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Guerra perdida: fotógrafo descreve cenas de apocalipse no Pantanal e despreparo
Por Mirella Duarte
15/09/2020 - 14:52

Foto: Mario Friedlander

O fogo consome de forma rápida as paisagens e a sensação é de apocalipse. Algumas pessoas, incluindo pantaneiros e voluntários de Ongs, tentam inibir o fogo há mais de 60 dias. Todas as batalhas foram perdidas. É o que narra o fotógrafo Mario Friedlander, que após voltar de uma saga no pantanal, de documentar esse intenso momento, conta o que viu para ao 

Além do cenário nada esperançoso e deprimente, ele comenta que, apesar de idas e voltas do Pantanal há alguns anos, nunca se preocupou tanto. "A gente viu muitas equipes especializadas do Governo Estadual e Governo Federal, muitas viaturas e equipamentos, mas não vimos nenhum entrosamento entre essas equipes. Não vi grandes estratégias de combate ao fogo ou eles aproveitando o conhecimento do povo pantaneiro", conta.
Friedlander reforça que o pantaneiro conhece a paisagem e como o fogo se movimenta nos campos, mas que em nenhum momento essas forças buscaram a opinião desses populares que já conhecem o Pantanal. Além disso, há um número enorme de peões, gerentes e fazendas e outros que se importam com o Pantanal entrando em confronto com o fogo, e que essas pessoas parecem ter saído de um cenário de guerra, cheios de cinzas, esgotados pela luta.

Peões valentes e soldados limpinhos

Para o fotógrafo é assim que se distingue quem é "valente" e quem não é, pois nota um número grande soldados enviados com as fardas limpas, bem penteados, com carros de todas as cores e siglas, todos limpos também. Pessoas que parecem perdidas meio ao caos, não somatizam, pois não tem estratégia e nem conhece a mata que entram. "O que vimos foram peões e pessoas pessoas defendendo suas terras e as terras de seus vizinhos. Todo mundo trabalhando, de gerente a peão. Algumas pessoas com mais de sessenta dias em combate ao fogo, sabe o que é isso? De todos esses dias, nenhuma vitória, a única conquista é o adiamento do fogo em suas propriedades. 

Ele comenta das dezenas de fazendas, pousadas e outros locais consumidos pelo fogo. Além disso, o destaque para as pontes de acesso, que tem outro grande equivoco que já se repetiu inúmeras vezes das equipes enviadas pelos governos. "Se eles limpassem o matagal e não jogassem madeiras em baixo das pontes, o fogo não chegaria, mas eles esperam o fogo chegar para combater", reflete.

Guerra perdida

Para o Mario a guerra está, infelizmente, perdida. O que se tenta, neste momento, é tentar salvar as vidas que restam. Tudo está comprometido ao frisar a pesca profissional ou esportiva, porque as águas também estão comprometidas. Para ele falta estratégia de ação. O turismo, entre eles, o da onça pintada que é que tem movimentado uma cadeia de sustento dos pantaneiros da região.

Além deles, a fauna e a flora, com danos irreversíveis pela maior queimada que se tem notícia dos últimos quinze anos. "Está tudo dizimado, e o pior é que não é só aqui, mas no Brasil todo. Se não continuarmos, mesmo assim, combatendo o fogo, ele irá combater a gente", finaliza.

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15/09/2020 - 07:32