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POCONÉ - Santo pantaneiro: benzedor que morreu há quase 80 anos tem túmulo como ponto de devoção
Por Ana Julia Pereira
03/12/2025 - 16:10

Foto: reprodução

O túmulo de Vigilato Canudo da Silva, no Pantanal mato-grossense, se tornou um ponto de fé, memória e curiosidade histórica para moradores e visitantes da região de Poconé, na região do Pantanal mato-grossense. Mais de um século após ter vivido entre o Pixaim e outras comunidades pantaneiras, o nome dele permanece vivo como símbolo de cura, proteção e sabedoria tradicional.

Vigilato nasceu por volta de 1860, filho de escravos, construiu sua trajetória como peão de comitiva, boiadeiro, paranormal e benzedor. Tornou-se conhecido por seus conhecimentos de plantas medicinais, pelas rezas de cura e por relatos de previsões e mentalizações que impressionavam moradores tanto do Pantanal quanto de Cuiabá. Morreu em 1947 na comunidade do Pixaim, embora alguns registros mencionem 1944 e, desde então, sua memória ganhou contornos de devoção.

No imaginário pantaneiro, Vigilato transcendeu a figura de curador para se tornar quase um protetor espiritual. Muitas pessoas guardam sua imagem na carteira, acendem velas em seu túmulo e fazem pedidos que, segundo moradores, “são atendidos”. Seu túmulo, simples, permanece como um dos pontos de fé mais conhecidos da região.

O relato de pantaneiros reforça o poder atribuído a ele. “Eu ando com ele para me proteger, me guiar, me defender dos males”, conta uma moradora, que lembra das histórias sobre a rapidez e a habilidade quase sobrenatural do antigo peão. “Quando assustava, o cavalo já tava ali… e sem campear, sem nada”, relembra, referindo-se ao modo como Vigilato surgia de repente durante as comitivas. Outros descrevem-no como um homem “de muita fé”, cuja presença era associada à cura e à proteção espiritual

A força de sua imagem permanece especialmente entre moradores mais antigos, que o tratam como um santo popular. “No Pantanal, acendem vela, vão ao túmulo, levam coisas, fazem pedido… e é tudo atendido”, explica outra devota, reforçando a relação de crença que atravessou gerações.

Para quem deseja conhecer mais profundamente a figura histórica de Vigilato Canudo da Silva, pesquisadores recomendam a leitura do livro Os Andarilhos, de Alex de Matos, uma das obras que mais detalham sua trajetória e seu papel no imaginário regional.

No encontro entre fé, tradição pantaneira e história oral, o túmulo de Vigilato segue sendo não apenas um marco físico, mas um pedaço vivo da identidade cultural do Pantanal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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