Ainda não há vacina contra o coronavírus, mas existem vacinas para doenças tão letais quanto esta
Diariamente dezenas de pessoas têm ligado na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde, em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá/MT), em busca de vacina contra o coronavírus. Porém, explica a pediatra Sandra Monteiro, ainda não há vacina contra o coronavírus, cuja prevenção por enquanto são cuidados gerais para evitar a propagação de doenças de transmissão respiratória.
A médica observa que o surgimento do coronavírus (2019-nCoV) na China, que já levou à óbito cerca de 600 pessoas, acende mais uma vez o alerta para a importância da população manter o calendário de vacinação em dia.
“O que nós profissionais da saúde observamos é muitos só lembram de vacinas quando surge, por exemplo, a notícia do risco de pandemia, como ocorreu em 2009 com a gripe H1N1, as pessoas correram desesperadamente atrás da vacina. Quando surge um caso de meningite, as pessoas correm atrás da vacina. Porém, o mais importante é que todos mantenham o calendário vacinal atualizado”. A pandemia da gripe H1N1 levou à morte mais de 21 mil pessoas no Brasil.
A pediatra aproveita a preocupação com risco à saúde despertado com essa epidemia para lembrar que há imunização contra muitas outras doenças cujo risco de contágio pode estar muito mais próximo de todos, como a febre amarela, o sarampo e a gripe H1N1, por exemplo, muitas delas tão ou mais letais quanto esse novo vírus que tem assustado o mundo.
Sarampo
Dra. Sandra Monteiro também lembra a recente epidemia de sarampo no país, ainda em plena campanha para controle com muitos casos e óbitos desta doença que estava eliminada há muitos anos por conta da alta cobertura vacinal.
“Mas, o próprio sucesso da vacina faz com que as pessoas comecem a esquecer da doença e passar a ter medo dos possíveis eventos adversos da vacina que são raros, geralmente leves e muito dificilmente levam a uma complicação maior. Quem não conhece a doença fica com medo do que a vacina pode causar e não vacinam as crianças”, ressalta.
A redução cobertura vacinal, conforme a pediatra, trouxe o sarampo de volta. “Aí o vírus encontrou pessoas susceptíveis e a doença se disseminou, porque o sarampo é extremamente contagioso e uma pessoa com a doença pode infectar nove de cada 10 pessoas não vacinadas ao seu redor”.
Meningite
O surgimento de caso de meningite também faz as pessoas a correrem atrás de vacina. “Falando de meningite, vacinas contra muitas causas desta doença estão contempladas desde o início do calendário vacinal, como a meningite tuberculosa, a meningite por hemófilos, algumas meningites virais, como a causada pela caxumba, as meningites meningogócias”, pontua a médica, lembrando que todas estão distribuídas no calendário de vacinação pensando na melhor idade de resposta vacinal e maior exposição de riscos.
A importância de manter o calendário vacinal em dia é que a pessoa já se protege desde a idade mais indicada contra uma série de doenças infectocontagiosas que em décadas e séculos passados foram extremamente importantes e graves e hoje tem muita gente que nem conhece.
“Doenças infectocontagiosas são doenças causadas por algum agente patogênico como vírus, bactérias, fungos, parasitas e que podem ser transmitidas para outras pessoas”, define a médica.
Dra. Sandra Monteiro também destaca que muitas vacinas têm um tempo de proteção e precisam de reforços ou precisam ser indicadas em idades em que a exposição ou riscos aumentam. Devem ficar atentas as pessoas que têm riscos no trabalho, as gestantes e também aquelas que vão viajar para algum lugar cuja epidemiologia é diferente do Brasil.