O governador Pedro Taques deve ser peça essencial no pleito municipal do ano que vem, principalmente no que diz respeito a Cuiabá. A informação é do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que garante que a legenda não tomará nenhuma decisão sem antes ouvir a principal liderança tucana.
O fato pode implicar em um racha interno na legenda, uma vez que muitos militantes defendem a candidatura própria do PSDB em 2016. Taques, por sua vez, é aliado de primeira hora do prefeito Mauro Mendes (PSB), que deve disputar a reeleição.
Apesar disso, Maluf ainda não descarta a possibilidade de a sigla vir a lançar candidatura própria na Capital. De acordo com ele, a Executiva Estadual está fazendo um debate no sentido de a legenda disputar a eleição majoritária em todas as cidades-pólos do Estado.
“Acredito que com a ajuda do governador isso será possível, mas em um ou outro município, nós vamos ter que abrir mão em função de alguns acordos políticos que ainda não foram realizados”, frisa.
Diante disso, o parlamentar tucano confirma as informações de bastidores de que o empresário Marcelo Maluf tem chances de compor como vice na chama encabeçada por Mendes.
Já com elação ao seu futuro político, Maluf afirma que não pretende mais disputar a reeleição. De acordo com ele, o objetivo agora é fazer um bom trabalho como presidente para que possa estar habilitado a concorrer a uma vaga no Senado ou na Câmara Federal, ou até mesmo ser indicado para vaga de conselheiro do Tribunal de Contas.
DIÁRIO - O PSDB pode ter candidatura própria no pleito do ano que vem em Cuiabá?
GUILHEME MALUF - Há uma vontade por parte de alguns segmentos do nosso partido em ter candidatos em todas as cidades-pólos de Mato Grosso. Não é uma resolução ainda. Estamos fazendo um estudo para ver se vamos conseguir cumprir. Acredito que com a ajuda do governador isso será possível, mas em um ou outro município, nós vamos ter que abrir mão em função de alguns acordos políticos que ainda não foram realizados. Em Cuiabá, por exemplo, hoje nós estamos caminhando com Mauro Mendes. Existe uma aproximação muito grande, apesar de não ter selado nenhum acordo referente à eleição de 2016. Estamos ocupando uma secretaria de governo, que é com o Paulo Borges, mas, como eu disse, não há um fechamento de. O partido vai passar por uma discussão interna, só que um pouco mais ampliada, pois desta vez nós vamos ouvir o governador do Estado.
DIÁRIO - O senhor citou a parceria do PSDB com o prefeito Mauro Mendes (PSB). Nos últimos dias tem se falado muito da possibilidade de o empresário Marcelo Maluf (PSDB) vir a compor como vice na chapa encabeçada por Mendes rumo a eleição. Existe de fato a possibilidade de isso vir a acontecer?
MALUF - Existe sim. O Marcelo é filiado, é cuiabano e empresário, tem todas as qualidades para ocupar um cargo destes. Mas ainda não tem nada conversado.
DIÁRIO - Com relação à candidatura própria, como se dará este debate dentro do partido, tendo em vista que parte dos militantes defende a candidatura própria e parte não?
MALUF - A Executiva Estadual do partido já está tratando desta questão. Iniciamos a discussão acerca da metodologia que nós vamos utilizar para acomodar essas lideranças partidárias que estão migrando para o PSDB. Eu defendo que esta discussão seja encabeçada pelos três deputados estaduais do partido, pois nós estamos presentes nas bases e estamos conversando constantemente com o governador. Então, pra mim é mais fácil saber o que ele pensa e para onde ele vai. O governador vai ser ouvido em todas as circunstâncias, já que é a nossa maior liderança.
DIÁRIO - Com a filiação do governador Pedro Taques, muitas lideranças políticas com mandato eletivo aguardam a abertura da chamada “janela” para migrar para o PSDB também. Em Cuiabá, por exemplo, os dois vereadores do PDT já anunciaram que irão migrar para a sigla tucana, caso haja a janela. Tendo em vista que o partido já possui três vereadores, como se dará a composição de chapa proporcional no pleito do ano que vem?
MALUF - Vai haver alguns conflitos, não tem como evitar isso. Mas se adotarmos uma metodologia de como avaliar e proceder nessas situações, visando o crescimento do partido e não interesses pessoais, nós vamos superar estas dificuldades.
DIÁRIO - Qual avaliação o senhor faz da administração do prefeito Mauro Mendes?
MALUF - O governo de Mauro Mendes lastreou muito da sua campanha principalmente em dois pontos: saúde e geração de oportunidades. No momento, a geração de oportunidade vai ser complicado com esta crise que estamos vivendo. Com respeito à saúde, ele teve um auxílio muito grande do governador Pedro Taques, que o ajudou no Hospital São Bendito e também no novo Pronto Socorro. Acredito que isso vai fazer com que a sua avaliação melhore muito perante a população, tendo em vista que este setor vem sofrendo um desgaste muito grande. Eu não tenho acompanhado de perto a gestão, mas sem dúvida nenhuma estes dois hospitais vão melhorar a avaliação dele.
DIÁRIO - O senhor disse recentemente que não pretende mais disputar eleição. Quais os seus planos?
MALUF - Não pretendo disputar eleição para deputado estadual. Nosso objetivo é ou sair ao Senado, ou Câmara Federal ou até mesmo ir para o Tribunal de Contas. Ainda não tenho nada definido. Vou trabalhar a minha gestão como presidente. Esta talvez seja a minha prioridade numero um, pois tudo que eu fizer irá me credenciar a disputar qualquer cargo.
DIÁRIO - Com relação à Assembleia Legislativa, qual o reflexo que está tendo a reforma administrativa implantada pelo senhor no início da gestão?
MALUF - Hoje nós temos o controle orçamentário da Assembleia na mão. Fizemos um enxugamento que repercutiu muito. Diminuímos os contratos, o quadro funcional, e tudo isso gerou um caixa positivo na Assembleia, que permitiu que nós devolvêssemos R$ 20 milhões ao governo do Estado, e que vai permitir uma segunda devolução. Nós já estamos construindo esta segunda devolução. Ainda não temos os valores nem no que vai ser aplicado, até porque isso vai ser feito em conjunto com os demais deputados, mas certamente será em torno de R$ 50 milhões. Isso, associado a outras medidas, fez com que a Assembleia voltasse a ter uma relevância política no cenário. Os deputados estão muito atuantes, com três CPIs em andamento, muitos debates. A democracia aflorou na Assembleia, também pelo fato de termos um governador democrático, que permite que faça discussões de sua matéria, como aconteceu com a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
DIÁRIO - O senhor citou a questão da redução da folha de pagamento. O que podemos constatar é que ela aumentou ao invés de reduzir. Como se explica isso?
MALUF - Não procede. Temos que entender que só a reposição dos 9% já deu R$ 1,5 milhão a mais na folha de pagamento. Então, isso tem que ser levado em consideração. Muitas vezes as pessoas fazem este cálculo e não levam isso em conta.
DIÁRIO - Com relação às auditorias, quantas ainda estão em andamento?
MALUF - A única que ainda está em andamento com o auxílio do Tribunal de Contas é a questão da URV dos funcionários. Isso ainda vai levar uns 15 dias para ser concluído.
DIÁRIO - E com relação às auditorias que já foram concluídas, o que já pode ser percebido?
MALUF - Substituindo os contratos que entendemos que estavam comprometidos como aqueles de fornecimento de passagem, locação de vôos que estavam vencidas. Então, tivemos uma série de situações que foram remodeladas.
DIÁRIO - Alguma irregularidade grave foi encontrada?
MALUF - Não. As que consideramos graves já estão sendo investigadas pelo Ministério Público. Existem mais de 50 ações contra a Assembleia. Boa parte dela a Procuradoria da Casa já deu encaminhamento no sentido de resolvê-las. Acredito que este seja um dos principais sucessos da nossa gestão até agora: a construção de uma procuradoria eficiente. Hoje nós temos procuradores comprometidos com o seu trabalho, pois reestruturamos a carreira. Recentemente, inclusive, eles foram convidados para palestrar no colégio de presidente das Assembleias do país.
DIÁRIO - O que o senhor pode perceber de diferente entre época em que era deputado para agora, que responde como presidente da Assembleia Legislativa?
MALUF - Primeiro que a Assembleia estava muito distante da sociedade, com um descrédito muito grande. Nós estamos trabalhando para tentar recuperar esta credibilidade da Assebleia pautados na transparência e na seriedade. Nos próximos dias estaremos realizando um evento com o Ministério Público para anunciar as medidas que serão adotadas de controle de gastos, principalmente no que se refere a combustível, comunicação, gráficas. Isso é uma construção que está sendo feita, porque no passado já houve questionamento jurídicos sobre esses itens citados.
DIÁRIO - Alguns deputados recentemente reclamaram muito da falta de material de expediente no Parlamento Estadual. Esta, de fato, é uma realidade?
MALUF - É verdade, nós realmente tínhamos pouco material em nosso estoque. As licitações estavam vencidas e algumas com dúvidas sobre a sua legalidade. Agora que nós vamos conseguir licitar as gráficas. Fizemos duas adesões de ata para garantir o funcionamento da Casa, mas a licitação em si só vai sair agora. Então, faltou mesmo material, a justificativa é essa. A Mesa Diretora, pautada por este princípio de não querer repetir os erros do passado, vem tomando todo este cuidado.