele, muitos recebem o “defensivo agrícola” diretamente no corpo no momento da pulverização. DADOS - O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), também conhecido como guará, aguará e aguaraçu, é o maior canídeo nativo da América do Sul. O Brasil abriga o maior número de animais, com uma população de cerca de 25 mil. O lobo-guará mede cerca de 1,30 metro no ombro e pesa entre 20 e 25 quilos. A gestação dura em média 65 dias e resulta em ninhadas de até seis crias, nascem entre junho e setembro. Quando nascem, a fêmea não sai da toca por um período de 30 dias e é alimentada pelo macho. Os filhotes nascem pretos, com a ponta da cauda branca e pesam entre 340 gramas e 410 gramas. Sua maturidade sexual acontece com um ano de idade.