O narguilé se consolida como uma forma de socialização entre jovens de Mato Grosso. O Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso alerta os jovens sobre as substâncias tóxicas que o produto contém.
O presidente do CRF-MT, Iberê Ferreira da Silva Junior destaca que uma sessão de narguilé corresponde ao efeito de 100 cigarros. “É um produto altamente tóxico para o organismo. Ele injeta uma concentração maior dessas substâncias nocivas que ficam por mais tempo dentro do corpo”, diz.
Muitos jovens, no entanto, não se intimidam com os riscos. Das pessoas entrevistadas pelo CRF-MT, todas já usaram o narguilé e estavam cientes das ameaças a saúde.
A estudante Alessandra Gomes, 23 anos, disse que desde os 15 anos ela fuma com os amigos. “Curto narguilé não apenas pela sensação, mas por todo o resto que está envolvido, como por exemplo, estar junto com os amigos, jogar conversa fora, tudo isso fica mais divertido com o equipamento”, conta.
Já o farmacêutico, Helton Ferraz relata que perdeu um amigo nesta quinta-feira (04.02) por ele ser praticante do narguilé. “Meu amigo era muito jovem, ele teve a Covid, por conta de ele ser fumante o quadro piorou, ele foi entubado e não resistiu. Eu penso que a maior parte das pessoas que são fumantes sabem dos perigos que correm, já que na própria embalagem da essência está o alerta”.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os adeptos do cigarro normalmente terminam de fumar entre cinco e sete minutos, enquanto uma sessão de narguilé dura de 20 a 80 minutos. Isso corresponde a uma exposição aos componentes tóxicos presentes na fumaça de aproximadamente 100 cigarros. A queima do carvão também favorece a inalação de diversas substâncias cancerígenas, entre elas, o monóxido de carbono, potencializando a agressividade ao organismo.
O jornalista Gustavo Silveira, 28, faz parte da estatística, ele começou a fumar aos 17 por influência de amigos. Há um mês, decidiu abandonar o tabagismo. “Eu já não rendia tanto nas atividades físicas como antes e precisei abrir mão da corrida e do futebol por causa da falta de fôlego e do cansaço além do normal. Sei que vai levar um tempo para recuperar a saúde, mas fumaça no meu corpo? Nunca mais”, concluiu.
Para Helton, o governo também deveria proibir o uso de aromatizantes nas essências. "O sabor torna esse uso mais agradável e atrai mais jovens. Tudo isso, porque o cheiro é mais agradável. Fora que existem leis e proibição de uso para menores de idade que, pelo jeito não estão sendo cumpridas. Já vi até pais dando narguilé para os filhos. Precisa é acabar com esse mito de que o narguilé é mais seguro".
História do Narguile
De origem oriental, o narguilé é, de maneira simplificada, um cachimbo de água. O ar aquecido por carvão passa pelo fumo e resfria no líquido antes de ser aspirado e eliminado em seguida pelo usuário. O fumo, também conhecido como essência, é composto de tabaco e frutas ou aromatizantes.
O Ministério da Saúde informou estar alerta para o uso de narguilés por jovens. “Nós fazemos várias campanhas, justamente sobre os riscos do uso de narguilé. A intenção é desmistificar a ideia de que seu consumo é inofensivo”.
Iberê destaca que o uso de narguilé pode causar doenças respiratórias, coronarianas e alguns tipos de câncer, como o de pulmão, boca, bexiga e leucemia. “Além disso, pode ser uma forma de levar esses jovens para as drogas mais pesadas”.
Alerta
O tabaco é o único produto comercializado legalmente que mata dois terços dos seus usuários ou diminui significativamente sua expectativa de vida. Ele custa aos cofres públicos do país R$ 59,6 bilhões por ano para tratar doenças da dependência, segundo o Ministério da Saúde.