Os presídios de Mato Grosso estão sob alerta, com monitoramento reforçado, principalmente sobre o comportamento de grupos e membros de facções criminosas. Essa ação faz parte de um plano nacional para prevenir a disseminação de ataques ordenadores por presos, similares aos que aconteceram na Penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão, com mortes dentro e fora da cadeia. Na madrugada de ontem, por exemplo, aconteceu uma operação emergencial na maior e mais superlotada unidade prisional do Estado. A descoberta de um possível plano de fuga mobilizou dezenas de policiais e agentes prisionais para um ‘pente-fino’ no Raio 1 da Penitenciária Central(PCE - Pascoal Ramos), em Cuiabá. O serviço de inteligência do Sistema Prisional descobriu que havia terra escorrendo na rede de esgoto do Raio 1 da penitenciária, que poderia ter origem na escavação de túnel para fuga. Os agentes passaram das 23 horas de quinta-feira até às 4hs da madrugada de ontem revistando esse raio, começando pelos cubículos 4 e 4, de onde teria partido o plano de fuga. Nesse raio ficam detentos provisórios, ou seja, que aguardam julgamento por crimes de homicídio, tráfico, roubo e outros. O Secretário Adjunto de Administração Penitenciária, coronel PM Clarindo Alves de Castro, informou que ainda não havia escavação de túnel, mas materiais que poderia ser para essa finalidade foram apreendidos, além de 17 celulares, 25 chips de diversas operações de telefonia móvel, porções grandes de maconha e cocaína. Também foram encontradas bebidas alcoólicas artesanais, fabricadas a partir de arroz, casca de banana e frutas cítricas. Coronel Clarindo não nega a existência de integrantes de facções como PCC(Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho, porém não aponta números. “Só podemos dizer que conhecemos a dinâmica interna das facções”, observa. O secretário-adjunto explica que com saída dos PMs da segurança dos presídios(os últimos policias deixam de atuar nos próximos dias), a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos(Sejudh) fortaleceu a capacitação dos agentes prisionais. Em 2013, acordo com ele, 70% dos agentes receberam preparação específica, muitos em mais de um curso, tanto no Departamento Penitenciário de Operações Especiais(DPOE), em Brasília, como aqui, com aqueles que multiplicadores de conhecimentos. Com capacidade para 851 presos, a PCE ‘abriga’ atualmente 1.943, o equivale a 2,2 presos por vaga. Essa unidade dispõe de 300 funcionários, um para cada grupo de 6,4 presos. Para este ano, a Sejudh diz que está prevista a construção de novas alas na própria unidade com capacidade de oferecer inicialmente 450 vagas, podendo dobrar o número até o final do ano, segundo o coronel. PROJETOS – Dados divulgados esta semana apontam Mato com um déficit de 4.083 vagas no sistema prisional. São 10.121 presos e somente 6.038 vagas. O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Luiz Antônio Pôssas de Carvalho reconhece a deficiência, mas diz que o Estado está licitando seis presídios com 2.800 vagas. Outros seis projetos de construção de penitenciárias estão aprovados e, quando executados, vão abrir mais 2000 vagas. Outra novidade, informou, são os 1 mil ‘botões do pânico’, aparelho que oferecidos às mulheres vítimas de violência doméstica que correm risco de morte ou novas agressões. Esse equipamentos devem chegar acompanhados das 5 mil tornozeleiras que estão em fase de aquisição para implantar em presos que deixarão as cadeias para trabalhar.