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Sem receber salários, médicos e demais funcionários do São Luiz ameaçam parar
Por Sinézio Alcântara
23/11/2020 - 16:21

Foto: arquivo
"Fala do prefeito causa estranheza, uma vez que o  município nõ contribui com nenhum recurso financeiro para que a Unidade realiza atendimentos do SUS", diz Pró Saúde em nota (vela no final da matéria)
 
 
 
Antes referência em saúde pública na região Oeste do Estado, hoje o Hospital São Luiz, em Cáceres, é o retrato fiel do abandono. Em plena pandemia, com centenas de infectados e mais de 100 mortes, o hospital fechou a ala de atendimento para tratamento pacientes de Covid-19.

Faltam equipamentos de trabalho para os profissionais de saúde e medicamentos básicos como Buscopan, Dipirona, Dramin, entre outros. Os salários dos médicos estão atrasados há mais de 6 meses e os dos funcionários há dois. Funcionários afirmam que não existem sequer copos descartáveis.

“Infelizmente foi instalado o caos em nosso hospital” lamenta uma antiga enfermeira que não se identifica, segundo ela, para evitar represália. “Se não houver uma interferência do governo estadual ou federal o hospital certamente terá que fechar” prevê um médico sob anonimato.
 
“É até vergonhoso dizer isso. Mas, é a realidade: infelizmente, temos colegas que estão passando necessidade. O salário está atrasado, o vale alimentação, que antes socorria, não está saindo há três meses. E, além disso, não existe sequer previsão do pagamento do13º salário” reclama um enfermeiro.

A direção do Hospital Regional confirma que os pacientes de coronavirus  estão recebendo tratamento na unidade porque o hospital São Luiz fechou a ala de Covid. A Secretaria Municipal de Saúde admite que constantemente faz empréstimo de medicamentos e até equipamentos para o São Luiz.

O prefeito Francis Maris Cruz, articula uma intervenção estadual ou federal para evitar o fechamento do hospital. Ainda hoje ele estará mantendo contatos com representantes dos governos estadual e federal, no sentido de viabilizar a proposta.

“Está claro que essa empresa não dá conta de manter o hospital. Essa situação de penúria já se arrasta há vários meses. E, no final quem paga o pato é a população. Se não houver uma intervenção estadual ou federal, certamente, o hospital baixará as portas”.
 
            A direção da empresa Pró-Saúde que administra o São Luiz atribui a situação caótica ao governo do Estado. Em Nota a empresa disse que: 
 
“O Hospital São Luiz informa que aguarda o recebimento de repasse para equacionar parte de seus débitos junto aos colaboradores, prestadores de serviço e fornecedores. A unidade informa que segue buscando junto aos seus credores soluções para superar esse período de dificuldade, agravado pelas consequências da pandemia do novo coronavírus”.

Por outro lado, em Nota a Secretaria de Estado de Saúde (SES) esclarece que “os repasses para o Hospital São Luiz – unidade contratualizada pela gestão estadual – estão regulares até o mês de julho de 2020. O mês de agosto será pago na próxima semana. Os pagamentos relativos a setembro e outubro de 2020 dependem da documentação a ser enviada pela própria unidade hospitalar, que fundamenta a efetivação do repasse.
 
Pró Saúde se posiciona sobre situação exposta:
 
NOTA À IMPRENSA
 
O Hospital São Luiz informa quer causou surpresa a declaração do prefeito Francis Maris Cruz, uma vez que a Prefeitura de Cáceres não contribui com nenhum recurso financeiro para que a unidade realize atendimento a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), em especial gestantes com risco habitual ou alto risco.
 
Conforme noticiou a imprensa, a Prefeitura de Cáceres, por decisão do prefeito, não integra CISOMT (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Mato Grosso). Ou seja, o atendimento SUS realizado pelo Hospital São Luiz recebe repasses somente dos governos Estadual e Federal.
 
Porém, esses recursos — que muitas vezes demoram 90 dias para serem efetivamente repassados — não cobrem as despesas dos serviços contratualizados. Por exemplo: o pagamento de serviços médicos consumiu 90% do total de repasses que o hospital recebeu, desde maio, para atender a pacientes com covid-19. Vale lembrar que, até julho, o São Luiz foi a única unidade de saúde do município a atender casos leves e graves de Covid-19. Este serviço, continua sendo feito até o dia 27/11/20, conforme o contrato.
 
Sobre os medicamentos Buscopan, Dipirona e Dramim, citados na reportagem, o Hospital São Luiz informa que os estoques estão regulares. Portanto, a informação sobre a falta desses medicamentos não procede.
 
Assim como não procede a informação sobre atraso de seis meses no pagamento da prestação de serviços médicos. Este pagamento é feito conforme a entrada de receitas. Atualmente, o descompasso é de apenas um mês. Até o dia 25/11, o São Luiz realiza o pagamento da Folha de outubro e parte dos valores em aberto relativo ao Vale Alimentação.
 
Vale ressaltar que, mesmo diante da crise agravada pela pandemia, que impediu a realização de exames e procedimentos em pacientes eletivos, diminuindo a receita em aproximadamente R$ 9 milhões até o momento, o São Luiz informa que tem conseguido superar as dificuldades para manter o atendimento.
 
O esforço sempre foi — e continuará sendo — alcançar o equilíbrio financeiro para seguir avançando na melhoria dos serviços de saúde para a população de Cáceres e região.
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