A FORÇA INVISÍVEL DAS CORES
O ano está se encerrando: doze meses transcorridos e vividos, de janeiro a dezembro.
O calendário da saúde apresenta, para cada mês, uma cor.
Mais importante do que as cores do calendário da saúde são as cores que cada
pessoa carrega no coração. São elas que habitam a mente e moldam sentimentos.
Ao longo do ano, o Brasil se colore para lembrar que a vida exige cuidado, prevenção
e coragem. Cada mês assume uma cor como forma de chamar atenção para temas
que não podem ser adiados.
O calendário da saúde transforma o tempo em alerta e a informação em
cuidado. Ele lembra que saúde não é apenas ausência de doença, mas
presença de atenção, acolhimento e responsabilidade.
Janeiro Branco inaugura o ano chamando à reflexão sobre a saúde mental e
emocional. O branco simboliza paz, renovação e a esperança de um novo
começo. É um lembrete essencial de que uma mente cuidada é a base para
enfrentar os desafios da vida.
Ainda em janeiro, o roxo destaca o combate à hanseníase, reforçando a
importância do diagnóstico precoce, do enfrentamento ao estigma e do acesso
ao tratamento gratuito oferecido pelo SUS.
Fevereiro traz o roxo da conscientização sobre o lúpus, o Alzheimer e a
fibromialgia, além do laranja que alerta para a leucemia.
Março ganha o azul-escuro da prevenção do câncer colorretal e o lilás no
combate ao câncer do colo do útero.
Abril se veste de azul pela conscientização sobre o autismo e de verde pela
segurança e saúde no trabalho.
Maio une o amarelo da conscientização no trânsito ao vermelho da prevenção
das hepatites virais.
Junho destaca o vermelho da doação de sangue e o laranja voltado à anemia
e à leucemia.
Julho ilumina o amarelo das hepatites virais e do câncer ósseo, além do verde
da prevenção do câncer de cabeça e pescoço.
Agosto se colore de dourado pelo incentivo ao aleitamento materno e de lilás
na luta contra a violência à mulher.
Setembro reúne o amarelo da prevenção ao suicídio, o verde da doação de
órgãos, o vermelho da saúde do coração e o dourado da conscientização sobre
o câncer infanto-juvenil.
Outubro se pinta de rosa, símbolo mundial da luta contra o câncer de mama.
Novembro veste azul, lembrando o cuidado com o câncer de próstata, o
diabetes, além do dourado voltado à causa infanto-juvenil, e, o laranja, saúde
auditiva.
Dezembro encerra o ciclo com o vermelho do combate ao HIV/Aids e o laranja
da prevenção do câncer de pele.
Cada uma dessas cores representa mais do que campanhas; carrega
histórias reais de pessoas que encontraram na fé ou na ciência a força
para continuar.
Porque o diagnóstico não é destino. Ele não tem o poder de sentenciar a vida
de um ser humano. Todos os dias, a humanidade testemunha pequenos e
grandes avanços: na medicina que evolui, na pesquisa que se aprofunda, na
tecnologia que salva e na fé que sustenta o desejo de viver.
Por trás de cada cor, há histórias que continuam sendo escritas. Pessoas que
enfrentam consultas, exames, medicações e incertezas. As campanhas
existem para iluminar esses caminhos e lembrar que acolhimento também
salva.
Todos podemos fazer a diferença, com um gesto simples, uma palavra de
apoio, um olhar atento. Atitudes pequenas, mas capazes de sustentar quem
atravessa dias difíceis.
Essas cores que percorrem o calendário não são apenas campanhas sazonais.
São alertas que exigem seriedade, continuidade e humanidade. Cada mês traz
uma urgência distinta, mas todas convergem para o mesmo propósito:
informar, prevenir e cuidar.
As campanhas existem para promover prevenção e diagnóstico precoce. Isso
não depende apenas de políticas públicas, mas também de escolhas
individuais, ouvir o corpo, reconhecer os sinais e buscar atendimento quando
necessário.
As cores mudam ao longo do ano, mas o compromisso permanece: cuidar de
si, cuidar do outro e garantir que ninguém enfrente essa jornada sozinho.
Independentemente da crença, há algo que nos une. Os caminhos da vida se
constroem entre ciência, fé e humanidade, abrindo espaço para renovação e
transformação.
Que o ano que está por vir seja colorido, que ele venha carregado de todas as
cores, visíveis e invisíveis, que habitam dentro de nós, fortalecendo a
esperança e o amor ao próximo.
Andrea Maria Zattar, advogada trabalhista, previdenciarista, membro da Associação
Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica – ABMCJ; membro efetivo da Comissão
de Direito do Trabalho da OAB/MT, articulista e ativista em causas sociais.