Acontece neste domingo leilão de 1000 touros da Nelore Grendene
Por Zakinews
31/08/2013 - 09:11
Um dos maiores leilões de touros do Brasil acontece neste domingo, 1º de Setembro, em Cáceres. A empresa Nelore Grendene, em comemoração aos 30 anos de trabalho e dedicação, vai colocar no mercado, “1000 touros” que passaram por rigorosos critérios de seleção. “É uma safra especial de reprodutores”, diz Ilson Correa, diretor da Fazenda Ressaca, local do evento que tem seu início previsto para 10h.
O objetivo do “Nelore Grendene” é atender uma demanda do mercado cada vez mais exigente. Agora é mostrar o resultado que corresponde a um trabalho voltado a atingir os mais altos índices de avaliação. “1000 touros que passaram por criteriosas etapas de seleção serão mostrados no leilão na Fazenda Ressaca em Cáceres-MT”, informa Pedro Grendene, proprietário da empresa.
A programação inicia no dia 31 de agosto (véspera do leilão) com atividades de “Dia de Campo”, incluindo três palestras com os seguintes temas: “Visão e plano de ação da SEMA-MT em função do Novo Código Florestal”, “Tendências do mercado de boi e da carne e os novos desafios da pecuária de corte brasileira” e “Como avaliar a qualidade de um Touro”, com os palestrantes, José Esteves de Lacerda Filho (secretário de Estado de Meio Ambiente), Miguel Cavalcanti (CEO do BeefPoint) e William Koury Filho (Doutor em Zootecnia e diretor da BrasilcomZ), respectivamente.
No dia 1º de setembro (domingo), a revisão dos animais tem início previsto para às 10h e o início do leilão será pontualmente às 12h. Haverá lotes individuais e lotes de 5, 8, 30 e 100 touros.
O grande evento vai ser comandado pelo maior leiloeiro do Brasil, Maurício Tonhá, o Maurição, proprietário da Estância Bahia. A transmissão ao vivo pelo Canal Terra Viva, direto da Fazenda Ressaca, uma das fazendas históricas existentes no município de Cáceres.
A expectativa de presença dos grandes pecuaristas de outros Estados vai conhecer a fazenda Ressaca, uma atração a parte. O local do leilão abrigou uma antiga usina de cana-de-açúcar e ainda mantém o prédio com arquitetura do Brasil Colonial construído em 1922. A Usina Ressaca foi idealizada pelo seu fundador Dom Francisco Villanova, ainda no século XIX e concluída pelo então governador de Mato Grosso, Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques.
USINA RESSACA:Acervo de Pancho Villanova
DOM FRANCISCO VILLANOVA, natural do reino da Espanha, cidade de Réus, província de Taragona, foi o idealizador e fundador da USINA RESSACA.
Ainda jovem Dom Francisco Villanova, trabalhava em uma indústria de fabricação de móveis de Vima, de propriedade de sua família na Espanha. Mas, por decisão sua não quis continuar trabalhando nos negócios da família, motivo pelo qual, resolvera mudar para o Brasil, passando pela Argentina onde fixou residência por determinado tempo, logo em seguida resolveu subir o Rio Paraguai, passando por Corumbá, chegando nesta cidade de Cáceres, no ano de 1870.
Aqui chegando, conheceu os irmãos Dulce, com os quais constituíram uma sociedade comercial, denominada Dulce & Villanova, mais conhecida pelos cacerenses como “ANJO DA AVENTURA”, localizada na Rua Augusta, atual Cel. José Dulce esquina com a Rua Comandante Balduíno, cuja sociedade pouco durou.
Acervo de Pancho Villanova
Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, Presidente de MT
Foi casado com a cacerense ANNA MARIA DA COSTA GARCIA, com a qual tiveram três filhos, JOANITA, THEREZA e FRANCISCO.
Após a dissolvição da sociedade com os irmãos Dulce, Dom Francisco Villanova teve ideia em montar uma fábrica de açúcar e aguardente de cana, e como já possuía uma área de terra com 2.270 Has., localizada a margem esquerda do Rio Paraguai, distante 12 km da cidade de São Luiz de Cáceres, retornou a Argentina e em contato com um seu amigo e proprietário de uma firma importadora, encomendou todos maquinários e equipamentos, sendo estes importado da Alemanha. Todavia, como a logística daquela época era precária em virtude da distância e o meio de transporte, os maquinários demorou quase cinco anos para chegar ao seu destino, no ano de 1893, justamente quando ocorreu o falecimento de Dom Francisco Villanova. No ano de 1895, a viúva ANNA MARIA DA COSTA VILLANOVA, contraiu o seu segundo casamento com o ilustre e honrado mato-grossense advogado JOAQUIM AUGUSTO DA COSTA MARQUES, que na época era o Presidente do Estado de Mato Grosso, tendo ele o, privilégio em ter chegado os maquinários já na sua administração, realizando finalmente o sonho de Dom Francisco Villanova.
Acervo Pancho Villanova
Com o falecimento de Da. ANNA MARIA MARQUES, no ano de 1916, o Dr. Costa Marques, se afasta do comando da Usina, passando para seus enteados. Assumindo o comando da Usina, os irmãos Villanova com seus respectivos esposos, constituíram uma sociedade familiar, denominada, VILLANOVA, TORRES & CIA. LTDA., sucessora de VILLANOVA, TORRES & CIA. Que por sua vez sucedeu a VILLANOVA, TORRES & SILVA, no ano de 1918, quando foi feita a ultima alteração social para VILLANOVA, TORRES & CIA. LTDA., que permaneceu até o ano de 1981. Quando a propriedade foi vendida para a empresa Agropecuária Grendene S/A.
A sociedade familiar foi constituída primeiramente pelos seguintes: Engº FRANCISCO VILLANOVA, Médico Militar FRANCISCO EDUARDO RANGEL TORRES, Médico JOSÉ GENTIL DA SILVA, e posteriormente entrou para a sociedade o Médico Virgílio Alves Corrêa, e o Advogado JOSÉ VILLANOVA TORRES.
Os canaviais eram plantados nas periferias da sede da Usina e a cana era transportada por vagonete sobre trilhos, passando pela balança de pesagem até chegar ao portão da entrada da fábrica e colocadas em uma esteira rodante até o grupo de moendas. A safra iniciava no mês de abril até o mês de agosto, e a produção era consumida na cidade de Cáceres e municípios vizinhos. Durante o período da safra a Usina contava com cerca de oitenta famílias, algumas da própria Cáceres outras vindas do Nordeste do país.
Dentro do sistema organizacional da Usina, havia duas colônias agrícolas, sendo a Colônia do Norte, administrada pelo valoroso e honrado cidadão nortista JOSÉ VILAR DANTAS e a Colônia Laranjal, administrada pelo Sr. JOAQUIM SANTANA, ligados diretamente na produção de cana para abastecimento da Usina.
A Usina Ressaca era dotada de boa infraestrutura, tais como: energia elétrica própria, fornecida por uma roda hidráulica construída pelo mecânico português MANOEL LOPES MARTINS, gerando 06 KWA de potencia, Carpintaria, Serraria, Farinhada, Monjolo, Caeira, Curtume de couro, Olaria, Sapataria, Armazém, Açougue, Farmácia, Escola, Linha Telefônica, Casas de Trabalhadores etc...
Todos os maquinários e equipamentos bem como as benfeitorias realizadas na Usina, foram feitas com recursos próprios, sem qualquer interferência financeira de qualquer natureza.
Vale salientar que, a Usina Ressaca, naquela época gerou muitos empregos, atendendo a Função Social, mesmo não existindo as leis trabalhistas, mesmo assim, os seus proprietários sempre fizeram justiça aos seus trabalhadores, pagando os seus salários, dando moradia decente, escola para os filhos dos trabalhadores e JAMAIS EXPLOROU O TRABALHO ESCRAVO.
A administração da Usina da Ressaca, era exercida pelos seus sócios a cada dois anos, com exceção de que no período de 1951 a 1987, foi gerenciada pelo Sr. ENEDINO SEBASTIÃO MARTINS, lembramos ainda que a Usina paralisou suas atividades no ano de 1967, tendo em vista o desgaste dos maquinários, falta de mão de obra, dificultando sobre maneira o seu funcionamento, tais como aconteceu com todas as outras Usinas do Estado de Mato Grosso.
Foram estas as minhas considerações a respeito de que foi e representou a USINA DA RESSACA. Agradeço a pronta e valorosa colaboração dos meus amigos Roney Leite Martins, Antônio L. Gallo e ao meu filho Agêo Luiz Bastos Villanova.
FRANCISCO VILLANOVA FILHO (PANCHO)
Cáceres, 05 de Agosto de 2013