— Somente o gestor local tem condições de definir o que é melhor para sua população. Nós daqui de cima temos muito pouca capacidade de dizer se tem que fechar um parque ou determinado segmento social. É fundamental a necessidade de se fazer o distanciamento social por mais alguns dias, e isso deve ser feito de acordo com a realidade de cada região — afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira.
O Ministério da Saúde afirmou ainda que a decisão sobre o grau de rigor das medidas deve levar em conta fatores como o número de leitos, de equipamentos à disposição, de profissionais de saúde e de casos registrados. O secretário de Vigilância em Saúde alertou para o fato de que a flexibilização das medidas acaba impactando no setor de saúde por outros motivos, como, por exemplo, o aumento de acidentes de trânsito, que também demandam leitos. Para além disso, o maior número de circulação de pessoas vai acelerar a transmissão do vírus.
— É obvio que se tenho mais gente circulando, mais vírus sendo transmitido terá. Não tenha dúvidas disso. Então, precisa analisar a situação de cada local — disse Wanderson Oliveira.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, também destacou a necessidade de ampliar a capacidade de atendimento da rede de saúde, como forma de enfrentamento à pandemia:
— Não é só distanciamento, mas também nossa capacidade de atendimento. Essa capacidade pode ser elevada. Colocando mais equipamentos, mais leitos, abrindo hospitais de campanha, contratando mais profissionais e equipamentos de proteção individual. Aumentando a nossa capacidade instalada, podemos atender um volume maior de pessoas.
O Ministério da Saúde reforçou a preocupação com o avanço da doença em quatro capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Fortaleza, por conta do número de casos registrados. Apesar disso, segundo a pasta, nenhuma região no país adotou o lockdown, ou bloqueio total, até o momento. Essa medida se diferencia do distanciamento social ampliado (não apenas para grupos de risco) pelo emprego de barreiras policiais nos pontos de acesso às cidades ou bairros para impedir a entrada e saída.
— É uma medida muito amarga, que traz impactos econômicos expressivos. Esperamos que não tenhamos que adotar no Brasil. Para isso, é essencial que distanciamento social não seja relaxado, especialmente nas cidades de Manaus, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro. O momento não é de pensar em lockdown, é de pensar em distanciamento, social, cobrir o rosto, lavar as mãos, usar as mascar e se tiver sintomas ficar em casa. As medidas de higiene, de distanciamento social são as armas mais poderosas que temos no momento — afirmou o secretário Wanderson.
Durante a coletiva, os dois foram questionados sobre o fato do presidente Jair Bolsonaro ter gerado aglomeração de pessoas durante a visita um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás neste sábado.
— Não vamos responder sobre comportamento e posição do presidente da república — disse Gabbardo.