Membro da Associação de Pousadas e Hotéis de Cáceres (ASPHOC), o empresário Tarcisio Carlos Paulino, do Hotel Porto Belo, confirmou que a rede hoteleira do município, que incluiu os barcos hotéis, terá aproximadamente 1500 leitos disponíveis para os turistas que forem participar do 40º Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIP) que acontece de 4 a 9 de julho.
Ele explica que este ano os visitantes vão poder desfrutar das melhorias e ampliações feitas nos hotéis da cidade.
Além das vagas disponíveis na rede hoteleira, ainda há diversas casas, disponíveis para locação para a temporada.
Segundo Tarcisio, para atender a demanda para o evento, os empresários do setor investiram na melhoria da infra-estrutura e na qualificação da mão-de-obra.
Ainda de acordo com Tarcisio Paulino, Cáceres tem 28 barco-hotéis e 20 hotéis e pousadas de vários portes e capacidade.
O lançamento da programação do FIPe está prevista para o dia 2 de junho.
HISTÓRIA
O modesto Festival do Peixe, que se tornou o maior evento do gênero no mundo. Feliz coincidência tem como palco o berço do maior santuário ecológico do planeta: O Pantanal Mato-grossense.
Tudo começou no de 1979, quando o técnico em eletrônica Aderbal Michelis (in memorian), em visita a cidade de Barra do Bugres, onde prestava assistência a torre de televisão e rádio amadores, visualizou o cartaz com a publicidade de uma gincana de pesca. A gincana era organizada pela prefeitura e coordenada pelo Adelino Ferreira (Pirangueiro).
Apaixonado pela pesca, Aderbal ao inscrever sua equipe composta por ele, seu pai Bertolino Michelis (in memorian) e seu filho Adilson Michelis, que na oportunidade foi impedido de participar por ter apenas 13 anos de idade, embarcando em seu lugar o jornalista do Correio Cacerense Luizmar Faquini, fato esse que gerou revolta em Aderbal. Após participarem do festival e Aderbal selar amizade com Adelino Ferreira (Pirangueiro), resolveram trazer a ideia para Cáceres.
Para Aderbal e Adelino, amantes da pesca, não foi difícil despertar no então prefeito Ivo Scaff o entusiasmo pela ideia. Assim no ano de 1980 nascia o Festival do Peixe em Cáceres, com apoio irrestrito do prefeito Ivo Scaff, determinação dos pescadores de carteirinha Aderbal Michelis e Adelino Pirangueiro e apoio do comércio e amigos.
Participaram da primeiro Festival 72 pessoas na categoria pesca embarcada e 55 na categoria infantil. Naquele ano a prova de pesca durou 12 horas, não tendo área delimitada, tendo sido capturado 123 kg de pescado, que foram preparados e servidos no jantar de confraternização entre os participantes.
No 2º campeonato, em 1981, o evento começou a ganhar divulgação e receber visitantes de outros Estados, sendo capturado por Aderbal Michelis um jaú de 37 quilos.
A partir de 1982 o evento passou a chamar-se Torneio Internacional de Pesca, por já contar com a participação de equipes do Exterior. Assim a cada ano o número de participantes foi crescendo.
Em 1984 e 1985, várias implementações surgiram, passando o torneio a fazer parte do CBPDS - Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos, que estabeleceu as regras oficiais da Confederação Brasileira de Pesca. Nesses dois anos as provas foram realizados com o tempo de 24 horas, atingindo grande número de participantes.
No ano de 1985, a CBPDS confere a esposa de Aderbal, Orfélia Michelis (in memorian) o título de Coordenadora Oficial do Torneio e representante da Confederação em Cáceres. Também neste ano, Aderbal recebe a homenagem de Patrono do Torneio.
O tornei já solidificado começou a ganhar patrocinadores, como o Banco Itaú. E o evento ganha novas inovações sendo inscrita a primeira equipe composta somente por mulheres, e pioneiras por coincidência ou não, duas integrantes filhas de Aderbal, Rosane e Triana Michelis e a amiga Simone Valéria do Amaral, substituída um ano depois pela sobrinha de Aderbal Marimar.
O resultado dos esforços aliados a inovações implantadas ao longo dos anos de forma ininterrupta, buscando principalmente a organização e a seriedade, credenciaram o município a convite da CBPDS a sediar em 1992, o Campeonato Brasileiro de Pesca, onde a equipe formada por Rosane, Triana e Marimar Michelis consagraram-se campeãs, tornando-se o primeiro trio feminino a vencer um campeonato de pesca em água doce no Brasil. Nesse mesmo ano o torneio passa a fazer parte do Guinnes Book, Livro dos Recordes, com a participação de 190 embarcações, conduzindo equipes com três pescadores cada, nas categorias feminina e masculina.
O evento ganha repercussão dentro e fora do Brasil e mostra o potencial turísticos de uma das regiões do Pantanal Mato-grossense.
Em 1993, o torneio passa oficialmente a chamar Festival Internacional de Pesca, desvinculando-se da Confederação Nacional de Pesca, o que possibilitou mudanças nas regras, entre elas a valorização do peixe nobre e não somente do quilo. A partir desse ano passa a ser sorteado o local da pesca, anunciado apenas na hora da largada dos barcos, como acontece até hoje.
A preservação da fauna ictiológica passa a ser mais observada. Cada peixe fisgado é pesado, não estando dentro das medidas é devolvido ao rio, e os capturados dentro da medida eram doados a entidades filantrópicas.
A partir de 1997, visando a preservação das espécies de peixes no Rio Paraguai, a comissão organizadora implantou o Pesque-Solte e todos os peixes capturados após pesados e medidos passaram a ser devolvidos ao rio com vida. No ano de 1998, o Festival recebeu equipes da Bolívia, Estados Unidos, França, México e Itália, também nesse ano foi implantado o tagueamento, técnica de marcar os peixes capturados com o objetivo de identificar e pesquisar o peixe caso novamente capturado.
Em 2000 o FIPe inova com oficinas públicas de artesanato, dança de salão, cerâmica entre outras. Neste ano foram 2.912 pescadores, sendo 1502 crianças/adolescentes e 1410 adultos, somando 470 equipes. Em 2001 devido ao baixo nível do rio, foram limitadas o número de inscrições para 400 equipes e permitiu o uso de embarcações com motor até 130 HP. E a prova infantil e juvenil foi limitada a 1.200 participantes.
E assim vem caminhando ano a ano chegando em sua 40ª Edição, com campanha mais acirrada visando a conservação do Rio Paraguai e seus afluentes.
O Festival do Peixe idealizado a principio por Aderbal Michelis e Adelino Pirangueiro, ganhou corpo, tornou-se um grande evento, reconhecido internacionalmente. Desde a sua origem, a cada ano o Festival realizado pela Prefeitura de Cáceres, tornou-se um forte incremento do turismo na cidade conhecida como Princesinha do Paraguai.
O FIPe foi e continua sendo notícia em muitos jornais e revistas brasileiras e internacionais. O que nasceu pequeno, do sonho de um amante da pesca, é hoje o maior evento turístico de Mato Grosso.
Aderbal Michelis era um homem que lutava pela melhoria de Cáceres, sobretudo no campo do lazer e informação. Ele partiu em meados de 1985 e até hoje seu nome é lembrado durante o Festival de Pesca.