Cáceres, 25 de agosto de 2025 – Em uma data duplamente significativa que ecoa fé, celebra a persistência de gerações e reverencia o padroeiro da cidade, a imponente Catedral São Luiz de Cáceres, Mato Grosso, completa hoje 60 anos de sua solene inauguração. Neste mesmo dia, a Diocese de São Luiz está em plenas festividades, celebrando o Dia de São Luiz, patrono de Cáceres e da própria Catedral, o que torna esta data ainda mais especial e marcante para toda a comunidade católica e cacerense.

Considerada um dos mais deslumbrantes cartões-postais da cidade, esta joia da arquitetura gótica é um testamento vivo da dedicação e do esforço de sua comunidade.

Embora sua inauguração oficial tenha ocorrido em 25 de agosto de 1965, a história da Catedral remonta a um período ainda mais distante. Em 1919, há 106 anos, a pedra fundamental foi lançada, marcando o pontapé inicial de um projeto grandioso que enfrentaria inúmeros desafios antes de se erguer majestoso no cenário cacerense.

A concepção da Catedral São Luiz é obra do engenheiro francês Leon Joseph Louis Mounier, que sonhava em construir um templo de estilo gótico, com três naves, duas torres frontais, 58 metros de comprimento e campanários de 48 metros de altura, imitando as grandiosas igrejas da Idade Média. O local escolhido, após a rejeição da ideia de construí-la no Largo da Jacobina (atual Praça Major João Carlos), foi a Praça Barão do Rio Branco, onde a antiga Igreja Matriz já não comportava a crescente população de fiéis.

A permuta da área da antiga igreja no Largo da Jacobina, requerida por Dom Luiz Maria Galibert, o primeiro bispo de Cáceres, e a aceitação do projeto pelo povo, mesmo diante do tamanho do investimento, marcaram os primeiros passos. Leon Mounier, convicto da importância da obra, chegou a prometer que assumiria o restante da despesa com seus próprios rendimentos, caso o povo de Cáceres não conseguisse arcar com tudo.

No entanto, a jornada foi árdua desde o início. A morte prematura de Leon Mounier, em 24 de outubro de 1919, apenas 18 dias após a solene benção e colocação da Pedra Fundamental (em 6 de outubro de 1919), foi a primeira grande dificuldade. A obra, ainda nos alicerces, perdeu seu visionário. A complexidade da arquitetura gótica, a dificuldade em encontrar materiais de qualidade, a escassez de técnicos e engenheiros competentes, e a crônica falta de dinheiro, foram fatores que contribuíram para a lentidão da construção, que se estendeu por décadas.

Um momento crítico ocorreu em 1949, quando o telhado e algumas colunas da catedral desmoronaram, levando o frei Severino Rouquette a fechar o canteiro de obras temporariamente.

A virada na história da construção da Catedral São Luiz veio com a chegada do então frei Máximo Biennès (Max André Paul Gaston Biennès), um francês de 34 anos, em 4 de setembro de 1955. Recém-nomeado Administrador Apostólico da Diocese São Luiz de Cáceres, Dom Máximo trazia consigo duas promessas ambiciosas: concluir as obras da Catedral e reabrir o colégio dos padres.

Foi sob sua liderança que a solução estrutural para o peso do telhado foi encontrada, graças ao arquiteto Benedito Calixto e ao engenheiro lituano Arnould M. Williuns, que propuseram grandes arcos de madeira para sustentação. Em um esforço notável, os pesados arcos foram sendo levantados, utilizando-se da madeira abundante e relativamente barata da região, transportada pelo próprio Monsenhor Máximo em seu caminhão F-3000. Outros colaboradores essenciais foram um carpinteiro, um pedreiro e o voluntário francês Claudio Vernhes.

Os frutos desse trabalho incansável começaram a ser colhidos em 1963, quando, na noite de Natal, a população encheu o santuário, já coberto pelos três primeiros arcos, para celebrar a missa, antecipando com alegria a inauguração. A obra progrediu, e a persistência garantiu que sempre houvesse recursos para pagar fornecedores e operários.

Antes mesmo da inauguração oficial, a Catedral já vivia momentos marcantes. Em 22 de julho de 1965, foi celebrado o primeiro casamento no templo, de Pedro Souza de Oliveira com Eunice Gomes. A noiva adentrou pela porta lateral da Rua 13 de Junho, pois a grandiosa porta principal ainda não havia sido instalada.

Finalmente, a aguardada notícia chegou em 1º de agosto de 1965, quando Monsenhor Máximo anunciou a data da inauguração. E assim, há exatamente 60 anos, em 25 de agosto de 1965, a Catedral São Luiz foi solenemente inaugurada. A cerimônia contou com a presença do arcebispo de Cuiabá, Dom Orlando Chaves, Monsenhor Máximo Biennés, diversos padres vindos da França, outros vigários da paróquia, e uma multidão de fiéis cacerenses, além de 130 seminaristas de Cuiabá que vieram especialmente para cantar.

Conforme descrito em Os 100 Anos da Construção Catedral: “Enfim, chega o tão aguardado dia 25 de agosto de 1965, quando, na presença do arcebispo de Cuiabá, Dom Orlando Chaves, Monsenhor Máximo Biennés, vários padres que vieram da França e outros vigários da paróquia, a Catedral São Luiz finalmente foi inaugurada.”

A Catedral São Luiz, com sua história rica e seu caráter singular, representa um elo profundo entre a igreja e a sociedade civil de Cáceres. Ela é o resultado do esforço conjunto de um povo, que, em sua etapa final, foi liderado com notável dedicação por Dom Máximo Biennès, cujo legado perdura e onde ele próprio encontra-se sepultado.

Em 2013, o cacerense Mariano Leal de Paula destacou uma interessante semelhança entre a Catedral São Luiz e a icônica Notre Dame de Paris, uma comparação que reforça a grandiosidade e a beleza arquitetônica do templo de Cáceres.

Em 25 de agosto de 2015, por ocasião do cinquentenário de sua inauguração, a Prefeitura de Cáceres, do então gestor Francis Maris Cruz e a Diocese de São Luiz celebraram a data com o lançamento de um Selo Postal comemorativo, estampando uma fotografia da igreja de 1973, registrada pelo saudoso fotógrafo Akio Kishi. A obliteração do selo na missa de Bodas de Ouro foi prestigiada por autoridades do município, por Pedro Souza de Oliveira, noivo do primeiro matrimônio celebrado na Catedral e por Dr. Jonel, um dos 130 seminaristas presentes na inauguração de 1965.

Na comemoração dos 50 anos da inauguração da Catedral, em 25/08/2015, o altar foi palco do lançamento do Sele comemorativo
Foto: Wilson Kishi

Hoje, sessenta anos após aquele dia memorável, e em meio às celebrações dos Festejos de São Luiz, a Catedral São Luiz continua magnífica, funcional e em perfeito estado de conservação, um verdadeiro testamento da fé, da resiliência e do amor de uma comunidade. Que este sexagésimo aniversário, em sintonia com a celebração do padroeiro, seja um lembrete perene da grandiosidade de sua história e do valor inestimável que ela representa para Cáceres.

Após outros tantos eventos já realizados desde 17 de agosto, a programação neste dia 25, do grande dia de São Luiz e do aniversário da Catedral, inicia cedo, às 7h, com a Missa com Militares, marcando também o Dia do Soldado, um tributo àqueles que zela pela segurança. À tarde, um dos momentos mais esperados é a Procissão de São Luiz, que inicia às 17h, seguida da solene Missa Campal na Praça Barão do Rio Branco. As celebrações neste dia serão conduzidas pelo Padre Jair Fante, encerrando a novena de São Luiz e encerrando a noite com o cacerense DJ Moreno.

Programação dos Festejos de São Luiz – Edição 2025