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Senado aprova porte de arma para mulheres sob medida protetiva de urgência
Por Primeira Página
11/04/2025 - 14:39

Foto: reprodução

Proposta permite posse e porte a partir dos 18 anos e visa reforçar proteção contra agressores

 

 

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (9), o Projeto de Lei nº 3.272/2024, que autoriza o porte temporário de arma de fogo para mulheres que estejam sob medida protetiva de urgência. A proposta segue agora para análise da Comissão de Segurança Pública (CSP).

De autoria da senadora Rosana Martinelli (PL-MT), ex-prefeita de Sinop (503 km de Cuiabá), o projeto permite a aquisição, posse e porte de arma de fogo por mulheres a partir dos 18 anos, desde que estejam amparadas por medida protetiva.

Nos demais casos, a idade mínima permanece em 25 anos, conforme sugestão do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), acatada pelo relator, senador Magno Malta (PL-ES).

O texto foi aprovado com parecer favorável de Malta, na forma de um substitutivo, mantendo as exigências do Estatuto do Desarmamento. Entre os critérios, estão a comprovação de aptidão técnica e psicológica para o manuseio da arma.

No relatório, Malta argumenta que o atual sistema de proteção ainda é insuficiente para garantir a segurança de mulheres ameaçadas por seus agressores. Para o relator, o projeto é uma tentativa de fortalecer a defesa pessoal das vítimas diante de falhas na rede de amparo.

“O simples fato de o agressor saber que a vítima pode estar armada pode levá-lo a reconsiderar antes de desrespeitar a medida protetiva”, afirmou o senador.

Entenda o que são medidas protetivas

As medidas protetivas de urgência são instrumentos legais, de natureza judicial ou administrativa, utilizados para proteger mulheres em situação de risco iminente, sobretudo em casos de violência doméstica ou familiar. Previstas na Lei Maria da Penha, elas buscam garantir a integridade física, psicológica e moral das vítimas.

Entre as ações previstas estão o afastamento do agressor do lar, proibição de contato com a vítima, suspensão do porte de armas, inclusão em programas de acolhimento ou proteção, e a fixação de pensão alimentícia provisória, entre outras medidas.

Violência contra a mulher em Mato Grosso

O avanço da proposta ocorre em um cenário alarmante: Mato Grosso lidera, em 2024, a taxa de feminicídios no país, com 1,23 mortes para cada 100 mil habitantes — quase o dobro da média nacional, que é de 0,68.

O estado já havia ocupado o topo do ranking em 2023, com 46 mulheres assassinadas. Em 2024, o número subiu para 47. As cidades com mais registros de feminicídios são Cuiabá, Sinop e Várzea Grande, com quatro casos cada.

Indicadores da violência e ações de enfrentamento

Os dados mostram um aumento na adoção de medidas legais e ações preventivas no estado:

Solicitações de medidas protetivas

  • 2025: 1.885 (até 11 de fevereiro)
  • 2024: 17.910
  • 2023: 16.834

Descumprimento de medidas protetivas

  • 2024: 3.171
  • 2023: 2.904

Acionamentos do botão do pânico

  • 2025: 45
  • 2024: 649
  • 2023: 556

Prisões por violência doméstica

  • 2024: 5.454 (sendo 582 por descumprimento de medidas protetivas)
  • 2023: 5.267 (sendo 598 por descumprimento de medidas protetivas)

Apesar dos avanços, Mato Grosso enfrenta obstáculos estruturais. Segundo relatório preliminar do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), cerca de 90% dos municípios não possuem uma Secretaria da Mulher ou órgão equivalente, o que dificulta a implementação efetiva de políticas públicas de proteção e acolhimento às vítimas.

 

 

 

 

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