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Um estudante de mestrado em Ciências Ambientais da Unemat, campus de Cáceres, representou na tarde de ontem, junto ao Ministério Público Estadual, contra a Polícia Militar, por agressão. Segundo ele relata em depoimento prestado na sexta-feira à Polícia Civil, naquele dia, por volta das 13 horas, ele estava no bairro Cavalhada III, onde mora, e se dirigia, a pé, para se encontrar com colegas, para estudar. Nas imediações de um mangueiral, foi abordado por dois policiais militares, e que um deles desceu da viatura com um revólver em punho. O estudante afirma ter sido abordado de forma truculenta e que questionou o motivo da abordagem. “A cada pergunta que eu fazia, eles se tornavam mais enérgicos e ríspidos”. Revoltado pela forma como estava sendo tratado, ele se negou a abrir sua mochila, onde estava seu notebook, e ao apresentar seus documentos, jogou a carteira sobre o capô da viatura, ao invés de entregá-la aos policiais. Ele foi algemado, colocado na parte traseira (gaiola) da viatura e levado ao Centro de Integração e Segurança de Cáceres (CISC), em uma sala onde estavam outros cinco policiais militares.
“Durante todo o tempo riram de mim. Me perguntaram onde eu havia conseguido meu notebook e meu celular. Eu os xinguei. Então um deles me bateu, me deu vários socos na cabeça e me levantou por duas vezes, me segurando pela garganta.” O mestrando conta que saiu do Cisc cerca de duas horas depois, após a PM ter feito um registro por desacato e ele ter dado sua declaração a uma escrivã da Polícia Civil, que o encaminhou para a realização do exame de corpo de delito. Ele fez radiografia do crânio no Hospital Regional e aguarda o laudo. Segundo ele, o PM que o agrediu não foi nenhum dos dois que estavam na viatura, e que ele “bate de um jeito que não deixa marca. Eu fiquei sem ar”. O denunciante está completando hoje 24 anos. “O dia era pra ser diferente. Estou muito triste e inconformado. É esta a polícia que nos protege?”-disse ele.
“Não quero aparecer nem fazer sensacionalismo. Estou com muito medo, e espero que o que aconteceu comigo não aconteça com ninguém. Sou negro e moro em um bairro periférico onde há concentração de bocas de fumo, mas no meu bairro todos me conhecem, conhecem minha família e nunca fui discriminado ou destratado”. Os familiares do estudante também manifestaram preocupação com o ocorrido e temem por sua integridade.
Na Unemat, o caso está sendo acompanhado pelo diretor do campus, professor Antonio Malheiros, e pela coordenadora do mestrado em Ciências Ambientais, professora Eliane Ignoti. Ambos demonstraram preocupação com a saúde do estudante e com sua integridade física.
O comandante regional da Polícia Militar, Alessandro Ferreira da Silva, informou que está sabendo do ocorrido mas não de forma oficial. Ele disse que a instituição está de portas abertas para receber o estudante e a denúncia. Informado pela reportagem que o estudante iria representar junto ao MP, ele afirmou que o procedimento será o mesmo: ouvir todas as partes, até que a situação seja esclarecida. “Se ocorreu a agressão, se a denúncia for comprovada, haverá a devida sanção que o caso requer. Mas temos que agir com tranquilidade e cautela. O que tenho em mãos é um boletim de desacato. Vou esperar pelo documento do Ministério Público e todos os procedimentos serão devidamente tomados”.