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MORTE DE CHIQUITANOS: PF conclui inquérito; família lamenta
Por Bárbara Sá e Vitória Lopes | RDNews
13/07/2022 - 14:22

Foto: Rodinei Crescêncio/RDNEWS

A Polícia Federal finalizou inquérito que apura a morte de indígenas chiquitanos por policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), em agosto de 2020, ocorrida em uma fazenda na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. 

Conforme a investigação, foi concluído que houve possível confronto entre os policiais e os indígenas bolivianos, que culminou em quatro mortes.

A família das vítimas lamenta o resultado das investigações.

Entre as vítimas estão, Arsino Sunbre García, de 53 anos, Pablo Pedraza, 38, Yona Pedraza Tosube, 26, e Ezequiel Pedraza Tosube.

O suposto conflito aconteceu nas proximidades do município de Cáceres (a 219 km de Cuiabá), exatamente na divisa entre os dois países.

Segundo investigações, os homens receberam  29 tiros, sendo 27 tiros dados com fuzil 556 e 7,62 e outros dois com uma pistola .40. 

As marcas ficaram cravadas praticamente em uma única árvore situada dentro da Fazenda São Luiz, cerca de 10 km da comunidade de chiquitanos, San José de La Frontera, em San Matías, na Bolívia.

A ação policial durou cerca de 4 horas.

De acordo com o inquérito, o laudo pericial deu plausibilidade à tese de legítima defesa. A perícia constatou a presença de marcas de tiros na direção em que estavam os investigados, demonstrando um possível confronto.

Os vestígios indicaram ser compatíveis com as armas utilizadas pelos chiquitanos, em comparação com as informações do boletim de ocorrência feito na data do fato.

Ainda de acordo com a perícia, as armas apreendidas em posse das vítimas indicaram deflagração de munições.

O exame de necropsia dos corpos ainda apontou que não houve tortura antes das vítimas serem atingidas pelos tiros. O Ministério Público Federal (MPF) pediu o arquivamento do caso por insuficiência de provas.

Agora, o inquérito está concluso e segue para decisão da Justiça.

Família contesta

Os homens eram todos membros da mesma família.

Melania Pedraza Chore é irmã, cunhada, tia e madrinha das vítimas.

Ela lamenta a conclusão e arquivamento do inquérito, mas diz confiar na justiça divina.

“Eu estou com Deus, a gente está com Deus, tenho muita fé em Deus. Porque aqui na terra a gente perde, na justiça dos homens, a gente perde. Mas com Deus, não. E a gente está com deus, tenho muita fé”, diz.

A família contesta a versão da polícia.

Segundo afirma, eles haviam saído para caçar em uma propriedade rural próximo da comunidade de chiquitanos San José de La Frontera, em San Matías, na Bolívia.

O local faz fronteira com Cáceres.

Eles alegam que o grupo tinha costume e autorização de entrar no local. Eles levavam “na bagagem” uma espingarda calibre 22, um facão, uma foice e mochilas com água, além de quatro cachorros.

Conforme a família, quando já estavam na fazenda, os homens acabaram se deparando com policiais do Gefron e foram suspostamente confundidos com traficantes e mortos.

Versão da polícia

No boletim de ocorrência, os militares relataram que, ao chegar na propriedade, encontraram nove pessoas e não quatro.

Afirmam ainda que só os abordaram porque o bando correu para uma região de mata “carregando sacos com drogas”.

No dia 11 de fevereiro de 2021, o foi até à comunidade dos chiquitanos, localizada há cerca de 80 km de Cáceres, para acompanhar o caso.

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