Mato Grosso tem cinco praias consideradas impróprias para banho. Boletim de balneabilidade divulgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), revela que de 27 amostragens analisadas, cinco foram classificadas como impróprias por oferecerem risco à saúde e proliferação de doenças como hepatite. Destes, dois pontos estão no rio Cuiabá, sendo um na Comunidade São Gonçalo, no município de Cuiabá; e outro na Comunidade Bonsucesso, na cidade de Várzea Grande; outro na praia do Rio Paraguai, no município de Barra do Bugres; e dois em Cáceres, no Córrego Peraputanga (cachoeira) e na praia da Carne Seca.
Apesar de reduzir os trechos de análise em relação ao levantamento feito no ano passado, o número de praias impróprias aumentou. A diminuição ocorreu por fatores como falta de acessibilidade ao ponto de coleta ou ainda por não serem mais frequentados por banhistas. Em 2018 foram 30 pontos analisados sendo quatro impróprios, neste ano 27, com cinco impróprios. Praias como a de Bonsucesso e São Gonçalo Beira Rio figuram como impróprias há mais de 10 anos. Para o coordenador de Monitoramento da Água e do Ar da Sema, Sérgio Batista de Figueiredo, a repetição destes resultados constata que a área urbana não está tendo o tratamento adequado do esgoto. “Isso significa que as ações destes municípios não tem sido eficazes e a poluição não está sendo contida”, destaca.
Sérgio explica que o estudo de balneabilidade avalia as condições dos locais usados para banho. São monitorados anualmente os lugares que têm fluxo de banhistas. O levantamento é realizado no período de estiagem, quando o rio baixa e as praias começam a aparecer. Das cinco coletas, há um limite de coliformes que vai determinar se a água está própria ou não para banho. Um dos critérios para as águas serem consideradas próprias é quando em 80% ou mais do conjunto de coletas houver no máximo 800 NMP (número mais provável) de Escherichia coli por 100 mililitros. Também poderá ser considerado impróprio quando no trecho avaliado for verificado que na última amostragem foi superior a 2.000 Escherichia coli por 100 mililitros; e quando houver incidência elevada ou anormal, na região, de enfermidades transmissíveis por via hídrica; presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação, entre outros.
Os dados divulgados pela Sema além de provocar os municípios à mudanças, servem de alerta a população para evitar os locais considerados impróprios.José Aparecido da Costa, 68, é morador da comunidade de São Gonçalo Beira Rio. Ele diz que o rio era considerado uma fonte de vida para a comunidade, mas que aos poucos está vendo as águas que serviram a tantas famílias serem afetadas por poluição. “Criei meus filhos todos aqui, a gente vivia na beira do rio, banhava, lavava as roupas. Mas, com o passar do tempo o rio vem sendo destruído, nenhum dos meus cinco netos tomaram banho aqui, não deixamos. Hoje nós não temos nem coragem de comer o peixe daqui”, diz.
Os prejuízos também são destacados pela moradora Helena Assis, 44. A dona de casa confirma que há alguns anos o rio tem sido alvo do despejo de esgoto. Também destaca a grande presença de lixo acumulada na água. Helena alega que a situação afasta até mesmo visitantes. “Muita gente que mora aqui nunca nem foi na beira do rio. Ninguém se arrisca a tomar banho. O que deveria ser espaço de lazer para os moradores está sendo tomado pela poluição. É um mau cheiro, lixo, esgoto. Nosso rio não merece isso”, avalia.