Eleito deputado federal com 52.335 votos, Doutor Leonardo acaba de assumir a coordenação da bancada de Mato Grosso no Congresso, substituindo o colega de Câmara dos Deputados Neri Geller (PP). Satisfeito com o respaldo dos outros sete deputados federais e dos três senadores, ele garante que não medirá esforços para responder ao desafio de articular os representes do Estado com todas as esferas do Poder Público.
Doutor Leonardo, que não abriu o voto nas eleições para a presidência da Câmara Federal, diz que não faz parte do Centrão e que as práticas políticas do bloco são rejeitadas pela população. Também garante que a CPI das Fake News, da qual faz parte como membro, não acabará em pizza.
Médico, ele considera que o Governo Bolsonaro errou muito ao politizar o coronavírus, mas que agora acerta ao entender a importância da vacinação. Por fim, pontua que acredita na Gestão Eliene Liberato e promete ajudar Cáceres com políticas para geração de emprego e renda. A coordenação da bancada não pode prejudicar suas articulações pensando na reeleição em 2022?
É um desafio. A coordenação traz algumas demandas a mais do que já tenho com o mandato. Agora, tenho que cuidar de demandas do Estado todo e dialogar com os 11 integrantes da bancada, fazendo a articulação dos outros deputados federais e dos senadores com o Governo Federal, Governo do Estado e sociedade. Estou preparado. Já cuido das questões inerentes ao mandato e das bases sempre pensando em Mato Grosso. Vou ampliar esse trabalho com a mesma equipe e sem ganhar mais por isso.
A imprensa noticiou a liberação de mais R$ 3 bilhões em emendas para garantir a vitória de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Mato Grosso vai se beneficiar desses recursos?
Mato Grosso vai receber emendas dentro da normalidade. O orçamento ainda nem foi votado. Eu não participei de nenhuma negociação neste sentido. Como coordenador da bancada, vou cobrar que Mato Grosso tenha tratamento privilegiado porque contribui muito com o PIB através do agronegócio. Queremos investimento em logística e em infraestrutura. Mas, nem eu, nem meu partido participamos dessa negociação de R$ 3 bilhões, se é que existiu.
O Centrão tem o “filme queimado” com a população. Como o senhor lida com isso?
Sou do centro. O Solidariedade não está no Centrão. Hoje, somos um partido de centro-direita, apesar da origem estar nas lutas trabalhistas. Somos de centro, muitos de centro-direita. Todos são respeitados internamente. Não participamos dessa negociação de R$ 3 bilhões, se é que existiu.
Em minha opinião, Centrão é um termo pejorativo para um grupo de partidos que faz acordos que a população não aceita.
Na sua avaliação enquanto médico, o Governo Federal soube lidar com a crise da Covid-19?
Sem dúvida, essa é a maior crise sanitária do século, já que a pandemia da gripe espanhola aconteceu há mais de 100 anos. Para piorar tudo, politizaram o vírus. O Governo Federal acertou e errou. O presidente Bolsonaro entrou em brigas pensando em 2022, prejudicou os avanços no combate a Covid-19, fez pronunciamentos desnecessários e promoveu confusões. Hoje, o mesmo Governo Federal que errou lá atrás, compreendeu a necessidade da vacinação. O que nos trás esperança é que entenderam é que vacina é única forma de retomar a economia e única forma de fazer com que as pessoas parem de morrer.
E a CPI das Fake News, que o senhor é membro, vai acabar em pizza como tantas outras?
A pandemia veio no momento da apresentação dos relatórios, que estão prontos para serem entregues à sociedade brasileira. Não vai acabar em pizza. Vamos propor legislações e mudanças. As empresas que ganham milhões no mundo virtual já tomaram providências que diminuíram o fluxo de notícias falsas nas redes. A CPI das Fake News vai ter resultados concretos, sim. Mas, a maior medida é a educação e acesso à informação pela imprensa formal, que trabalha com jornalistas sérios e responsáveis. Cito como exemplos sites como RDNews e outros que apuram as informações e têm compromisso com a veracidade dos fatos. Mas, muitas coisas ainda precisam mudar. Os planos das operadoras de telefonia, por exemplo, oferecem WhatsApp e Facebook de graça, onde as informações falsas mais circulam, mas não oferecem internet para acessar as plataformas de jornalismo.
O senhor é uma das esperanças da prefeita de Cáceres Eliene Liberato para ajudar o município. Como atender a expectativa?
Cáceres tem um grande número desempregados, pelo menos 13 mil. Como é uma cidade de fronteira, empobrecida, a população é alvo do aliciamento de narcotraficantes.
Junto com a prefeita Eliene, com a Câmara municipal e o Governo do Estado, buscamos investimentos que promovam geração de emprego e renda. Cito o turismo com a Orla do Porto e a atração de indústrias com a tão sonhada ZPE que, apesar de desacredita por muitos, está tendo ação do Estado. Também destinei emendas para os hospitais, para a Unemat, para a UFMT. Tudo isso impulsiona a economia local. Acredito muito na Gestão Eliene. Creio que Cáceres dará um salto nesses quatro anos.
Felipe de Albuquerque