Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Chacina na Bolívia: morte não comprovada
Por Diário de Cuiabá
18/08/2012 - 09:53

Foto: Diário de Cuiabá
Com cinco filhos para sustentar, a viúva Candelária Rivero Yaruba não tem como provar que o ex-marido está morto há três anos, pois até hoje não foi emitido o atestado de óbito. Adão Teixeira foi encontrado enterrado com mais cinco brasileiros, quatro homens e uma mulher, em uma fazenda perto de San Matías, na fronteira do Brasil com a Bolívia, no dia 11 de abril de 2009. O fato ficou conhecido como “Chacina da Bolívia”. Até hoje o corpo do ex-marido permanece em território boliviano. Nem mesmo a identificação dos corpos foi concluída. Notificada pela Polícia Federal de Cáceres em novembro de 2009, Candelária e os filhos forneceram amostras de sangue para a realização de testes de DNA. No entanto, os resultados do exame ainda não foram divulgados e as identidades das vítimas também não foram confirmadas. Ano passado Candelária foi chamada pela Defensoria Pública de Várzea Grande. No local, foi informada que o processo aberto por ela, requerendo o atestado de óbito tardio do marido, seria arquivado por seis meses. Em setembro do ano passado, ela foi comunicada de que o processo está sendo revisto pelo juiz Jones Gattass, no Fórum de Várzea Grande. Adão Teixeira deixou quatro filhos, que hoje vivem com a mãe. Candelária contou que ele sempre trabalhou no Brasil, e contribuiu por 15 anos no INSS. Depois de que se separarem, Adão foi para a Bolívia, onde trabalhava em um açougue. A casa que deixou para a família não possui escritura, apenas um contrato de compra e venda que está no nome de solteiro de Adão. Seus filhos não têm direito à pensão, pois sua morte ainda não foi comprovada. Ele era usuário de drogas e foi morto após ser acusado de pequenos furtos e de se envolver com traficantes. Ele tinha 36 anos na época. Há a suspeita de que os outros brasileiros, que foram encontrados com Adão, sejam Domingos Ferreira de Oliveira, Oscar Palomino Gil, conhecido como “Bife”, Samuel Braga, o “Ji Paraná”, e a mulher dele Silvana Oliveira Wischery, além de um homem apelidado por “Colombiano”. Os seis brasileiros foram assassinados a tiros, e as execuções ocorreram em fevereiro de 2009. O crime só foi descoberto devido uma denúncia feita por outro imigrante, que também estava na mira dos assassinos e conseguiu escapar. Ele saiu do país e contatou policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), que encaminhou o caso para a Polícia Federal. Hoje a viúva de Teixeira possui apenas a carteira de trabalho do ex-marido como documentação. Ela conta que uma conhecida achou o documento, que caiu dos pertences de Adão, quando ele tentava fugir dos assassinos. “Eu não quero saber quem matou, não estou tentando retomar o caso todo. A única coisa que eu quero é ter a certificação da morte e, assim, poder dar um futuro para minhas crianças”, disse.
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