Leonardo Boff fala sobre necessidade de mudanças em Fórum de Responsabilidade Socioambiental
Por Pau e Prosa Comunicação
06/11/2013 - 15:26
"Estamos levando uma guerra contra a Terra e essa é uma guerra que não vamos ganhar. Nós precisamos da Terra, mas a Terra não precisa de nós". Esta foi apenas uma das declarações dadas pelo estudioso Leonardo Boff, durante o VIII Fórum de Responsabilidade Socioambiental, realizado pela Unimed Cuiabá, por meio do Instituto PróUnim. O evento, que aconteceu na noite desta terça-feira (5), contou com participantes de todas as idades, que por mais de uma hora ficaram atentos aos ensinamentos do profissional.
Sob o tema "Melhorar, mudar e transformar", Leonardo Boff enalteceu a necessidade de mudanças junto ao sistema vivenciado pela sociedade atual. Segundo ele, os seres humanos têm vivido com base em um sistema de injustiça social e ecológica. "A injustiça social pode ser percebida pelo acúmulo de riquezas de alguns, sendo que a maioria ainda vive na pobreza. Atualmente, somente 20% da população mundial consegue consumir mais de 80% do que é produzido no planeta. O restante da produção é dividido com mais de 80% da população. Isso é um pecado mundial, que figura como consequência daquilo que os próprios seres humanos organizaram".
Teólogo, filósofo e ex-frade, Boff explica que as injustiças ecológicas também são praticadas pelos seres humanos. "Esse tipo de injustiça acontece com a Terra. É ela quem está sofrendo esse ataque sistemático pelos seres humanos. Estamos levando uma guerra contra a Terra. Mas esta é uma guerra que não vamos ganhar. Exemplo da resposta que a Terra tem nos dado é o aquecimento global. Temos que transformar o conjunto de nossas relações futuras para quando chegarmos em um momento de crise intensa, não vivermos mais o passado, mas sim a esperança".
Consequências – Ainda sobre o futuro, Boff afirmou que, recentemente, a Sociedade Científica Norte-Americana fez um alerta. "Tudo indica que entre os anos 2030 e 2035, poderá ocorrer um aquecimento abrupto, elevando a temperatura da Terra entre 5°C e 6°C. Isso pode fazer com que grande parte da biodiversidade desapareça".
Boff também destacou durante a palestra, que mesmo a sociedade vivenciando um sistema injusto, a ideia de que a Terra é um planeta de recursos infinitos vem sendo desfeita com o passar dos anos. "O planeta é pequeno, com recursos escassos e não renováveis. Esse projeto de civilização que existe atualmente, não pode mais ser levado adiante. Ou mudamos, ou morremos".
Modificações – Para o estudioso, ainda há esperanças e mudar deve ser a principal ação para colhermos bons frutos. Segundo Leonardo Boff, os seres humanos precisam ser conscientes, mas também trabalhar com base na esperança. "Devemos ser concretos, andar com os dois pés. Precisamos caminhar de forma em que um dos pés permaneça neste mundo globalizado e o outro siga junto ao sistema que remete à esperança".
De acordo com ele, as mudanças podem ser feitas a todo momento e em qualquer lugar. "Precisamos seguir alguns verbos no infinitivo, como reduzir o consumo, reusar o que temos, reparar o que usamos e reciclar os produtos para darmos outras finalidades aos mesmos. Estas são ações que todos podem fazer em qualquer lugar do mundo. Precisamos pensar na globalização e no futuro do nosso planeta".
Para destacar os cuidados com o ambiente, Boff comparou a Terra à figura das mães. "A Terra precisa ser tratada como mãe, como Mãe Terra, pois é a figura materna que tratamos com carinho, respeito, atenção, sem agressões. Assim deve ser com a Terra também", afirmou o palestrante ao ressaltar que no dia 22 de abril de 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) modificou a nomenclatura do Dia da Terra, para Dia Internacional da Mãe Terra.
Para finalizar, Boff informou que as mudanças precisam ser pautadas em princípios (cuidado, sustentabilidade, cooperação e responsabilidade coletiva) e em virtudes (hospitalidade, convivência, respeito e comensalidade). E ainda reforçou que "nenhuma realização se faz se não alimentarmos um sonho dentro de nós. Para mudar, temos que alimentar o sonho de uma Terra da esperança".
Unimed Cuiabá – Para recepcionar o palestrante e destacar a importância do evento, o presidente da Unimed Cuiabá, João Bosco de Almeida Duarte falou sobre a necessidade da população refletir sobre os atos praticados diariamente. "Este é um momento de reflexão, do qual colocamos sob atenção a nossa participação junto à sociedade. Precisamos estar em alerta para percebermos se estamos fazendo tudo o que é possível para melhorar", disse o presidente da Cooperativa ao destacar a realização do Fórum de Responsabilidade Socioambiental, que já está em sua 8ª edição.
Presidente do Instituto PróUnim, Paulo Brustolin discursou sobre a qualidade de vida das pessoas e a existência do bem. "Poder ouvir os ensinamentos de Leonardo Boff é um engrandecimento para a alma. São questões de interesse coletivo. Muitas vezes não paramos para questionar como estamos conduzindo nossas ações".
Além da palestra, Leonardo Boff também atendeu fãs, tirou fotos e autografou as várias obras de sua autoria, que são considerados best-sellers em inúmeros países do mundo.