Responsável pelo inquérito que apura a denúncia do desaparecimento do pedreiro Rubson Faria dos Santos, em Cáceres (ocorrido em 29 de janeiro ( relembre os fatos no final da matéria), o delegado Wilson Souza Santos afirmou ao Diário de Cáceres que vai solicitar hoje (25), à Corregedoria da Polícia Militar, cópia dos depoimentos dos seis policiais militares denunciados no caso. "É fundamental ter conhecimento da versão apresentada por eles".
"Desde a instauração do inquérito pela Polícia Civil, colhemos os depoimentos das testemunhas, no caso vários vizinhos. E a versão é a mesma: os policiais entraram na casa de Rubson, foram ouvidos gritos de socorro, e o pedreiro foi retirado do local desacordado. Depois, nunca mais foi visto"- informa o delegado, que também está aguardando o laudo da Polícia Técnica (Politec), da perícia feita na viatura que transportou o pedreiro. A Politec concluiu a perícia e devolveu a viatura à PM no dia 8 de fevereiro, e o prazo para emissão do laudo é de 30 dias a partir da conclusão.
Cáceres pergunta: onde está Rubson?
Sobre o trajeto percorrido pela viatura, através do monitoramento do GPS, o delegado afirmou que espera o relatório detalhado, e que provavelmente tenha isso em mãos hoje (25) ainda. "Sabemos até agora que a viatura saiu do bairro Empa e circulou em áreas como o bairro Santa Rosa, que fica logo após o final da rua das Maravilhas, e também entre os bairros D. Máximo, Cohab Nova, Jardim Padre Paulo, em percursos periféricos, fora da área urbana. Sabemos que no bairro Santa Rosa a viatura parou por dois a três minutos. O relatório completo deverá trazer o trajeto em detalhes".
Cobrado diariamente por familiares e por entidades como a OAB, através da Comissão de Direitos Humanos, o delegado afirma que as investigações não param, "mas dependem de documentos e laudos que já foram ou estão sendo solicitados. A família e a população de Cáceres querem uma resposta e estamos trabalhando para obtê-la".
Os seis policiais denunciados foram afastados de suas funções, estando exercendo funções administrativas dentro do quartel da PM em Cáceres. A Polícia Militar instaurou o Inquérito Policial Militar que tem o prazo de 60 dias, prorrogável por mais 30 dias, para ser concluído.
Desaparecimento: relembre a notícia
A família de um pedreiro de 28 anos registrou uma denúncia informando que Rubson Farias dos Santos foi espancado por policiais militares, do setor de Gratificação de Atividade Policial Militar (GAP), e retirado de casa inconsciente na última sexta-feira (29), no bairro Jardim das Oliveiras (Empa)em Cáceres, a 220 km de Cuiabá. Desde então, o jovem está desaparecido.
O 6º Comando Regional de Cáceres informou, em nota, que foi aberto um inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais envolvidos na ação. O procedimento está em andamento e é acompanhado pela Corregedoria da PM.
A Polícia Civil informou que não consta nenhum registro de prisão de Rubson em delegacias de Cáceres. Ainda segundo a Civil, o único registro de ocorrência recebido em nome da vítima foi feito pela mulher dele sobre a ação dos policiais militares.
A mulher de Rubson, Sidneia de Oliveira, conta que, na quinta-feira (28), ela e o marido foram abordados pela polícia por causa de um carro que compraram há cerca de 15 dias por R$ 900.
De acordo com a PM, o veículo tinha registro de roubo e que, por isso, foi encaminhado à delegacia, assim como Rubson.
“Compramos um carro velho para andar na cidade, não sabíamos que era roubado, só sabíamos que estava com a documentação atrasada. A polícia disse que precisava levar o carro porque era roubado, então falamos que tudo bem. Nesse dia foi tranquilo, não encostaram um dedo nele. Logo depois, pagamos a fiança e ele foi liberado”, explicou Sidneia.
No entanto, um dia após o registro dessa ocorrência, conforme contou a família, a polícia invadiu a casa onde moram para prender Rubson. Segundo Sidneia, o marido foi espancado pelos policiais na frente do filho de 12 anos.
“Ele saiu inconsciente. Não sei se saiu vivo de casa. Bateram muito nele, depois apagaram as luzes e o levaram. Não disseram o motivo. Procuramos vários lugares, mas não consta que ele passou na delegacia, na cadeia, nos hospitais. Ninguém dá informação, ninguém fala nada. Estou desesperada”, relatou.