Surdos querem escolas bilíngues em MT
Por Midianews
08/11/2012 - 09:22
A efetivação de Escolas Bilíngues (Língua Oral e Língua Brasileira de Sinais) está entre as propostas que deverão ser debatidas por alunos surdos e profissionais da Educação, durante o II Seminário de Educação de Surdos do Estado de Mato Grosso. O evento teve início na segunda-feira (7), no Hotel Fazenda, em Cuiabá, e se estende até a sexta-feira (9).
Cerca de 120 pessoas prestigiaram a abertura do Seminário, que ocorreu pela manhã e contou com a participação da gerente de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Nágila Zambonatto, e representantes do Centro de Formação dos Profissionais da Educação e Atendimento a Pessoa Surda (CAS), e Centro Estadual de Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceada).
Nágila destacou a importância do Seminário como forma de conhecer dos estudantes surdos as observações sobre o atual modelo de educação inclusiva, bem como as necessidades de possíveis mudanças. Ela citou que a idéia de escolas bilíngües está em debate no país e possui muitos adeptos em Mato Grosso, pelo fato de que grande parte surdos sentem dificuldades em acompanhar o processo de ensino das escolas regulares.
“Nesse sentido estamos discutindo na Câmara Básica do Conselho Estadual de Educação (CEE) uma resolução para que os professores também tenham formação em Libras. Isso porque o atual modelo de escola inclusiva com o professor regente em sala de aula, tendo o apoio de interpretes ouvintes, não tem atendido a necessidade formativa dos surdos. Por exemplo, a forma como a língua portuguesa é ensinada aos surdos da mesma forma que ensina-se aos ouvintes dificulta o aprendizado, porque a compreensão obtida pelos deficientes por meio da Libras é diferente da compreensão dos demais”, explicou.
Em palestra ela também apresentou as ações realizadas pela Seduc nos últimos anos, entrre elas a criação do Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (Casies). Atualmente, o centro reúne 110 profissionais que ofertam cursos de formação em Libras durante o ano para educadores e interessados em atuar como intérpretes, além de formação para professores surdos; e a efetivação e manutenção de 399 salas de recursos multifuncionais nas unidades de ensino.
Avaliação
A deficiente auditiva, que atua como instrutora de Libras na Escola Estadual Fenelon Müller, na capital, Kamila Cristhine Fonseca Silva, de 26 anos, conta que é a primeira vez que participa de um evento estadual sobre discussão da educação para deficientes auditivos. Ela declarou achar válida a discussão por se tratar de momentos importantes de aprendizagem.
“É muito importante entendermos as políticas públicas de ensino para nós surdos. Aqui teremos a oportunidade de dizer o que gostamos e o que queremos que mude”, afirmou.
Nesse sentido, a técnica da Gerência, Luzinete Almeida da Silveira, citou que as propostas apresentadas no Seminário irão compor as propostas de políticas públicas específicas para a Educação de Surdos de Mato Grosso.
“Além da resolução que está em debate no CEE, a intenção é estabelecermos as políticas para essa área da educação que serão aplicadas pelo Estado”, relatou.
Conforme o último censo populacional do IBGE, Mato Grosso possui cerca de 100 mil deficientes auditivos. Destes, 12 mil são atendidos pela Educação Estadual e entidades conveniadas (filantrópicas).
“O nosso desafio está posto: atender mais pessoas e com cada vez mais qualidade”, finalizou Nágila.