A Assembleia Legislativa de Mato Grosso está promovendo audiências públicas para debater os alarmantes índices de feminicídio e violência doméstica em Mato Grosso.
As audiências são iniciativa da deputada estadual Edna Sampaio (PT) e um dos municípios contemplados será Cáceres, onde o evento acontecerá no dia 18 de setembro, às 17h, na Câmara Municipal.
Somente entre janeiro e agosto de 2025, Mato Grosso registrou 37 feminicídios, de acordo com dados do Observatório Caliandra do Ministério Público Estadual (MPMT). Esse número representa quase 80% dos 47 casos contabilizados em todo o ano de 2024.
No ano passado, Mato Grosso alcançou a maior taxa estadual de feminicídios no Brasil, registrando aproximadamente 2,5 casos a cada 100 mil mulheres, conforme dados do Mapa da Segurança Pública 2024 do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
A parlamentar informou que as audiências visam enriquecer a discussão sobre o tema, com a participação de representantes de vários setores da sociedade e, principalmente, de mulheres diretamente atingidas pela violência. O objetivo é fortalecer os trabalhos das comissões na Casa de Leis.
Edna ressaltou a importância de investigar as causas primárias da violência contra a mulher para uma compreensão completa do problema. Ela enfatizou a necessidade de analisar a atuação do poder público na proteção feminina, identificando as omissões.
“Precisamos saber onde estão estes gargalos e resolvê-los para que possamos nos antecipar à violência. Não podemos focar apenas na questão da segurança pública, pois não se trata de um crime qualquer. É um crime político, onde o homem se coloca perante a mulher como ser superior, como proprietário daquele corpo”, destacou.
“Estamos diante de um problema estrutural causado por uma estrutura machista arraigada em nossa sociedade. As instituições, muitas vezes, são perpassadas por uma ideia, consciente ou inconsciente, de que as mulheres são cidadãs de segunda categoria, sub humanas. Embora representemos a maioria da população e do eleitorado, as pautas que realmente nos interessam são constantemente relegadas a segundo plano. Precisamos desconstruir esse machismo”, salientou.
Também houve audiência em Cuiabá, no dia 11 de setembro, e haverá em Rondonópolis, no próximo dia 15, na Câmara Municipal.