Constantes protestos de alunos da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) expõem um verdadeiro caos do Campus de Cáceres. Eles denunciam desde a falta de equipamentos de laboratórios, ar condicionado nas salas, giz e até papel higiênico nos banheiros. Há ainda suspeita de que estariam consumindo água contaminada com fezes de pombos, além de indícios de desvio de recursos na contratação de uma empresa para manutenção de limpeza de aparelhos de ar condicionado. A direção do Campus admite a falta de estrutura. Porém, diz que falta de recursos para fazer frente aos serviços.
O Campus Universitário “Jane Vanini” é o maior da instituição. Conta com cerca de 4.500 alunos, distribuídos em 13 cursos regulares, entre eles, Medicina, Direito, Enfermagem, Informática e Letras. Além de cursos de pós-graduações, mestrados e doutorados. Apesar da gravidade da situação, a reitoria não se manifesta sobre o assunto. A reitora Ana Maria Di Renzo, informou através do chefe de gabinete professor Miguel Castilho Júnior, de que “esses assuntos são de responsabilidade da direção do campus”.
“Isso aqui é uma vergonha. As lousas estão deterioradas, falta giz e os livros da biblioteca estão defasados. Tem alguns de até 15 anos” afirmou o aluno Walter dos Santos, representante do curso de Matemática. “Temos que trazer água de casa porque, a da universidade é de má qualidade e está com suspeita de contaminação por fezes de pombo” completou a aluna Beatriz Oliveira, do curso de Letras, explicando que, além disso, os banheiros que não estão entupidos faltam papel higiênico.
Como se não bastasse todas as deficiências, há ainda suspeita de desvio de recursos. Ao denunciar a falta de ar condicionado nas salas, o aluno do curso de Direito, Daniel Bretas, diz que a direção do Campus, pagou cerca de R$ 70 mil para que uma empresa realizasse reparos nos aparelhos de ar condicionado, mas, segundo ele, nada foi feito. “O calor é insuportável nas salas de aula. Os aparelhos de ar condicionado estão danificados. A direção do Campus pagou cerca de 70 mil para uma empresa fazer a limpeza, mas, pelo que parece, nada foi feito”.
As más condições da estrutura do Campus podem comprometer o ano letivo na universidade. Pelo menos três manifestações de protestos foram realizadas pelos alunos, em menos de 30 dias. Um grupo de estudantes do curso de Educação Física, interditou a sede da Vila Olímpica, local onde está previsto a realização da Jornada Científica, no final do mês. Na sede do Campus, a Vigilância Sanitária, recomendou a suspensão da liberação da água aos alunos, devido a suspeita de contaminação com fezes de pombo. Os acadêmicos avaliam ampliar o protesto deixando de comparecer as aulas, até que a situação seja normalizada.
Direção diz que faltam recursos
Diretor do Campus Universitário “Jane Vanini”, professor Antônio Francisco Malheiros, admite a falta de estrutura e até apoia os alunos. Porém, afirma que faz o que é possível e que o problema é a falta de recursos. Ele explicou que, o Campus recebe da reitoria R$ 108 mil mensais quantia, segundo ele, totalmente insuficiente para fazer frente às necessidades da instituição. “O movimento dos alunos é justo. Realmente, a situação é constrangedora, mas estamos fazendo o que é possível. Os recursos que recebemos é totalmente insuficientes para atender as demandas” enfatizou.
Malheiros explicou ainda que, além dos parcos recursos, o Campus está a dois meses sem receber. ”Neste ano recebemos oito repasses de R$ 108 mil. Estamos sem receber desde setembro. Além disso, tivemos problemas na tramitação do processo de licitação para aquisição de vários produtos, principalmente, de limpeza. Mas, mesmo assim, estamos resolvendo os problemas na medida do possível”.
Para resolver o problema dos aparelhos de ar condicionado, de acordo com o diretor, serão necessários R$ 300 mil. Assinalou que, mesmo assim já adquiriu 25 novos aparelhos de 18 mil BTUs para salas de aula e 6 de 60 BTUs para a biblioteca. “Esses novos equipamentos já foram adquiridos e serão entregues nesta semana. Com esses aparelhos gastamos R$ 102 mil” garantiu acrescentando que já disponibilizou também R$ 45 mil para aquisição de materiais hidro sanitários para reparos nas instalações dos banheiros. E, que está em fase de licitação a compra de 60 lousas de vidros para substituir as que estão danificadas.
Suspeita de contaminação por fezes de pombos
A suspeita de contaminação por fezes de pombos foi levantada no início do mês, quando uma empresa contratada para realizar limpezas na caixa d’água da biblioteca encontrou um amontoado de fezes dos animais, no piso da caixa. A caixa já havia sido interditada há 45 dias. Porém, a suspeita é de que, nos meses anteriores, os alunos consumiram a água contaminada.
Um dos trabalhadores que participou da limpeza informou que, há suspeita muito grande de que, nas demais caixas, que estão distribuindo água aos alunos, também estejam contaminadas. Diante disso, a Vigilância Sanitária, recomendou a suspensão da distribuição de água em todo estabelecimento, o que não foi cumprido.