As eleições e os apelidos dos candidatos
Por João Arruda/Jornal Cacerense
05/08/2012 - 06:06
Com os registros dos candidatos já disponibilizados no site do Tribunal Superior Eleitoral é possível constatar um hábito muito comum na região do Pantanal – o emprego de apelidos nas pessoas -. Em Cáceres, aparecem alguns estranhos como, Bilau, Zé Galinha; Futrica e Creomir Cantor.
Nos chamados grotões da Grande Cáceres os apelidos desembestam tal qual semente de Jaraguá: em Reserva do Cabaçal, terra do deputado Ezequiel Fonseca, que tem o apelido de Coxa de Grilo, surge nesta eleição Marcos Manoel da Silva (PV) que é conhecido naquele povoado remoto como “Bilau”. Na vizinha cidade Rio Branco também situada no Oeste de Mato Grosso, chamam atenção os apelidos de Adnilson Zanol – Tabinha; Edvanio Tomazelli é tratado como “Torto”, enquanto que José Batista, prefere ser chamado de ‘Bizim”, outro candidato de nome Vandilson de Freitas tem a alcunha de “Sapinho”.
No povoado de Curvelandia José Felix é o famoso Zé da Bota; José Inácio é conhecido como Zé Barulho, enquanto que Maria das Graças só atende pelo apelido de Maria Melão; Waltenilson Moura é o Ratinho (DEM).
Na currutela do Lambari do Oeste com pouco mais de dois mil eleitores – Bartolomeu Pessoa é chamado de Boi na Faca (PR); José de Sene ninguém conhece mas se falar Zé do Queijo todos sabem. Assim se segue com Valdinei Vitorazzi que é conhecido como Nei da Leninha.
Presentino Pereira, funcionário da prefeitura em Cáceres, concorre pela primeira vez ao cargo de vereador assume tranquilamente o apelido de Presentino Futrica. O apelido segundo ele é por razões óbvias. Na família dele é comum o uso epitetos: outro irmão dele que concorre em Porto Esperidião é Laurentino Pereira, ex- policial militar filiado ao PDT atende por Loro Pilha Nova. Lá no Porto Esperidião, um descendente de indios chiquitanos formado em Agronomia pela UFMT, José Roberto, atende como Zé do PT, concorre a prefeitura local.
A primeira capital de Mato Grosso Vila Bela da Santissima Trindade vai de Pescço (PSD); Aroeira (PTB); Pintadinho (PSD); Valdemar Santos , conhecido como Cavalho (PSD), Nego Daio; e Uanderson Crepaldi, o Picachú (PDT).
Em Pontes e Lacerda, Corote é Hildeberto Pereira, devido a parceria dele com o aguardente, enquanto que em Jangada Humberto Bastos é tratado como Neno Marimbondo. Já em Mirassol do Oeste Adeilson Rocha é conhecido como Pedacinho. Já seu colega Arnaldo Motta atende como Sanfoneiro, Luiz Blanco é o Ganso e Marizo Barbosa todos chamam de Chega Chia.
Em Poconé, também situada no Pantanal, Gonçalo Costa Nunes é chamado de Beijo, apelido bonito faz um contraste com seu conterrâneo José de Castro que atende como Doido para todos.
Ainda em Cáceres a confraria pantaneira lamenta a desistência do comerciante Ramão Moreira, cunhado do vereador Celso Fanaia, que em razão das suas atitudes é batizado de Ramão Anta. Na última semana teve até galinhada no Bar do Raul como forma de “desagravo” à renuncia de Anta.
Os pantaneiros de Cáceres e de Poconé que cultivam esses hábitos de apelidos desde o início dos primeiros núcleos de povoações em Mato Grosso, ganharam novos adpetos com a chegada de levas de migrantes notadamente de Minas e do Espirito Santo que abriram as antigas Glebas da Grande Cáceres entre os anos de 1950 até por volta de 1976, quando cessaram as migrações de capixabas e mineiros no Oeste de Mato Grosso.
Em Rio Branco além dos apelidos há uma situação curiosa - separados os capixabas pelo Rio Doce na divisa com o estado de Minas Gerais, ao chegarem em Rio Branco - as famílias capixabas se apossaram de terras na margem esquerda do rio Branco enquanto que as familias de Minas fincaram os pés na margem direita do mesmo rio imitando a situação geografica de seus estados de origem, até hoje capixabas para cá, mineiros para lá.