As feiras nas praças reanimaram Cáceres
Por por Geraldo Fernandes Fidelis Neto
27/11/2013 - 16:23
Na terça-feira da semana passada, véspera de feriado, tive a satisfação de conhecer a Feira da Praça da Cavalhada, que, como as demais feiras de Cáceres, transformaram-se na boa nova do momento, num verdadeiro fenômeno agregador da comunidade. Pena que aconteceu só agora, quando não mais jurisdiciono uma das Varas da Comarca, pois, com certeza, seria assíduo frequentador.
Que maravilha ver a confraternização das famílias que, na segurança daquele espaço social, podem, além de assistir, com tranquilidade, suas crianças brincando e os idosos sentados no banco - “jogando conversa fora”, saborear os variados quitutes, salgados e doces, feitos pelos próprios moradores.
Não bastassem os já compensatórios prazeres nostálgicos, a praça ainda proporciona benefícios financeiros. Pois é, inúmeras famílias expõem e comercializam seus produtos, dando um reforço na verba mensal – já escassa, diga-se de passo.
Isso sem falar nas barracas de artesanatos e nas apresentações culturais que enchem nossos olhos e despertam nossa atenção...
Durante toda a duração desses eventos emanam noções de identidade, comunidade, hábitos, relações e comunicação, possibilitando aos participantes um sentimento de igualdade, sensibilidade e humanização, além de se prestar à manutenção, promoção e revitalização da cultura popular.
Como se já não fosse suficiente, o interessante é que as feiras nas praças vieram ocupar um espaço vazio e sem vida que contrastava com a Cáceres de outrora. Aliás, não tão vazio assim. As nossas praças, sem feiras, estavam ocupadas por pessoas dadas à criminalidade, que, aproveitando-se da escuridão que imperava nesses locais, realizavam, principalmente, pequenos furtos para alimentarem o vício em drogas.
O espaço deserto, onde poucos se atreviam a passar a noite, com medo do bandidismo, foi afastado pela coragem dos moradores que se irmanaram e trouxeram alegria, sorrisos e luz à comunidade.
Já houve, em tempo remoto, quem, acertadamente, falou: a praça é do povo e o povo é da praça. Ora, a nefasta ideia, que acredito nem ter passado perto daqueles que tem poder para tanto, de proibir ou tributar as feiras nas praças é, via de consequência, subtrair a cidade de seus moradores.
Aliás, quais espaços públicos o povo pode emanar, de forma livre, sua cultura, suas artes, suas tradições, sua religiosidade, sem que lhe seja cobrado qualquer contrapartida financeira? Já bastam as grandes cidades onde as crianças são criadas em shoppings.
Esse fenômeno tem a força de, hoje, em plena sociedade da informação e da economia globalizada, tirar as pessoas de seus lares – diga-se de passagem, de frente da televisão vendo a novela das nove horas ou do computador – para se confraternizarem.
Não pode passar sem registro que os expositores, para elaborarem os produtos a serem expostos e vendidos nas feiras das praças, fazem compra das matérias primas a ser utilizadas na confecção deles, trazendo, ainda que indiretamente, benefícios, também, ao comércio local formalmente estabelecido.
As feiras nas praças reanimaram Cáceres! E a nossa “Princesinha” revive em suas praças!
Particularmente, nenhum evento ou manifestação me fez recordar da felicidade da meninice, do tempo de infância em nossa cidade, do que a feira na praça da Cavalhada. Ainda não fui na da Praça do Monte Verde, mas não faltará oportunidade.
Assim, é importante aproveitarmos a onda nascida diretamente do povo para dar-lhe força, a fim de que esse benéfico movimento possa enfrentar os riscos da modernidade, que vem robustecido pela alta competição comercial, perfazendo um cenário econômico voraz, que vem a contrastar com a liberdade e a não onerosidade atinentes às feiras nas praças.
Desse modo, a visão sensível a ser dada a esse fenômeno é a “dos moradores” cacerenses, que estão felizes com a retomada e revitalização das praças pelas feiras, por torná-las um lugar agradável de estar e viver.
Geraldo Fernandes Fidelis Neto – cacerense de coração, juiz de direito em Cuiabá