Diversas iniciativas que concorreram ao Prêmio Viva têm caráter pessoal como motivador para o seu surgimento. É o caso do Projeto Mudar o Mundo, criado pela cacerense Veronique Alves Ribeiro (38 anos). Ele surgiu da ressignificação dos traumas sofridos por ela, relacionados a abusos na infância e também da exploração sexual na adolescência. “Eu lembro que, em fevereiro de 2005, quando morava na Bolívia, minha vida se resumia a drogas ilícitas, prostituição e vicio em jogos", conta. Foi então que, "passou por uma experiência transformadora com Deus", conta.
Após esta experiência surgiu o Projeto Mudar o Mundo, junto às atividades da Comunidade Evangélica que frequentava. A missão do projeto é ajudar a construir um mundo onde mulheres e meninas que sofreram abuso ou qualquer outra forma de violência, tenham uma vida plena e livre de traumas. As atividades iniciaram nas células evangelísticas, estendendo-se para escolas, professores, profissionais da rede, igrejas, dentre outros.
“Sempre que eu levava o meu depoimento, surgiam meninas e mulheres que nunca conseguiram abrir para alguém situações de abusos que já haviam sofrido para buscarem ajuda. Ao entenderem que esses traumas perduram por toda a vida, e observando que não são as únicas e que é possível vencer, muitas mulheres e meninas foram encaminhadas para grupos de apoio, atendimento psicológico, escuta ativa e até mesmo formalizando denúncias”.
O Projeto Mudar o Mundo existe há cerca de 10 anos e não parou nem mesmo por causa da crise sanitária causada pela Covid-19: "Acredito que ficou ainda mais necessário atuar nesse período, porque precisamos encorajar as pessoas a buscarem ajuda, encorajar meninas a denunciarem", conta. “Fiquei limitada a ir para as escolas, como era o projeto antes, mas continuamos atendendo pelo telefone”. Tanto que recebi várias denúncias sobre situações de abuso, tanto no ambiente doméstico quanto em ambientes religiosos.
Neste ano, ganhou o 3º título de Embaixadora pela causa pelo enfrentamento a violência contra meninas e mulheres pelo Instituto Avon, e tornou-se finalista do Prêmio Viva 2020 da Revista Marie Claire.
A atriz Luisa Brunet na noite desta segunda-feira (23) subiu ao palco para anunciar o nome da vencedora na categoria que homenageia Revendedoras Avon. "Esse prêmio é muito importante porque dá visibilidade a muitas mulheres, mas também para as que estão invisíveis hoje, para que a gente fortaleça essas mulheres. É muito importante darmos as mãos, fortalecer as mulheres para que saiam da violência doméstica", defendeu a atriz.
Veronique Alves Ribeiro foi a vencedora na categoria por seu trabalho no Projeto Mudar o Mundo, que tem como foco despertar líderes e frequentadores de igrejas evangélicas para as questões do combate à violência contra a mulher.
“Acredito que quando nós, mulheres, descobrimos nosso potencial nos tornamos invencíveis. Estou muito feliz mesmo”, declarou. Ela concorreu ao lado de Pricília Vasques e Prescila Venâncio.