Dauri relatou sua versão a advogado, e disse que vai se apresentar
Empresário que agrediu violentamente homem de 62 anos pelas costas com um cabo de machado tem decretada sua prisão preventiva. Dauri Félix Dutra é considerado foragido da Justiça. A tentativa de homicídio foi registrada por câmeras de segurança de um comércio, na cidade de Cáceres em uma casa de carnes no bairro Cavalhada.
O comerciante Sidinei Giraldelli, cliente da casa de carnes, conversava com outros clientes e funcionários quando o agressor entrou no comércio e, pelas costas, passou a desferir os violentos golpes. As testemunhas tentaram interferir, quando foram ameaçadas pelo agressor que não largou em nenhum momento o pedaço de madeira. As imagens mostram a vítima caindo já aos primeiros golpes e mesmo assim, sem chance de defesa, continuou a ser alvo da fúria do outro comerciante.
Segundo o delegado Alex Souza Cuiabano, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher e Idoso de Cáceres, o advogado de Dauri teria mantido contado e assegurado que o cliente vai se apresentar em juízo. O conflito entre os dois comerciantes seria antigo e motivado por uma disputa judicial por uma propriedade, informou o delegado.
As imagens não deixam dúvida sobre a intensidade das agressões, pondera o delegado, que teve o pedido de prisão acatado. A arma usada para agredir a vítima foi um cabo de machado, da própria loja de materiais de construção pertencente ao acusado, que fica ao lado da casa de carnes.
A vítima ficou hospitalizada por três dias e agora se recupera em casa. Segundo postagem da filha Suzanne Nunes, em rede social, as agressões resultaram em uma “rachadura no crânio, mandíbula deslocada, o ouvido foi empurrado e deslocado junto da mandíbula”. A família apela para a divulgação das imagens para que o agressor seja preso o quanto antes.(Silvana Ribas, Gazeta Digital)
Veja agora a versão de Dauri Félix:
Em contato com o advogado Rubens Marc Soares da Silva, responsável por sua defesa, asseverando o direito ao contraditório, garantido pela Constituição Federal Brasileira de 1988, Dauri Felix Dutra relatou o seguinte fato:
'Me chamo Dauri Felix Dutra, vim de uma família humilde e tive mais 9 irmãos de sangue e 3 irmãos de criação.
Tudo o que conquistei foi as custas de muito trabalho, e o meu maior patrimônio foi um sítio no alto da serra. Minhas filhas cresceram lá e de lá também tirava o meu sustento.
Com objetivo de melhorar de vida, decidi vender o meu sítio para um velho amigo, Sidnei Giraldelli. Como a gente era amigo, eu confiava nele, mas nunca imaginei que essa decisão ia mudar a minha vida.
Depois de receber o sinal da negociação, decidi buscar meu freezer que ficou no sítio. Fui autorizado pelo Sidnei que inclusive me passou a chave. Quando cheguei lá o caseiro não estava mas decidi pegar o meu freezer mesmo assim, já que era isso que a gente combinou. Fiquei muito surpreso quando fui devolver a chave e encontrei o Sidnei furioso. Ele me ameaçou e disse que não pagaria mais o que me devia.
Fiquei desesperado e tentei conversar várias vezes com ele, tentando receber o dinheiro que faltava (e que corrigido gira em torno de 2 milhões de reais), mas o Sidnei debochava da minha cara e dizia que não ia me pagar. Ele sabia da minha necessidade o que tornou o que ele fez mais desumano ainda. Mas eu também não sou bobo e, por segurança, guardei a documentação da terra ? essa era a minha única garantia para receber o valor que ele me devia.
Já faz 12 anos que enfrento ele na justiça. A minha vida desabou, tive que tirar a minha filha mais nova da escola particular porque não tinha como pagar. Meu dinheiro ia tudo para pagar advogado, mas fui muito mal representado no início. Tentei começar de novo abrindo uma loja de Materiais para Construção. Nunca desisti.
Durante esses 12 anos, enfrentei, além das batalhas judiciais, ameaças, a arrogância e o deboche deste homem.
Meus irmãos e o irmão dele tentaram fazer um acordo, eu estava disposto a diminuir o valor, mas ele não quis, disse que não tinha a intenção de me pagar e que o juiz ia decidir a favor dele, e que ele ia conseguir a escritura de qualquer jeito através de usucapião.
A chacota deste sujeito chegou ao ponto que ele decidiu visitar o meu vizinho de loja, também comerciante, oferecendo empréstimo de dinheiro e compra de sua casa de carne. Nos últimos meses eu escutava com frequência dos meus vizinhos que o Sidnei não parava de falar a meu respeito e não saía da Casa de Carne, onde passava horas, parando o carro muitas vezes na frente da minha loja, como provocação.
No dia 1º de Maio (Dia do Trabalhador), como moro nos fundos da minha loja, ia sair para almoçar, quando vi o carro do Sidnei, ele estava no açougue e ficou por lá de meio dia até as 2h da tarde mais ou menos, fiquei com medo de sair, achando que fosse uma emboscada, já que sabia que ele andava armado e com um capanga para me intimidar.
No dia do ataque em particular, eu estava muito amedrontado, porque novamente o Sidnei tinha parado em frente da minha loja, mas nesse dia ele me viu e apontou o dedo, como se dissesse Ainda vou te pegar. Vi quando os dois entraram dentro do Açougue e agi por impulso, eu estava desesperado!
Me arrependo muito da minha atitude! Mas a minha intenção nunca foi matar o Sidnei, o que pode ser confirmado através do prontuário e laudo médico e pelo fato de que não continuei a ação. Parei por vontade própria, ninguém me parou. Ele recebeu alta menos de 12 horas depois de dar a entrada no hospital.
Agi por um forte impulso de querer fazer justiça, eu estava angustiado, amedrontado e nervoso por que o Sidnei me levou tudo: o meu sítio, o meu patrimônio e a minha honra.
Eu queria que as pessoas se perguntassem:
Se ele tivesse me pagado o que devia, que finalidade teria o meu ataque?
Porque, eu que não tenho antecedentes criminais, iria colocar em risco a minha liberdade?
O que ele fazia no açougue ao lado da minha loja (com tantos outros na cidade) senão querer me humilhar e me intimidar?
Minhas filhas não tiveram as oportunidades que eu tinha prometido quando decidi vender o nosso sítio para o Sidnei.
Hoje moro nos fundos do meu comércio e minhas filhas em casa cedida pelo governo. Essa realidade foi plantada pelo homem que se dizia meu amigo e em quem confiei!
Me arrependo do que fiz: pela situação que me encontro, não vou poder ver nascimento do meu primeiro neto, nem dar um abraço na minha filha mais velha que fez aniversário.
Desde o dia do ataque eu queria me entregar e falei com meu advogado. Mas fui informado de que o vídeo tinha vazado e que a população só conhecia a versão do Sidnei. Eu não me apresentei ainda porque tenho medo de ser morto. Mas estou requerendo em juízo data e hora para a minha entrega.
Expus minha família.
Fui chamado de covarde! Isso doeu muito! Não sou covarde, nunca fui. Mas ninguém sabia a verdadeira história e por isso compreendo e aceito o que foi dito.
Quero e espero um julgamento justo, que leve em consideração os dois lados da história. Eu já calei por tempo demais e sei de muitas outras histórias parecidas com a minha em que este mesmo homem destruiu outras famílias.
Sei que Sidnei é muito influente e tem amigos poderosos, mas, confio na lei do Homem e na Lei de Deus. Estou sofrendo as consequências de uma imprudência. Devia ter prestado queixa, ter feito um B.O, ter acusado o Sidnei por intimidação e assédio moral. Mas minha culpa acaba aí.
Errei em confiar num lobo vestido na pele de cordeiro. Estou sofrendo pelas minhas decisões, mas estou disposto a reparar o que fiz, só quero ter o direito de contar o outro lado da história. A versão real da história.'(Fonte: site Ripa nos Malandros)