Um levantamento da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) mostra que aproximadamente 1,5 mil pessoas são consideradas desaparecidas no estado. Os dados são do sistema integrado da Polícia Militar e Polícia Civil, a pedido do G1. Segundo a Sesp-MT, os dados foram atualizados até novembro de 2016, quando havia registro de 1.591 desaparecidos.
Em Cuiabá, 439 pessoas são consideradas desaparecidas pela secretaria. Dessas, 246 são do sexo masculino e 190 são do sexo feminino.
Em Várzea Grande, região metropolitana da capital mato-grossense, 239 pessoas constam do sistema de desaparecidos.
A maioria é do sexo feminino: 126 registros; enquanto que 111 casos envolvem homens. As duas cidades concentram o maior número de casos, sendo que ainda há registros que vieram de cidades vizinhas.
Para a delegada adjunta da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Silvia Virginia Biagi Ferrari, que é responsável pelo setor de desaparecidos, a maior dificuldade enfrentada pela polícia é a colaboração de testemunhas que poderiam ajudar a solucionar os casos.
As pessoas, na avaliação dela, têm medo de sofrerem represálias ou ameaças. A delegada salienta que as pessoas podem ajudar com informações de forma anônima.
“Vemos muitos casos de idosos que saem de casa e não sabem voltar, além de [casos de] adolescentes. Percebemos que existem muitos problemas familiares também. Pessoas que brigam com a família e saem de casa. Já vimos muitos casos de adolescentes que são dadas como 'desaparecidas' e que são encontradas na casa do namorado ou [uma adolescente] que decidiu fugir com ele”, lembrou Ferrari.
Sobre Cuiabá, o levantamento aponta que meninas entre 13 a 17 anos representam 92 casos de desaparecidos. Já a faixa etária masculina, a maioria diz respeito a homens que têm entre 30 a 35 anos.
A delegada afirma que não é preciso esperar um determinado prazo para a comunicação de um desaparecimento. As pessoas esperam entre 24 e até 48 horas para informar um sumiço.
“Deve procurar a polícia imediatamente. Veja, se você tem uma rotina, morando com a família ou não, você comunica alguém ou até mesmo as pessoas sabem a sua rotina. Quando essa pessoa sai fora da rotina, pelo certo e pelo incerto, é melhor procurar a polícia”, orientou.
Em Várzea Grande, dos 126 casos de mulheres desaparecidas, 60 são de adolescentes com idades entre 13 a 17 anos. Na mesma cidade, na categoria masculina, dos 111 registros, 22 envolvem jovens entre 25 a 29 anos. Adolescentes e jovens entre 13 a 24 anos também aparecem no topo do ranking.
Outro problema comum é a falta de comunicação por parte das famílias quando uma pessoa reaparece. Muitas vezes, a polícia não é avisada de que a vítima não está mais desaparecida.
Casos de desaparecidos ou denúncias podem ser feitas pelo telefone 197 e até mesmo na Delegacia Virtual, além das unidades policiais. Informações e fotografias de vítimas são divulgadas pela Polícia Civil por meio de redes sociais.