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Desativado há décadas, ex-colégio Dom Galibert é transformado em centro de acolhimento
Por Jornal Oeste
27/06/2021 - 15:05

Foto: reprodução

Entidades que atendem gratuitamente pessoas com cancêr, transtornos psicológicos e famílias carentes são as primeiras a funcionar no Centro de Acolhimento Dom Galibert, localizado nos fundos da Igreja São Miguel, no bairro do mesmo nome.

O espaço amplo foi construído em 1935 , e por mais de cinquenta anos serviu como escola. O imóvel pertence a Diocese de São Luiz, porém é  gerenciado pela Paróquia Nossa Senhora Aparecida.

Com ajuda de fiéis o espaço está sendo restaurado para abrigar entidades sem fins lucrativos que não tenham sede própria e prestam algum tipo de trabalho social gratuito aos mais necessitados.

Ontem, 26, durante o lançamento do projeto o bispo Dom Jacy Diniz, cumprimentou os envolvidos e parabenizou o coordenador da Paróquia padre Osvaldo Shäffer Pereira, por ter encapado o projeto e o está colocando em pratica.

Em pouco mais de dois anos, padre Osvaldo saneou as finanças da paróquia e colocou condicionadores de ar nas tradicionais igrejas São Miguel e Nossa Senhora Aparecida.

O padre Osvaldo Schaffer Pereira veio para Cáceres em 2018 da Paróquia Santa Cruz de Barra do Bugres.

Homenageado

Dom Luiz Maria Galibert, antes tinha o nome de Pierre Galibert, nasceu no dia 1º de janeiro de 1878, num lugarejo montanhoso do departamento do Tarn-França, chamado Bouisset. Estudou na escola primária de sua aldeia. Aos 11 anos, após a passagem de um padre franciscano, ele foi estudar na escola que esses mesmos padres mantinham na Arquidiocese de Albi-Tarn. Aluno brilhante, simples e cordato com seus colegas, recebeu, no final dos estudos, o grau de bacharel do ensino secundário com menção em letras e filosofia.
   Ao entrar no noviciado, trocaram-lhe o nome, conforme o costume para chamá-lo de frei Luiz Maria e fez sua profissão religiosa no dia 04 de outubro de 1894. Tinha ele dezesseis anos. Estudou ainda filosofia durante dois anos e foi professor durante outros dois. Celebrou sua profissão perpétua no dia 10 de dezembro de 1901.

   Com a desistência de vir para Cáceres do Padre Modesto Augusto Viana, que preferiu ficar na sua cidade de Caratinga, o frei Luiz Maria Galibert, movido pela obediência, aceitou a escolha do Papa Bento XV que o nomeou bispo de Cáceres. Recebeu a consagração episcopal no dia 15 de agosto de 1915, na festa da Assunção, das mãos de D. Carlos Luiz d´Amour, Arcebispo Metropolitano de Cuiabá, assistido por D. Cirilo de Paula Freitas, bispo de Corumbá e D. Francisco de Aquino Corrêa, bispo titular de Prusiade, Coadjutor do Arcebispo de Cuiabá.

   Dom Galibert, primeiro bispo de Cáceres, tinha sido eleito e consagrado bispo residencial de São Luiz de Cáceres, tomando posse no dia 03 de outubro de 1915 e fazendo ao mesmo tempo, a entrada solene na sua “Catedral”!!!. O pároco local, frei João Luiz Bourdoux o recebeu solenemente, assim como seus colegas franciscanos e franceses Atanásio Flottes, Inácio Gau, Charles Valette, Jerome Lacaze-Badie, Paul Marie Cabrol e Raymond Perrier.

   Dom Galibert percorreu sem parar os caminhos da sua diocese, visitando cada sítio, convertendo e evangelizando a todos. O povo contava que conhecia todas as pessoas dos lugares onde passava e reparava quem faltava. Ai de quem tinha prometido algo para o ano seguinte e não se apresentava! Era exigente. Mas todos gostavam da sua vontade de fazer o bem e dos auxílios que dava às pessoas, aconselhando-as e perdoando-as.

   Toda a vida de Dom Galibert pode ser resumida nesta vontade férrea de atender as almas para ajuda-las nos caminhos da vida e do céu. Foi sua única preocupação, pois não se interessava por nada mais. Nos anos de uma velhice incapacitada, martirizada pela doença física e mental, angustiado por seu passado, Dom Galibert levantava-se da cama, a qualquer hora do dia ou da noite e dizia àqueles que corriam para atendê-lo: “As almas me esperam, tenho que ir!...” Foi também a grandeza de Dom Galibert, pois consagrou toda a sua vida à sua missão de evangelizar. Ele foi um santo no mundo moderno.

   Após 40 anos de ministério episcopal em Cáceres, e antes, 10 anos passados em Cuiabá, Dom Galibert foi vencido pela arteriosclerose. Foram cinquenta anos de missão. Os Superiores o ajudaram a renunciar e a aceitação foi publicada no ´Observatório Romano` do dia 07 de março de 1954, nestes termos:

   “Aproveito a oportunidade para apresentar a V.Exa. meus sinceros parabéns pelo louvável zelo com que desempenhou por tantos anos o ministério pastoral e pelos abundantes frutos obtidos na santificação das almas. Rogo a Deus que queira derramar suas bênçãos celestiais sobre V.Exa. e conservar-lhe boa saúde por muitos anos”.

   Os seus irmãos religiosos reconduziram Dom Galibert para a França onde retirou-se ao convento franciscano de La Drèche, sua terra natal. Faleceu em 24 de dezembro de 1965, aos 87 anos.

   O governo francês reconheceu a grandeza de Dom Galibert outorgando-lhe a Legião de Honra no grau de Cavaleiro. Galibert descansa numa capela da igreja de la Drèche que ele mesmo consagrou, aguardando os tempos da ressurreição. ("Missão Franciscana na Fronteira"- de Dom Máximo Biennés e Revista do Centenário da Diocese).

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