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Coronel cita periculosidade de PMs e diz temer por sua vida
Por Midianews
29/06/2017 - 16:48

Foto: Midianews

O ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Zaqueu Barbosa afirmou que teme por sua vida dentro do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Cuiabá.

 

Ele está preso na unidade militar desde o dia 23 de maio, sob a acusação de integrar um suposto esquema de escutas ilegais no âmbito da PM, que teria a conivência do Palácio Paiaguás.

 

O temor do ex-comandante foi manifestado durante depoimento no Comando Geral da PM, na tarde de terça-feira (27). Ele também disse temer, inclusive, que algo de ruim possa acontecer à sua família.

 

“(...) que sobre a divulgação pela imprensa dos nomes de PMs que foram interceptados teme pela sua integridade física e de sua família, por conhecer a periculosidade dos policiais militares que eram investigados, porque hoje está preso em uma unidade que tem apenas um policial militar a noite fazendo a guarda”, diz trecho do depoimento do oficial.

 

Os militares em questão foram interceptados numa investigação do Núcleo de Inteligência da PM sobre tráfico de drogas, em Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá).

 

O coronel Zaqueu foi quem requereu autorização da Justiça para que os telefones dos policiais fossem grampeados, com base no relatório do Núcleo de Inteligência da PM.

O pedido foi aceito pelo juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que atuava na comarca de Cáceres. Zaqueu admitiu que manteve contato com o magistrado a respeito do caso, mas negou ter pedido a inserção de números fora da investigação.  

 

Zaqueu revelou, ainda, que todos relatórios de interceptação envolvendo os militares foram feitos pelo cabo Gerson Ferreira Correia Júnior – que também está preso por envolvimento nas supostas escutas ilegais –, “pois era ele o analista responsável”.

 

O coronel observou que nunca pediu para que ele grampeasse  jornalistas, políticos, médicos e servidores públicos. 

 

Zaque alegou que só ficou sabendo das supostas escutas ilegais após a veiculação de uma matéria sobre o caso, no programa "Fantástico", da TV Globo.

 

“(...) que nunca teve conhecimento da interceptação de uma deputada estadual, um desembargador aposentado, jornalistas e outros; que não fiscalizou integralmente as atividades desenvolvidas pelo cabo Gerson, até em decorrência das atividades que realizava, dos relatórios que leu, não possuía meios e ferramentas para saber se aqueles números realmente eram de policias militares”, diz outro trecho do depoimento do oficial.

 

Prisões

 

Na última sexta-feira (23), o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, decretou a prisão do chefe da Casa Militar do Estado, coronel PM Evandro Lesco, do tenente-coronel Januário Batista, do coronel Ronelson Barros e do cabo Euclides Torezan. Eles também são acusados de participar do suposto esquema.

 

Escutas ilegais

 

A denúncia sobre a rede de grampos foi feita no início deste ano, ao Ministério Público Federal (MPF), pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Estado de Segurança Pública. 

 

Mauro Zaque disse que recebeu uma denúncia anônima, com documentos, que evidenciavam a prática ilegal.

 

Segundo ele, a denúncia foi levada ao conhecimento do governador Pedro Taques (PSDB), em setembro de 2015. O governador, por sua vez, negou ter conhecimento do caso e entrou com um processo contra Zaque.

 

O suposto esquema funcionaria por meio da chamada "barriga de aluguel", quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.

 

No caso da denúncia, teria sido usado um inquérito que investigava uma quadrilha de traficantes de cocaína.

 

Ao pedir a quebra dos telefones dos supostos membros da quadrilha, teriam sido inseridos, ilegalmente, na lista encaminhada à Justiça, os telefones que interessariam ao grupo monitorar.

 

A decisão que autorizou as escutas contra a quadrilha seria da Comarca de Cáceres, na fronteira do Brasil com a Bolívia.

 

Entre os grampeados estariam a deputada Janaina Riva (PMDB); o advogado José do Patrocínio; o desembargador aposentado José Ferreira Leite; os médicos Sergio Dezanetti, Luciano Florisbelo da Silva, Paullineli Fraga Martins, Hélio Ferreira de Lima Junior e Hugo Miguel Viegas Coelho.

 

O inquérito sobre o caso está na Procuradoria Geral da República, sob comando do procurador Rodrigo Janot.

 

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