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Exemplo a ser seguido: · Médicos terão que ‘bater ponto’ no PS
Por Kamila Arruda/Diário de Cuiabá
12/01/2014 - 10:44

Foto: DC
Entrevistado: Nome: Werley Silva Peres Idade: 38 anos Naturalidade: Uruaçu/GO Estado civil: Casado Formação: Medicina O pronto-socorro de Cuiabá vai aderir ao sistema de registro de ponto para garantir o cumprimento da carga horária de seus funcionários. A medida deve ser implantada ainda no primeiro semestre deste ano, segundo o novo secretário municipal de Saúde, Werley Peres (PDT). Em princípio, conforme o pedetista, apenas o pronto-socorro deve aderir a este sistema. Ele afirma, no entanto, que será cobrado maior empenho dos servidores quanto à qualidade no atendimento. Em contrapartida, Peres garante que vai buscar melhorar as condições de trabalho nas unidades de saúde da Capital. Peres assumiu o comando da Secretaria de Saúde de Cuiabá na última quinta-feira (9). Substituiu o médico Kamil Fares (PDT), que deixou o cargo alegando motivos pessoais. A principal meta do novo gestor para 2014 é inaugurar – até o mês de maio - o Hospital São Benedito, que funcionará no prédio do antigo Hospital das Clínicas. A abertura desta unidade é prometida desde 2010, mas pelo governo do Estado. O prédio estava, inclusive, alugado pelo Palácio Paiaguás, que não conseguiu realizar a reforma e adquirir os equipamentos necessários. DIÁRIO - O senhor tem uma carreira como médico da saúde pública e é muito conhecido por conta disso. O que o motivou a entrar para a política como candidato a vereador na eleição do ano passado? WERLEY PERES - O que me motivou a entrar na política foi a mesma coisa que motivou, acredito eu, o senador Pedro Taques (PDT). Foi a indignação pela forma como as coisas caminhavam no Brasil nos últimos anos. Enquanto nós, homens que querem que as coisas mudem, ficarmos escondidos, quem toma espaço são pessoas que, às vezes, não têm uma conduta muito republicana. A ideia de entrar na política não é por conta do glamour, e, sim, para tentar proporcionar à sociedade uma melhor qualidade de vida. No meu caso, me coloquei à disposição da sociedade para ser avaliado e poder representá-la naquela Câmara. A ideia era transformação. Aliás, o homem é um produto de transformação política. DIÁRIO - E agora, como secretário de Saúde do município, quais são suas principais metas? PERES - Primeiramente, tenho que tomar pé da situação em que se encontra a secretaria de uma forma geral. Ser escolhido secretário foi uma surpresa muito grande. Eu não tive tempo nem de comunicar algumas pessoas próximas devido à surpresa. Mas o que nós temos que fazer é avançar na atenção básica. Isto é importantíssimo! Fazer com que o novo Hospital São Benedito seja concluído neste primeiro semestre. Isto, talvez, seja a principal meta agora. Também queremos concluir a UPA do Pascoal Ramos, mas, infelizmente, isto não depende mais da minha secretaria. Está fora da minha alçada, mas vamos cobrar, dentro do possível. DIÁRIO - A saúde é uma das áreas que recebe o maior número de críticas e cobranças por parte da população e também dos agentes públicos. O senhor está preparado para lidar com este tipo de situação? PERES – Primeiro, sou muito grato ao prefeito Mauro Mendes (PSB) pela oportunidade que ele me deu. Não é fácil assumir nenhuma secretária em qualquer lugar do Brasil. Eu diria que, desde o Ministério da Saúde, até uma pequena secretaria de uma cidade do interior, é muito complexo. A cobrança dos munícipes e da população em geral é muito grande. Eu sei o tamanho do desafio e não tenho medo de nenhum. Vou dar o melhor de mim, mas tenho a consciência de que não vou conseguir resolver todos os problemas da Saúde de Cuiabá, porque o número de problemas é extenso. No entanto, pode ter certeza de que não vou fugir de nenhum deles. DIÁRIO - Em entrevista ao Diário, o ex-secretário Kamil Fares (PDT) revelou que o aumento no número de atendimentos, apesar de positivo, fez surgir outros problemas para o setor. O que o senhor tem em mente para avançar neste sentido? PERES - Na verdade, o que nós temos que ver é a situação de uma forma geral. No local onde estiver faltando médico para realizar atendimentos, temos que colocar mais. Isto é fato! Temos que equacionar a conta do número de médicos em relação ao número de pacientes. Além disso, ter um link diretamente com a ponta, que deverá ser feito por meio deste sistema novo que queremos implantar: o Intranet. Isso vai facilitar muito a vida da gestão, pois, por meio dele, nós saberemos todas as informações referentes à Saúde: quantidade de pacientes por unidade, número de atendimentos, fila de espera... Também poderemos ter acesso à ficha cadastral de todo os pacientes, bem como ao histórico médico deles. Nossa intenção é implantar esta ferramenta até o final deste ano em todas as unidades. DIÁRIO - A construção do novo pronto-socorro foi uma das principais bandeiras do prefeito Mauro Mendes (PSB) durante a campanha eleitoral no ano passado. O que o senhor, como secretário, pode fazer para ajudá-lo nesta empreitada? PERES - Sou um instrumento da sociedade para que as coisas aconteçam dentro da saúde e o sonho, não só do prefeito, mas de todos, é ter uma unidade hospitalar nova e de referência para todas as áreas. Então, nós estaremos sempre juntos para concretizar este sonho. DIÁRIO - Enquanto o novo pronto-socorro não sai, a expectativa da população é pela inauguração do Hospital São Benedito. Quando ele deve ser inaugurado de fato? PERES - Nossa intenção é colocar ele em funcionamento até maio, mas ainda tenho que tomar pé da situação burocrática, pois parece que tem algumas questões pendentes para serem resolvidas. Independente disso, o que nós queremos é fazer com que ele funcione. É isto que pretendemos. DIÁRIO - Com relação aos recursos para equipar e garantir a manutenção desta nova unidade, eles devem ser na ordem de quanto? Os governos federal e estadual entrarão na cota? PERES - Ainda não tenho dados referentes a números. Com relação aos recursos, a ideia, até onde eu sei, é pegar este recurso fundo a fundo. Acredito que com a pactuação que existe entre município, Estado e União o governador também entre para ajudar nesta questão. Este hospital vai dar vazão, não só para o município de Cuiabá, como também para toda a Baixada Cuiabana e boa parte dos municípios do Estado, assim como acontece com o pronto-socorro. Então, não tenho dúvidas de que o Estado vai colaborar conosco. DIÁRIO - Há muitas reclamações quanto ao atual pronto-socorro. O que o senhor pretende fazer para melhorar o atendimento nesta unidade? PERES - A reforma do terceiro andar, onde será implantado o setor de pediatria, será o começo das melhorias. Esta é outra meta a ser atingida. Por que nós temos que, de alguma forma, ter leito de retaguarda? Porque com esses leitos é que nós vamos conseguir desafogar o pronto-socorro. Aquela unidade tem 30 anos. Foi construída para atender uma população de 250 mil habitantes. Hoje, nós temos uma população de 1,1 milhão, somente na Baixada Cuiabana. Se pegarmos os últimos 20 anos, que obra que teve impacto na Saúde até agora? É preciso avançar e, para que isso aconteça, não vou medir esforços. Vou cobrar da minha equipe, das pessoas responsáveis, que as coisas andem num ritmo acelerado. Nós temos essa vontade e vamos procurar garantir para a população. DIÁRIO - Outra expectativa da população é com relação à construção de mais duas unidades de pronto atendimento (UPAs). O senhor já se inteirou de como está esta questão junto ao governo federal? PERES - Ainda não tive tempo de conversar com a equipe que é responsável por isso. No decorrer da próxima semana, vou me inteirar de todas essas questões para poder dar andamento. DIÁRIO – Quanto à UPA do Pascoal Ramos, a Secretaria de Obras já notificou a empresa sobre o atraso na construção. Há risco de o contrato ser rescindido, o que pode atrasar ainda mais a entrega. O que o senhor, como secretário, pode fazer a respeito? PERES - Nesta situação, o responsável é a Secretaria de Obras mesmo. Sei que os trâmites já foram feitos com relação à cobrança. Então, nós precisamos que ela [empreiteira] execute a obra. É lógico que todos temem o atraso na entrega, mas espero que isto não aconteça. DIÁRIO - Cuiabá também sofre muito com o déficit de leitos. O Kamil Fares havia dito que, para amenizar este problema, o município teria que ter em média 540 mais. As unidades que devem ser inauguradas no decorrer dos próximos anos vão suprir este déficit? PERES - Infelizmente, esta é uma situação crônica. São 30 anos com o mesmo hospital. Se pararmos para analisar a rede privada, até ela encolheu. Em contrapartida, a população aumentou. Então, é uma equação totalmente inversa. Nós precisamos investir na atenção terciária, com equipamentos novos e de qualidade, que deem vazão para toda a população. Contudo, o município precisa de muita ajuda do governo do Estado e do governo federal. A União, por si só, já ajuda muito, mas o Estado pode ajudar um pouco mais, principalmente na situação de construção de um novo hospital. DIÁRIO - Outra grande reclamação da população é quanto à falta de médicos nas unidades de saúde. O que o senhor pretende fazer a respeito? PERES - Vou falar com base na minha experiência como médico. Minha função, como servidor público, é cumprir minha carga horária. Se eu recebo para trabalhar 20 horas, eu tenho que trabalhar 20 horas. Então, acredito que as pessoas, independente de sua função, têm que assumir seus compromissos e fazer. Se não fizer, não vou ser conivente. Não posso fechar os olhos a esta situação. DIÁRIO - O sistema de registro de ponto pode ser uma saída para cobrar maior empenho dos profissionais da área? PERES - No pronto-socorro, já vamos ter sistema de ponto. Nos próximos dias, ele já deve estar funcionando. No entanto, não podemos cobrar apenas o cumprimento de horário por parte dos profissionais. Temos que ter qualidade de serviço também. Para isso, precisamos melhorar as condições de trabalho. Não tem como cobrar demais, se você não oferece tudo o que ele [médico] precisa para exercer o seu papel. Nós temos que pensar nisso também. O doutor Kamil fez um excelente trabalho. Conseguiu colocar mais médicos na rede e também entregar uma UPA. DIÁRIO - Uma das grandes reclamações dos profissionais da Saúde é com relação à remuneração. Como o senhor pretende lidar com isso? PERES - Você não pode prometer aquilo que não vai cumprir. Isso é uma incoerência sem tamanho. Negociação sempre vai existir em qualquer movimento de classe e eu acredito que vamos manter diálogo com relação a isso. O que nós não podemos é dar um passo maior que a perna. Temos que respeitar os limites. Penso que podemos avançar, mas, primeiro, temos que ver até onde a perna vai. Tem que ter um estudo amplo e muito diálogo. DIÁRIO - O prefeito Mauro Mendes (PSB) implantou a secretaria de projetos para auxiliar o município na busca de recursos junto ao governo federal. O senhor já tem alguma proposta em mente? PERES - Neste momento, temos que avançar nas questões básicas. Tenho uma porção de ideias, mas como você vai fazer um prato sofisticado se não consegue nem o arroz e feijão? Primeiro, nós temos que conseguir dar à população o básico. Sou muito pé no chão. O que eu quero para a população é o que eu quero para mim. Não adianta sonhar alto. Vamos avançar dentro daquilo que tem que ser avançado. A atenção básica tem que ser ampliada, ou seja, multiplicar o número de PSFs [programas de saúde da família] para que a população tenha atendimento mais próximo à sua casa, evitando graves doenças.
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