Protesto contra o ato será realizado por familiares na próxima segunda-feira (23) na Praça Ipiranga.
"Cheguei ao hospital pronta para dar a luz ao meu segundo filho ás 02h30min da manhã do dia 07 de julho, e viver o dia mais feliz da minha vida. Mas saí de lá com ele morto", Esse é o relato de Luana Lacerda pinto, 21 anos, mãe de Pedro Henrique Lacerda Silva.
Luana relata que ao chegar ao Hospital Geral Universitário, foi encaminhada para um quarto de espera onde ficou das 02:30 até as 15:20 da tarde horário do parto, onde o tempo todo conforme relato informou a equipe que estava com muita dor e que não poderia ter a criança de parto normal, pois não tinha dilatação e o médico informou que seria normal, e mais uma vez disse que não tinha dilatação.
“Passei a manhã toda com muita dor, por várias vezes chamei a equipe para informar que não tinha dilatação e somente no período da tarde quando eles viram que eu não estava mais aguentando e eles tentaram fazer o parto normal e perceberam que não tinha dilatação, colocaram aparelho para ouvir o coração do bebê e não ouviram os batimentos, foi ai que eles perceberam que o meu útero tinha estourado e então resolveram fazer a cesariana de emergência e me levaram para a sala de cirurgia as pressas, daí não vi mais nada”, disse a mãe.
Luana ainda lembra-se dos momentos de dor que passou no hospital e relata que após ser levada para a sala de cirurgia, foi anestesiada e antes que a mesma fizesse efeito à equipe médica retirou o feto puxando com as mãos o que a fez sentir muita dor.
O pai da criança, Paulo da Silva disse que por várias vezes tentou avisar que a esposa não tinha condições de ter um parto normal, devido a não ter dilatação e que foi ignorado, sendo informado de que a esposa iria ter a criança de parto normal.
Luana deu entrada no hospital no dia 07, sendo liberada no dia 11 de julho e o bebe ficou na UTI Neonatal por aproximadamente 15 dias vindo a óbito na ultima sexta-feira (20). Familiares estão indignados e alegam que o bebê já nasceu morto e que ao dar entrada no hospital o pai da criança apresentou documento do pré natal onde indicava parto cesáreo devido a falta de dilatação.
Conforme o laudo médico a paciente não poderá entrar em trabalho de parto em futuras gestações devido a rotura uterina.
Conforme algumas mães que preferiram não revelar seus nomes, esse tipo de atitude é muito comum em hospitais, tanto na rede pública como na privada, elas relataram na entrevista que geralmente as mulheres que reclamam mais de dor são censuradas e chacoteadas com palavras como “Na hora que fez não doeu” “Se continuar com frescura eu não vou te atender” e tantas outras. “Imagina uma gestante ouvindo esses tipos de frases na hora do parto, isso é mais comum do que se imagina”, relatou uma mulher.
Uma Funcionaria Pública que não quis revelar o nome por medo de represália, disse que também já foi vitima de violência obstétrica e que quando tomou conhecimento do caso da Luana resolveu se pronunciar, então procurou a família e ofereceu ajuda no sentido de colocar a publico o ocorrido, “isso é um crime e não podemos aceitar que esse tipo de coisa continue acontecendo em nosso Estado, estamos em uma época em que temos o direito de falar, de denunciar. Me sensibilizei com essa mulher, pois também por uma situação bem parecida, hoje tenho uma filha que sofre com epilepsia e vejo tantas outras mulheres falarem sobre essas atitudes na hora do parto que resolvi levantar uma bandeira por essa causa aqui em Cuiabá e incentivar outras mulheres a também fiscalizarem em suas cidades, temos que nos unir senão mais mulheres serão vitimas desse tipo de violência. Acredito que o governo deveria realizar um trabalho mais amplo e fiscalização contra esse tipo de ação, bem como também trabalhar a importância do planejamento familiar, com campanhas mais eficientes, a vida é preciosa para ser acabada dessa forma.
Protesto
Os familiares da mãe de Pedro Henrique Lacerda Silva vão realizar amanhã (23), às 16hs, em frente ao Hospital Geral Universitário e segue em passeata até a Praça Ipiranga, um protesto para cobrar dos governantes que investiguem os hospitais, melhorias na saúde, que investigue o caso que e principalmente a questão da violência obstétrica.
O protesto deverá sair da Praça até a frente do Hospital Geral Universitário, local onde aconteceu o ato citado nessa matéria.
Serviço
Evento – Protesto contra Violência Obstétrica
Data - 23/07
Horário-16hs
Local – Hospital Geral seguindo para a Praça Ipiranga