Decisão não foi resultado de pressão pontual, mas de anos de articulação coletiva
A recente tentativa de creditar a assinatura do decreto do Free Shop em Cáceres a uma pressão pontual sobre o governador Mauro Mendes tem gerado polêmica. A ideia de que um simples "cutucão" teria sido suficiente para destravar um processo tão complexo ignora o longo histórico de mobilização técnica, jurídica e institucional que envolveu diversos atores ao longo dos anos.
Até o momento, não há qualquer protocolo formal que comprove uma movimentação individual definitiva nesse sentido. Em contrapartida, existem documentos oficiais registrados junto ao Governo do Estado, demonstrando o trabalho conjunto de representantes da sociedade civil, do setor produtivo e de lideranças políticas municipais e estaduais.
Free Shop: uma conquista coletiva
Ao ser questionado sobre o andamento do projeto, um dos articuladores reforçou que a implementação do Free Shop em Cáceres é fruto de esforços coletivos. “Esse é um trabalho compartilhado, envolvendo nomes como Engenheiro Nakato, ex-vereador Lacerda do Aki, o saudoso deputado estadual Silvio Fávero, deputado federal José Medeiros, Irajá Lacerda, Félix da Contatus, Tatto Giraldelli, Heloísio da FIEMT, a prefeita Eliene Liberato, o ex-presidente da Câmara Luís Landim e tantos outros que contribuíram direta ou indiretamente”, afirmou.
Além de lideranças individuais, diversas instituições também têm papel essencial no avanço da proposta, como ACEC, CDL Cáceres, FIEMT, FACMAT, FECOMÉRCIO, SINDUSCOM, OAB Cáceres, FAMATO, Câmara Municipal de Cáceres, Maçonaria e outras entidades que fortalecem o desenvolvimento econômico da cidade e da região. Todo esse esforço está formalmente documentado no PROTOCOLO SEFAZ – PRO – 2023/05024.
Unemat e a importância do suporte acadêmico
A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) também teve papel crucial nesse processo, especialmente com os estudos do curso de História, que analisaram a dinâmica das cidades gêmeas Cáceres e San Matías. No entanto, transformar pesquisas acadêmicas em política pública demanda muito mais do que teoria: é necessária uma articulação robusta entre o setor público e privado, além de mobilização política e jurídica — elementos que foram construídos ao longo dos últimos anos.
Desenvolvimento requer união, não divisão
Outro ponto de discussão é a tentativa de polarizar o debate, contrapondo Cáceres à chamada “cuiabania”. Essa divisão artificial não contribui para avanços concretos e pode prejudicar a interlocução necessária com os centros de decisão política.
O desenvolvimento da região de fronteira é de interesse para todo o estado. Portanto, o caminho deve ser o da diplomacia e do pragmatismo, e não da rivalidade regional.
Conquistas exigem trabalho, não discursos
Caso seja assinado, o decreto que regulamenta o Free Shop em Cáceres será o resultado de um trabalho de articulação que envolveu múltiplas instâncias e interesses. Não há espaço para soluções simplistas: políticas públicas sérias exigem planejamento, esforço conjunto e compromisso real com o interesse coletivo.