Após ter seu mandato cassado na Câmara Municipal de Cuiabá, com 20 votos favoráveis, a vereadora Edna Sampaio (PT) disse que não ficou surpresa com o resultado e afirmou que não tem mágoa de nenhum vereador. Além dela, outros 4 parlamentares se ausentaram da sessão extraordinária de hoje.

Edna afirmou que o que aconteceu hoje só mostra o modo como atuam os políticos daqui.  “Nenhuma surpresa e nenhum sentimento de mágoa, não, pelo contrário, esse momento foi muito importante para mim, porque me fortalece e me faz compreender qual é a política que se faz aqui no Estado de Mato Grosso, aqui em Cuiabá”.

O processo contra Edna foi baseado em um suposto esquema de rachadinha com o uso da verba indenizatória. A vereadora defende que foi vítima de uma armação, já que tinha provas de todos os gastos com verba indenizatória, mas nada disso foi analisado pela Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Segundo ela, isso deixa claro a intenção deste processo.

“Eu não estou lidando com isso como um problema pessoal, e é graças a isso que eu estou aqui em pé, […] isso que aconteceu não é sobre a vereadora Edna, é sobre a Câmara, sobre esta instituição, que quer ludibriar o entendimento da população sobre o que é verba indenizatória, eu estou sendo condenada por criar uma conta de gestão da verba indenizatória, e talvez eu seja a única pessoa aqui nesta Casa que pode prestar conta da verba indenizatória, cada centavo, tanto do vereador quanto da chefe de gabinete, quero ver quem apresenta isso”, afirmou.

Edna crê que a população sabe disso, mas avalia que seu caso pode acabar sendo usado por bolsonaristas para atacar ainda mais o Partido dos Trabalhadores.

“[População] está vendo o que está acontecendo, sabe que é uma armação, pode ser que os bolsonaristas ávidos por destilar discursos de ódio tenham agora uma razão para ficar estigmatizando a vereadora do PT, está tudo bem, o Lula é chamado de ladrão, ficou 580 dias preso injustamente para Bolsonaro ganhar a eleição, está aí, o melhor presidente da história do nosso país, Lula é minha inspiração, Dilma é minha inspiração”, disse.

Questionada sobre sua ex-chefe de gabinete, Laura Abreu, responsável pela denúncia que resultou em sua cassação, Edna afirmou que não se arrepende de tê-la contratado, que acredita que tudo serve de aprendizado.

“Não tenho arrependimento […], todas as pessoas que estão no meu gabinete são pessoas que representam aquelas pessoas que estão na nossa pauta de defesa, aqui nós temos gays, aqui nós temos mulher e homem trans, aqui nós temos, a maioria, pessoas negras, […] então a Laura foi chamada no mesmo contexto que todos aqui estão, […] são pessoas que não conseguiam trabalho”.

No entanto, ela pontuou que pode ter sido ingênua com relação à ex-chefe de gabinete, que teve seu discurso usado por opositores.

“Uma coisa que eu aprendi muito é que no caso da Laura, não basta eu avaliar que aquilo que eu estou fazendo por ela é uma oportunidade, às vezes eu também acabo sendo um pouco ingênua no sentido do que as pessoas são capazes de fazer. […] não acho que é atacando uma outra mulher que a gente faz a nossa defesa, mas certamente teve um papel decisivo da Laura em criar uma narrativa, não que ela tenha dito que eu me apropriei, mas o fato dela colocar dúvida, dela levantar questões ardilosamente para poder criar uma confusão, […] fez com que aqueles que queriam se ver livres de mim pensassem ‘agora a gente vai’, mesmo sabendo que aquilo não era verdade”.