Realizada no Parque Nacional do Xingu, no Norte de Mato Grosso, a cerimônia do Kuarup foi reconhecida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como manifestação da cultura nacional.
A iniciativa consta na Lei 15.113/2023, publicada quarta-feira (19), no Diário Oficial da União (DOU).
A nova lei é resultado do projeto de Lei (PL 6.177/2019) apresentado pela então deputada federal Rosa Neide (PT-MT), em 2019.
Em dezembro do ano passado, recebeu parecer favorável do relatório do senador Wellington Fagundes (PL-MT) e foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura (CE).
“A cerimônia é marcada por uma alternância poética entre momentos de profundo luto e celebração da vida, refletindo a filosofia indígena de que a continuidade da existência e a convivência harmoniosa em comunidade são essenciais após a perda de um ente querido. O rito culmina com o simbólico lançamento dos troncos na água, que representa a despedida, a transformação e a transcendência”, disse Wellington Fagundes, no relatório.
De acordo com informações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, o Kuarup reúne diversas etnias do Alto Xingu e é realizado entre os meses de agosto e setembro, no Parque Nacional do Xingu, no Estado.
No ritual, são abordados temas profundos e universais, como a morte e o luto, ao mesmo tempo em que se homenageia a memória de entes queridos.
Essa alternância entre momentos de luto e celebração da vida reflete a filosofia indígena de que a continuidade da existência e a convivência harmoniosa em comunidade são essenciais após a perda de entes queridos.
O auge da cerimônia acontece quando troncos de árvore são lançados simbolicamente na água, representando a despedida, a transformação e a transcendência..
A celebração representa uma prática religiosa que destaca a figura de Mavutsinim, a divindade criadora, que, segundo a tradição, moldou o mundo e os primeiros homens a partir dos troncos da árvore Kuarup.
A narrativa, que foi documentada pelo indigenista Orlando Villas Bôas, revelou a tentativa de Mavutsinim de ressuscitar os mortos, transformando troncos de madeira em seres humanos por meio de um ritual complexo, que inclui cânticos, danças e celebrações comunitárias.
Elementos simbólicos, como os troncos ornamentados e a interação com a natureza ao redor, desempenham papel essencial nesse rito, que busca honrar os ancestrais e fortalecer os laços e a coesão social da comunidade.